Dio Rocha
O grito, do Ipiranga ao Santa Rita...
Às Margens do Ipiranga, D. Pedro recebe uma carta vinda de Portugal onde, Segundo ela, as Cortes de Lisboa, baseadas "no despropósito e no despotismo" buscavam impor ao Brasil "um sistema de anarquia e escravidão. No dia sete de setembro, o príncipe recebeu as cartas às margens do Ipiranga e concluiu que era a hora de romper com a metrópole. Depois de ler, amassar e pisotear as cartas, D.Pedro montou "sua bela besta baia", cavalgou até o topo da colina e gritou à guarda de honra:
- Amigos, as cortes de Lisboa nos oprimem e querem nos escravizar... Deste dia em diante, nossas relações estão rompidas.
Após arrancar a insígnia portuguesa de seu uniforme, o príncipe sacou a espada e gritou: - Por meu sangue, por minha honra e por Deus: farei do Brasil um país livre.
Em seguida, erguendo-se nos estribos e alçando a espada, afirmou:
"Brasileiros, de hoje em diante nosso lema será: Independência ou morte". Eram 4 horas da tarde de 7 de setembro de 1822.
Desde esta data, 1822, quando se deu o grito de Independência, nosso país, passo a passo, foi jogado em um lamaçal de erros e podridão. As sentenças proferidas, onde se apoiara, são dignas de nota. POR MEU SANGUE. Nosso pais está hoje submerso num mar de sangue, onde notamos uma completa desvalorização da vida. Pessoas se matam e morrem por absolutamente nada. Numa saída de uma festa, em um jogo de futebol, dentro de um ônibus, no trânsito. Basta uma frase mal posta e, de repente, surge a fúria, a agressão. Nem mesmo a sacracidade familiar escapou desta violência. POR MINHA HONRA. Onde está a honra deste país? A começar pelas nossas autoridades? Onde as pessoas trabalhadoras não conseguem um lugar para descansarem suas cabeças. Quando compram algum bem, à preço de suor, mal conseguem pagar os impostos do que adquiriu. Ligamos a televisão e vemos representante deste mesmo povo morando em um castelo! Os magnatas de colarinho branco tiram dinheiro de velhos e crianças e não vão presos. E quando são aprisionados, contratam um bom psicólogo, psiquiatra, neurologista, e providencia-se um laudo de insanidade mental. Pronto! Estão em seus castelos e com tudo que subtraíram. Há certas castas de políticos e poderosos que compram pessoas ou as pressionam para que se vendam por mil tijolos, um uniforme do time da vila, um piso, uma laje, até mesmo por uma cesta básica.
EU FAREI DO BRASIL UM PAIS LIVRE. Liberdade é uma grande utopia neste país. A cada dia que passa, descubro que somos escravos do analfabetismo, somos escravos da fome e do trabalho explorativo de menores, somos escravos da burocracia do sistema, somos escravos dos traficantes e ladrões, somos escravos de uma minoria que tem dinheiro e poder, somos escravos dos que detém o saber, somos escravos das pseudo-religiões que tentam nos vender um pedacinho do céu, somos escravos de hospitais e postos de saúde que, às vezes, nos tratam como subprodutos, como escória social, que nos consideram como estatística. O último, a quem D. Pedro pediu ajuda foi POR DEUS. Talvez a única frase que podemos ter esperança de D. Pedro, seja esta mesmo! Do jeito que as coisas andam, só mesmo por Deus. Fico preocupado quando vejo um maluco com sua espada desembainhada perto de algum rio montado em seu animal, mesmo que seja às margens do Ribeirão Santa Rita.
AJUDE A SI MESMO
Uma das expressões mais trágica em qualquer língua é a expressão ALGUM DIA. Ela carrega, em seu bojo, pensamentos e sentimentos negativos e derrotistas. É a síntese de toda esperança e sonhos não realizados dessa geração corrompida, alienada, transviada, que está às margens do ideal esperado. Consigo ouvir um drogadito, um alcoolista dizendo que Algum dia se livrará deste mal hábito! Algum dia acordará desta detestável vida que está mergulhado e tudo isto não passará de um grande pesadelo. Ouço o jovem e adultos solitários fernandopolenses dizendo pelos cantos sombrios de suas tacanhas vidas que Algum dia o amor vai entrar em suas vidas, e expulsar a tristeza! Que sua alegria não será movida por uma noite de balada apenas. Que encontrarão o grande amor de suas vidas. Ouço aquele que foi abandonado e traído, falando que Algum dia encontrará uma pessoa digna de sua confiança e, só assim, voltará a confiar e se entregar, sem reservas! Falam que Algum dia passará esse sentimento de rejeição. Escuto uma pessoa presa a um namoro, a um noivado, ou um casamento sem amor e, aparentemente, sem esperança, dizendo que Algum dia, de algum jeito, vai achar uma saída! Algum dia encontrará o que está procurando! Sabe que lá fora existe felicidade e satisfação. Algum dia vai ficar livre para seguir seu coração! Algum dia encontrará alguém para aceitá-la como é, algum dia...! Se você olhar bem de perto, descobrirá que muita gente vive para aquele dia. Dia previsto, místico, mágico, em que as coisas melhorarão, os conflitos internos e externos, as dificuldades desaparecerão! Parece que achamos que só precisamos de um pouco mais de tempo; que alguém ou alguma coisa chegará e fará tudo melhor! Achamos que algum dia nossas preces serão atendidas; algum dia seremos mais felizes, mais senhores de nossas vidas e destino. A pífia sensação de que, em algum lugar, de algum jeito, um milagre está esperando-nos. Mas o que observamos entre as pessoas comuns é que este algum dia nunca acontece. Penso que se nós, fernandopolenses, simplesmente, ficarmos sentados esperando, este milagre não virá, jamais. Não chegará nenhum cavaleiro mascarado, nenhum super herói para livrar-nos dos reias problemas do dia-a-dia. Se suas preces serão respondidas, se suas necessidades serão saciadas, se seus sonhos serão concretizados, será o resultado de algo que você fará! Pára de ficar pelos cantos da vida, esperando o milagre de Algum dia. Chega uma hora em que você tem de fazer acontecer. Você tem de agir! Ficar sentado, esperando um milagre externo, sonhando por melhoras, podem ser fatais! Faça alguma coisa! Ajude-se!
Como é difícil quando você se dedica o máximo para realizar uma tarefa, um regime, uma atividade física, quando se entrega diuturnamente ao trabalho e no desempenho de seus sonhos e, de repente, aparece uma pessoa e começa a criticar o que estamos fazendo e como estamos fazendo. Não respeitam nosso labor, nossa força, nosso entusiasmo. Apenas olham com aquele olhar arrogante, aquele sorriso alvar e proferem suas sentenças destrutivas. Há uma grande necessidade de que aprendamos a fazer auto-crítica e que saibamos ouvir a idéia e sugestões de terceiros. Mas não estou falando de idéias divergentes saudáveis. Falo de crítica destrutiva. Falo de certo tipo de pessoa que parece não dormir a noite se não destruir alguém com suas críticas no dia. É um esposo que não coopera e parece se alegrar na produção de palavras que arremessam sua parceira para a masmorra de sua alma. É uma esposa que parece se regozijar com a sensação de incompetência que consegue causar em seu esposo. São alguns pais que amaldiçoam seus filhos com palavras ásperas, xingamentos e com palavras de desânimo sobre o seu possível futuro e escolha. São filhos que criticam seus pais pela forma como lhes tratam e porque esperavam mais deles. É aquele patrão inconveniente que afunda as possibilidades daquele funcionário esforçado. A crítica é um inferno quando não se possui habilidade social para enfrentá-la. Alguns homens brilhantes passaram por isto e conseguiram superar. O professor de Bethoven disse que ele tinha uma maneira estranha de manusear o violino. Que preferiria tocar suas próprias canções ao invés de aprimorar suas técnicas. Seu professor o qualificou como sem esperança como compositor. Você sabia que Walt Disney foi despedido por um editor de um jornal por falta de idéias, e que foi à falência várias vezes? O professor de Thomas Alva Edson disse que ele era muito estúpido para aprender qualquer coisa. Lembrando que Thomas Edson registrou a patente de mais de mil invenções. A tese de doutorado de Albert Einstein em Bonn foi considerada irrelevante e sofisticada. Alguns anos depois seria expulso da Escola Politécnica de Zurich. O mais curioso foi que Henry Ford, o primeiro a fabricar carros em série, foi à falência cinco vezes antes de ser bem sucedido nos seus negócios. Se estes grandes vultos da história tivessem ouvido aquelas críticas iniciais, não teriamos musicas tão belas, não assistiríamos pateta, Mikei, Mine, Pato Donald, Pluto...Não teríamos a lâmpada, ou demoraria um pouco mais até sua descoberta, e não existiria a Ford. Felizes são aqueles que sabem lidar com a crítica alheia. Aqueles que, mesmo sendo criticados, acreditam em seus sonhos. Que transformam as críticas em alavancas para o futuro. Ouça todas as coisas, mas retenha só o que é bom para sua vida.