Diomezio Almeida

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O Pássaro de Hermes

Voando livre pela escuridão
Séculos passei
Esperando ser à realidade de volta trazido
Por olhos da cor da lua

O sonho de uma noite
A prece de uma alma
O pássaro das sombras
Que ao infinito abre suas asas

O ilimitado horizonte
Que a mim nega passagem
Pois aqueles com coração de neve
São os únicos que a ele podem atravessar

“Não chore, belo pássaro.”
Diz-me o horizonte
“Os olhos que procura eu irei lhe dar”

Então o mar a mim sorriu
Transformando suas águas em mãos
Que as minhas seguraram e a
Minha alma hipnotizou

Mas que tolo fui
Ao no horizonte acreditar!
O mar minhas asas cortou
E em suas águas me jogou

Pelas correntes de gelo aprisionado
Desesperado, gritei
O mar de mim riu:
“Pobre pássaro tolo! A mim agora pertences!”

Ao mar chorei
E pela liberdade implorei
O mar a mim não deu ouvidos
E ao meu coração com barras de ferro trancou

Anos se passaram
Preso eu estava
Até que a mim sorrindo e libertando
Um estranho ser apareceu

“Quem és tu?”
Ao estranho perguntei
“Sou Hermes”
Ele respondeu

Minhas correntes por Hermes
Foram quebradas
Minha liberdade devia
Ao ser que me encontrara

“Como a ti posso agradecer?”
Hermes riu à minha pergunta ouvir
“Sejas meu, belo pássaro. Terás tua liberdade, mas a mim pertencerá”

Ao pedido eu acatei
E hoje, milênios após a armadilha do horizonte,
Ainda sou o que me tornei
No momento em que o mar deixei

Sou o pássaro de Hermes

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