Domenico Starnone
Eu me deixei estar. Em geral, diante de circunstâncias de difícil resolução, diminuo o ritmo e tento evitar movimentos em falso. Já ela, depois de um instante de perplexidade, mergulha de cabeça no assombro e luta com todas as forças.
Há uma distância que não pode ser medida em quilômetros ou mesmo em anos-luz; é a distância que nasce da mudança.
Sabe quando a gente sobre uma escada? Os pés vão um atrás do outro, como aprendemos desde crianças. Mas a alegria dos primeiros passos se perdeu. Ao crescer, nos modelamos segundo o andar dos nossos pais, dos irmãos mais velhos, das pessoas às quais somos ligados. As pernas agora avançam com base em hábitos adquiridos. E a atenção, a emoção, a felicidade do passo se perderam, assim como a singularidade do andar. Nos mexemos acreditando que o movimento das pernas é nosso, mas não é, uma pequena multidão sobe com a gente aqueles degraus, e a ela nos adequamos: a segurança das pernas é apenas o resultado do nosso conformismo. Ou se muda o passo e se recupera a alegria do início ou nos condenamos à normalidade mais cinzenta.