Dom Jaime Spengler
A vida dos justos está nas mãos de Deus... Justos são aqueles que se empenham para no cotidiano realizar o bem... São pessoas que em tudo buscam a boa medida. Medida boa que, sempre e de novo, precisa ser sondada, buscada, sopesada, rezada
A vida dos justos está nas mãos de Deus... Nas mãos de Deus está a existência de todos nós. Ele nos carrega sobre suas asas. Ele nos criou com dedos de artista. Somos originariamente ícones d’Ele. Mais ainda: n’Ele vivemos, nos movemos e existimos. As mãos que nos moldam e nos sustentam são as mãos de um Deus que é pai e mãe, e que também nos aguarda.
Sim, “irmã morte”. Irmã difícil de ser compreendida e integrada ao convívio humano. Ela está sempre nos recordando que podemos tanto, mas não podemos tudo! Do tanto que é nos dado na origem, a morte vai recolhendo, pouco a pouco, tudo. Uma coisa, porém, ela não nos tira: a saudade. Saudade diz de uma dor que fica entalada na garganta. Uma dor que faz o peito doer. A saudade é coisa bonita, mas dói. É a expressão de um querer bem, de amor... Nós sabemos: o amor é mais forte que a morte!
Morte, irmã difícil de ser compreendida e integrada ao convívio humano. Ela está sempre nos recordando que podemos tanto, mas não podemos tudo! Do tanto que é nos dado na origem, a morte vai recolhendo, pouco a pouco, tudo.
Educar é uma obra distinta e nobre, necessária e desafiadora, urgente e complexa. Educar requer determinação e clareza, disposição para acolher diferenças, potencialidades e fragilidades. Implica respeito por tradições e expressões culturais particulares e regionais
No processo educacional, há aspectos humanos que devem ser levados em consideração, tais como nível de desenvolvimento, maturidade, liberdade, motivação, postura, valores, ética, obediência e capacidades; disposição para aprender e ensinar, identidade pessoal e criatividade, hábitos e costumes.
Além disso, educação não pode ser determinada pelo grupo que está no poder; ela precisa ser uma política de Estado!
Somente uma nação que cuida de seus adolescentes e jovens fomentando estudo com qualidade, orientado por um corpo acadêmico qualificado e reconhecido, e escola acessível para todos poderá ser considerada desenvolvida.
O Brasil tem necessidade urgente de um mutirão em favor da educação. A educação formal tornou-se pobre. O tecnicismo intelectualista e ideologizado reduziu e empobreceu o ser humano. As consequências disso são perceptíveis no cotidiano!
Diante da comoção gerada, nestes dias, pelos atos de terror perpetrados em território francês, somos convidados a rejeitar veementemente toda forma de violência como solução dos problemas, a resistir à tentação do ódio e da vingança, a superar ideologias e fundamentalismos e a nos engajar em prol de uma sociedade marcada pela solidariedade, pela inclusão e pelo respeito às diferenças, à justiça e à paz.
Em tantas partes do mundo, há um clamor por maior segurança. Esta, porém, só será autenticamente possível quando houver suficiente coragem para eliminar as exclusões e desigualdades dentro da sociedade e entre nações e povos. Enquanto não se favorecer a igualdade de oportunidades para todos, o acesso de todos aos bens da natureza e o cultivo do respeito pela diferença, as várias formas de agressão, de violência e de guerra encontrarão terreno fértil.
Enquanto sociedades e governos lançarem à margem parte de seus membros e governados, não haverá poder político, exército ou serviços secretos que possam garantir a segurança e a paz para todos.
A violência a que assistimos ou sofremos é expressão de uma realidade social marcada pela falta de um projeto de nação, pela falta de ética em setores da sociedade, pelo descrédito nas instituições, pela falta de condições dignas e nobres de vida, pela banalização da vida humana. Já a violência produzida pelo terror pode ser expressão de ideologias e fanatismos de todo tipo, também do desespero de grupos e povos que não são respeitados e promovidos, da descrença na força do diálogo e do respeito mútuos...
Tanto os fundamentalismos quanto as ideologias são danosos à causa da paz. E o que mais desejamos é viver em paz!
O terrorismo é um modo de impor a própria vontade por meio de atos de terror. Ele emprega sistematicamente a violência para fins políticos, promovendo a desorganização da sociedade e desejando a tomada do poder. Diante da violência absurda por ele produzida, somos, mais uma vez, convocados a construir percursos de compreensão, diálogo franco e cidadania, fundados em valores comuns, base de toda a convivência pacífica.
LIMITE HUMANO – DOM JAIME SPENGLER
Qual o limite humano? Qual o limite do suportável pelo ser humano? Estas são questões importantes para quem se sente atingido por situações e contradições de todo tipo: violência, dependência química e virtual, corrupção, terrorismo, exaltação da subjetividade, promoção do conforto a todo custo, descaso com o meio ambiente, negação de Deus.
O atual estilo de vida, a atual cultura estão ligados ao saber e ao poder. Por esta concepção, tudo é visto como objeto de conhecimento e manipulação. Assim, o saber é compreendido e assumido como meio para chegar ao poder! Predomina o slogan: "saber é poder"!
Neste contexto, possibilidades de entender a realidade por meio das dimensões sapiencial, simbólica, mitológica, teológica e espiritual são desqualificadas e até ridicularizadas. O que importa é a racionalidade que tudo pretende manipular e dominar.
No entanto, por mais potentes que sejam as forças que regem a racionalidade, surgem sinais que revelam a fragilidade de tais forças. A racionalidade certamente tem valor, mas não se pode esquecer seus limites e os limites que ela impõe.
Um ser humano não é alguém que está sobre as coisas e sobre os outros, mas é alguém que está com as coisas e com os demais. O meio ambiente e a natureza não pertencem ao ser humano, antes é ele que lhes pertence e deles participam.
A pessoa humana é um ser em relação: consigo mesmo, com os demais, com o meio ambiente e com Deus.
Compreender o ser humano como imagem e semelhança de Deus impele a ver, pensar e compreendê-lo como filho de Deus e irmão de toda humana criatura. Neste sentido, a fé proporciona abertura para o grande Outro e, iluminando as relações com os outros e com a natureza, descortina a autêntica condição da racionalidade. Ela pode ser vista como profundamente humana, pois explicita o que há de mais humano no ser humano: reconhecer a capacidade de transcender-se, de sair de si, de ser mais, de superar limites; saber que pode tanto, mas não pode tudo!
Porque imagem e semelhança de Deus, o ser humano está continuamente criando, participa continuamente da obra da criação. Além disso, é convidado a jamais perder de vista a condição de filho de Deus e nela sempre crescer.
Neste contexto, qual é a missão do ser humano no mundo? Aquela de auxiliar na criação de um mundo mais humano, integrado e integrador; onde seja mais fácil amar e menos difícil a solidariedade, a fraternidade, a construção da paz e da justiça.
O cristão - sobretudo o intelectual cristão! - é convidado a viver a partir dos valores do Reino anunciado por Jesus Cristo. Mas não só! É também exortado a inspirar iniciativas que considerem a dignidade e o lugar de tudo o que existe na ordem do universo.
Infelizmente, o espírito dominante da época não favorece a integração humana do limite. De muitos modos o ser humano é induzido a desconsiderar os próprios limites e tudo o que o cerca. Tal situação tende a produzir desequilíbrios e enfermidades, como autonomias exacerbadas e/ou deprimidos de toda espécie.
A realidade humana é como um pântano que adere à pessoa e pode fazê-la afundar. Esta realidade dificulta ou torna muito trabalhosa a tarefa humana fundamental: alcançar o autoconhecimento e amar o que não se vê nem pode ser alcançado pela lente do microscópio, por ondas eletromagnéticas ou por imagens. Reconhecer e acolher o próprio limite propicia possibilidades de sua integração e superação.
No entanto, por mais potentes que sejam as forças que regem a racionalidade, surgem sinais que revelam a fragilidade de tais forças. A racionalidade certamente tem valor, mas não se pode esquecer seus limites e os limites que ela impõe.
Um ser humano não é alguém que está sobre as coisas e sobre os outros, mas é alguém que está com as coisas e com os demais. O meio ambiente e a natureza não pertencem ao ser humano, antes é ele que lhes pertence e deles participam.
Compreender o ser humano como imagem e semelhança de Deus impele a ver, pensar e compreendê-lo como filho de Deus e irmão de toda humana criatura. Neste sentido, a fé proporciona abertura para o grande Outro e, iluminando as relações com os outros e com a natureza, descortina a autêntica condição da racionalidade. Ela pode ser vista como profundamente humana, pois explicita o que há de mais humano no ser humano: reconhecer a capacidade de transcender-se, de sair de si, de ser mais, de superar limites; saber que pode tanto, mas não pode tudo!
Porque imagem e semelhança de Deus, o ser humano está continuamente criando, participa continuamente da obra da criação. Além disso, é convidado a jamais perder de vista a condição de filho de Deus e nela sempre crescer.
O cristão - sobretudo o intelectual cristão! - é convidado a viver a partir dos valores do Reino anunciado por Jesus Cristo. Mas não só! É também exortado a inspirar iniciativas que considerem a dignidade e o lugar de tudo o que existe na ordem do universo.
A realidade humana é como um pântano que adere à pessoa e pode fazê-la afundar. Esta realidade dificulta ou torna muito trabalhosa a tarefa humana fundamental: alcançar o autoconhecimento e amar o que não se vê nem pode ser alcançado pela lente do microscópio, por ondas eletromagnéticas ou por imagens. Reconhecer e acolher o próprio limite propicia possibilidades de sua integração e superação.
O Brasil vive um momento crítico de sua história. Sinais da corrupção arraigada em vários setores da sociedade estão vindo à tona com uma intensidade tal que envergonha a muitos.
Quem paga pela corrupção? "Certamente não quem paga o suborno. Na realidade, os pobres pagam pela corrupção, são os mártires da corrupção" (Papa Francisco).