Dores Pungentes
Te desejo felicidade para seguir em tudo que quiseres. Desejo-te amor, para dar a uma mulher que mereça. Desejo te forças para seguir tua estrada. Enquanto ouço a chuva batendo na minha janela, vou terminando meu terceiro cigarro, e pensando em como às vezes as minhas palavras são vazias e mentirosas... Tudo o que eu quero, é saber o que há de errado comigo, o que há de tão complicado com meu infímo ser. Talvez essa seja uma questão sem respostas, "o que há dentro de mim?" "Quem entende meus sentimentos?" Não sei, acho que não há respostas, e deve bem assim, tem coisas que nunca devem ser respondidas, ou descobertas. Ah, se eu nunca tivesse amado! Ah, se eu nunca tivesse TE amado, poderia regorgizar-me dizendo "Oh, ser supremo, sou eu. Nunca descobri a dor de um amor" Mas não. Tinha que envolver sentimento. Agora, aqui estou eu, nesta cabana imaginária, com este cheiro de cigarro nas paredes, com o cheiro dos teus cabelos no meu travesseiro. Tua presença reina a casa, ela tão forte ainda que posso ouvir teus passos apressados na escada, posso sentir teus lábios macios dando-me um beijo de bom dia. São coisas absolutamente confusas, mas que de certo fazem todo um sentido. Mas, poucos que lêem o que eu escrevo, conseguem captar a alma do que eu realmente quis dizer. Admiro quem consiga fazer isso, admiro quem consegue tirar alguma idéia que tenha nexo nesse amontoado de palavras que só eu consigo entender. Repito, se não tivesse envolvido sentimos, não teria que escrever. Escrevo, escrevo pra não enlouquecer. Escrevo, para um dia enviar-te, sabendo, que jamais entenderás o que quero dizer. E lá se vai mais uma idéia de amor, um amor poeta, um amor digno de Shakespeare. Tu matas, tu matas e tu sempre matarás todas as minhas idéias, todas os amores poetas, mas pelo menos, tu tem o dom de dar-me inspiração pra escrever. Pelo isso, talvez seja essa a parte boa de ter envolvido amor nisso tudo.
Por onde anda minha calma? Por onde anda minha paciência? E minha criatividade? Para onde se esvaiu? Não tenho mais alma. Não tenho mais inteligência. O que nunca deixei levarem de mim, foi meu pobre coração. mas ora, quem iria querer esse resto de caco? Um coitado, que tanto já foi pisado, descartado, meu pobre coração. Hoje, encontra-se em pedaços, nessa longa estrada, perdi partes do meu coração, partes que nunca, nunca consegui reaver. Ah, meu pobre coração está tão destruído, tenho tanta pena dele. Tem noites, que o meu coração sente falta das partes que perdemos nesse caminho, então ele dói. Ele chora, ele chora com falta de cada parte que largamos sem perceber nessa longa estrada. Meu coração sente falta do carinho, um pedaço importante que perdemos. Meu coração sente falta da emoção, que tanto prezava! E que perdemos também. Meu coração sente falta daquela menininha boba que ele gostava de iludir. Ah, pobre coração, aquela menininha não aguentou, e morreu no caminho, e então, outra tomou seu lugar, uma menina fria, malvada, cheia de ruínas internas, sem sonhos, seca, mentalmente desequilibrada, mas que anseia por um amor. A menina é fria, porque ela foi magoada. Ela finje não ligar, mas ela liga. Ela finje não desconfiar, mas ela desconfia. Ela finje não se importar com as partes que seu coração deixou na estrada, mas, ah! Ah! Como ela se importa, como ela sente falta, como ela queria que a menininha ainda morasse dentro dela! A menina fria anseia amor, um amor que esquente por dentro. mas esse nunca vem, e menina fria sente-se frustrada. Sente-se mais frustrada ainda, ao ver o corpo ressequido da menininha na estrada. Deitada, ressecada de tantas lágrimas que derramou. Chorou tanto, que secou. Morreu de sede, uma chamada amor.
Eu não gosto do silêncio. Porque eu sinto como se estivesse completamente sozinha, inteiramente sem ninguém. Eu não gosto das horas, pois, na maioria das vezes, eu fico contando pra ver quanto tempo falta pra eu poder te ver de novo. Eu gosto de chuva. O barulho dela é algo acalmante, ao menos pra mim. É como se essa enxurrada levasse todos os meus problemas; E eu gosto de você, porque você sua voz não deixa o silêncio existir. Perto de você, não preciso ficar olhando as horas. E eu não preciso da chuva, porque quando você tá perto de mim, já não tenho mais problemas pra enxurrada levar.
Chego, abro a porta, sinto o cheiro das rosas do meu quintal. Chamo teu nome, só pelo costume, pois sei que ninguém vai responder. Hoje faz o quê? Um mês? Dois? Não sei. Não sei porque desde que tu fostes embora, o tempo pra mim é sempre uma eternidade, agora, vou tomar meu café, que em dias de felicidade, tomaria contigo. Nessa minha realidade paralela, nuncas fostes embora. Continuastes eternamente comigo, fazendo juras de amor sob uma lua brilhante. Ultimamente, venho pensando mais, venho chorando mais, venho vivendo menos. Em noites frias como esta, já terias fechado a janela. Mas, como não estás aqui, ela ficará aberta. Ficará aberta a tua volta, para que tu possas fechá-la, a teu modo. Meu coração? Meu coração continuará aberto, esperando tua volta. Oh, pobre coração. Continua anseiando tua volta, teus carinhos, tuas falsas palavras, para iludi-lo, e deixá-lo molhado de lágrimas de felicidade. Felicidade de um amor que possivelmente numa existiu. Ou existiu? Amei? Vivi? Sorri? Só contigo. Só contigo aprendi o que amar. Aprendi o que viver. Aprendi a sorrir. Um sorriso tão verdadeiro, banhado em palavras tão falsas. Se fostes embora, porque continuas aqui? Continuas aqui, assustando-me durante a noite, pois quando viro-me um vazio em minha cama está. Onde tu deverias está dormindo, está um vazio, um travesseiro, que não tem calor. Volta, anjo. Faz-me sorrir de novo, esquenta meu coração, molha-o com palavras de duvidosa realide, volta anjo, fecha minha janela, e fecha a porta do meu coração, que deixastes escancarada à tua saída. Volta, anjo, e faz-me de novo mulher feliz.
Não acredito que talvez seja possível ressuscitar pessoas que já morreram, pois quando alguém morre, o que resta são lembranças, não é? Pois é. Você morreu. E tudo o que ficou de você em mim, são lembranças.
Dói tanto quando eu vejo fotos antigas. Porque eu vou me lembrando de como e quando elas aconteceram. Fotos de viagens, de amigos, fotos suas. Fotos de quando eu era feliz, da época que eu vivia. Hoje? Hoje eu tô mais pra um cadáver ambulante com um sorriso ensaiado no rosto. Quando você se foi, você levou todas as minhas forças, meus sonhos. Porque tudo se resumia a nós, meus sonhos eram nossos sonhos. Minhas vontades, eram nossas vontades. Com os olhos cheios de lágrimas baixo os olhos para uma foto em questão, na foto, você tá me segurando no seus braços. E eu até posso ouvir a sua voz. Enquanto você me rodava você dizia “nada, nem ninguém vai magoar a minha menininha. Porque ela é só minha, e ninguém a ama mais do que eu” é. Aí hoje eu penso, “será, meu Deus? Será que o que ele dizia era verdade?” Não sei, vou continuar com meu cadáver vivo, e meu sorriso ensaiado, até que um dia alguém ouça minhas lágrimas e traga você de volta pra mim…
Escrevo como se você pudesse ver e entender cada palavra minha. Escrevo como se você realmente ligasse, escrevo na esperança de que você leia, se emocione e sinta absolutamente tudo o que eu sinto quando tô escrevendo, cada diálogo, cada texto, cada frase dizendo que eu te amo, e que eu sinto sua falta. O que eu escrevo, é o que eu realmente sinto, e na grande maioria das vezes eu não tenho coragem de dizer.
Nada tá dando certo. Eu vejo as outras pessoas se relacionando, sendo felizes, e eu aqui. Sozinha. Vejo você tão distante, tão mudado, tão frio, como se eu tivesse te feito um mal horrível. E será que eu fiz? Isso eu não sei, eu só sei que vida sem você, não é vida, é perda de tempo. Não aguento mais, não aguento mais ter que sustentar esse sorriso no rosto, quando na verdade o que eu mais quero é ficar sozinha e chorar, chorar como se minhas lágrimas pudessem curar toda e qualquer ferida que causa essa dor pungente no meu coração. Não, eu não quero mais ter que viver de aparências, e as pessoas continuarem achando que minha vida é boa. Não, minha vida é um lixo, eu sou um lixo, tudo é um lixo. E se você fizesse parte da minha vida, se você pudesse me abraçar, me beijar, como fazia antigamente, me dizendo que tudo iria ficar bem, eu aguentaria o peso do mundo sob minhas costas. Mas não, e eu nem tento. Porque eu sei que sem você, não dá.
Eu estou morrendo cada dia mais. Até que vai chegar um dia que eu não vou mais aguentar, e eu não sei o que vai ser de mim quando isso acontecer.
Um dia seremos só eu e você. Eu cuidando de você, e você cuidando de mim. Talvez aí eu descubra realmente o que é felicidade.
Gosto muito de observar. Ás vezes, saio por aí, caminhando com um bloco no bolso, só pra descrever a atmosfera em papel. Ás vezes um dia claro, com riscos de chuva. Um choro de bebê ecoa por toda uma praça. Uma menina que fuma um cigarro com medo de ser vista. Um garoto que provavelmente está com fome, e estuda a melhor forma de assaltar essa garota que fuma. Melhor sair daqui. Nessa outra rua, o movimento é diferente, as vozes dos vendedores confundem-se com sons de anúncios de lojas. Maravilhosamente enlouquecedor. Entro num bar, sento-me e começo a observar. Uma mulher que está furiosa por ter derrubado café na sua camiseta branca. Dois bêbados que riem da mulher. Um rapaz bem apessoado, que está sentado lá atrás, calado. Pela minha vã experiência, diria que ele não teve um dia bom. Provavelmente, brigou com a namorada, se ele tiver uma. Decido ir ao banheiro, chegando lá, observo meu reflexo no espelho, e comigo mesmo, penso "Se alguém fosse descrever-me, o que diria?" Voltei para o bar com a minha imagem na cabeça e comecei a escrever no bloco "Uma moça bem apessoada, parece ter uns 24 anos. Mas, apesar de sua pouca idade, parece bem sofrida. Seus olhos são fundos, como se não dormisse bem. Ela é agitada, pois está sempre olhando para os lados. Seus cabelos estão negros estão presos, e parece que ela não os cuida muito bem. Suas roupas parecem gastas, e ela tem uma expressão triste no rosto. Uma expressão de escritor, que tenta grafar seus sentimentos em papéis. Parece ser solitária, solteira, provavelmente" Surpreendi-me, com minha própria análise de mim mesma, mesmo achando que talvez eu tenha sido bondosa comigo mesma, pois creio que meu estado atual esteja bem pior do que o descrito.