Diogo Mainardi
"As páginas de cultura não forneceram um único assunto que valesse dez minutos de conversa despretensiosa, numa mesa de restaurante. O ambiente cultural se acostumou à ideia de que não tem nada de relevante para acrescentar à realidade. Esse papel passou a ser cumprido sobretudo pelos economistas, que cultivam o gosto pela polêmica e pelo paradoxo, gerando as melhores discussões na sociedade. Quanto à cultura, tornou-se um blefe."
(...)
Na hierarquia de Borat, Deus ocupa o primeiro lugar. Depois: o homem, o cavalo, o cachorro, a mulher, o rato e o inseto. Na hierarquia de Dilma Rousseff, Deus era um retardatário, mas durante a campanha eleitoral Ele foi empurrado rapidamente para a frente, ultrapassando até mesmo o inseto e o rato.
(...) Outubro de 2010, Revista VEJA, Trecho da Coluna, Borat Rousseff
Eu entendo perfeitamente o empenho dos brasileiros em deslatinizar a língua escrita. De certo modo, o latim representa tudo o que rejeitamos: os valores morais, o rigor poético, o conhecimento científico, o respeito às leis, a simetria das formas, o pensamento filosófico, a harmonia com o passado, o estudo religioso. Ele encarna todos os conceitos da cultura ocidental que conseguimos abandonar. Eliminando o C e o P de certas palavras, Portugal poderá se desgrudar da Europa e ancorar na terra dos tupinambás.