Éd Brambilla
Mergulhar no profundo do que se é e buscar o que verdadeiramente se quer, exige esforço de uma retidão precisa.
A sorte, muitas vezes, é de uma sordidez de dar nó na garganta. Ela é quem faz as escolhas, apesar de todo livre arbítrio que se julga ter.
A solidão mais triste é aquela que, mesmo cercado por uma multidão, habita na alma com uma inconsciente vontade do que se quer. E o invisível do que se quer prolonga-se em flagelo de punição.
... a crueldade do tempo consiste no fato de não voltar atrás. É uma regra necessária para que toda história não se torne repetitiva demais. Cada um que se preocupe em cuidar do próprio tempo.
Saudade tem gosto de restinho de mel no fundo do pote; dá até desespero jogar o pote fora; quem já fez acrobacias para lamber esse restinho de sonho, sabe do que estou falando.
Confiança tem gosto cítrico de fruta que precisa ser comida com cautela, como o abacaxi, que, quando comido além do necessário, machuca os lábios e faz sangrar.
A palavra verdade é pesada, tem gosto de metal frio; talvez seja essa a razão pela qual é tão temida, principalmente pelos mentirosos.
Experimentar o gosto do que é abstrato é um exercício de fé; e fé tem gosto de tudo o que é sagrado para cada um. Eu tenho fé.
A amizade é de essência flutuante, é um gosto que se capta no ar; não é fácil, há que se ter paladar apurado para saboreá-lo em diversas formas.
É mágico o amor em suas diversas facetas, assim como são facetas os momentos tantos em que sentimos necessidades quase surreais de expressão de entrega.
A mente pode ser o pior cárcere para um condenamento sutil: o corpo caminha livre para todas as direções, porém, por dentro, enxerga-se através de grades.
Muito do que ficou para trás não era importante, não encontrou verdade que lhe atestasse porque não era essencial.