E. M. Cioran
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Não são os males violentos que nos marcam, mas os males surdos, insistentes, toleráveis - aqueles que fazem parte de nossa rotina e nos minam meticulosamente, como o tempo.
A lisonja transforma uma pessoa de caráter em uma marionete, e, em um instante, sob a influência de sua doçura, os olhos mais vivos adquirem uma expressão bovina. Insinuando-se mais fundo que a doença, e alterando, ao mesmo tempo, as glândulas, as entranhas e o espírito, ela é a única arma de que dispomos para dominar os nossos semelhantes, para desmoralizá-los e corrompê-los.
(Silogismos da amargura)