Duprat
A vida e o tempo
Diante dos meus olhos, vejo o tempo passar cruelmente sem piedade. E quando percebo, o dia já foi e a noite chega fria e silenciosa, me mostrando que a vida é agora. Bem em frente ao espelho, ele: O tempo. Ali, me dizendo cara a cara que o relógio realmente está correndo. E como passa rápido! Tão rápido que não dá tempo de levar com ele as amarguras, as tristezas. Dores que chegam e que vão nos deixando num emaranhado de dúvidas , como se nada fôssemos, como se nada sonhássemos.
Mas ora! A vida é tão boa, porque a tristeza? Pensamos no que somos, no que poderíamos ser ou ter sido. Na verdade é que pensamos demais!
O que fazer com nossa bondade? Com nosso caráter e com tantas outras qualidades que possuímos? O que fazer com tanto amor diante da morte? Ela que vem sem avisar, que cancela nossos sonhos, que nos leva de repente para outro lugar sem nos deixar opção alguma. A idéia da morte nos assusta e não compreendemos porque não ter fim só o mal. A verdade é que tudo tem um fim e vivemos neste eterno conflito do que é, do que já foi e do que virá.
Ah, quem eu tenho para me ajudar a compreender o ciclo da vida?
Não penses que sou louca. Louca eu sou pela vida, mas ela teima em se mostrar imperfeita, porque ela realmente é.
Eu viajaria pelos mares mais distantes, se preciso fosse, e tentaria buscar um cantinho onde eu ficasse e a morte não me encontrasse. Que loucura! Que loucura! Não precisaria de mais nada se eu tivesse a ti para me dizer que serei eterna, só me bastaria uma ilusão, um abraço, um beijo encantado...
Quantas vezes eu sonharei antes da minha morte? Quantos beijos eu deixarei de dar e quantas paixões ainda sufocarei?
Não, não tente compreender a vida, apenas a viva! Sejamos fogo e água para que não percamos a lucidez.
Vamos acordar todos os dias cientes do tempo que não pára e nada faremos?
Assim é mesmo a vida, porque assim somos nós, que somos consequência de nós mesmos.