DILUCHESE

Resolvi jogar fora o passado.
Quase tudo...
Menos minha arte.
Decidi queimar, rasgar, doar, jogar fora.
Sumir com tudo aquilo que entulhava prateleiras, cantos, gavetas, espaços, lugares e sentimentos.
Para deixar lugar ao novo, é necessário fazer espaço para que ele possa entrar.
E não estou falando apenas em objetos mas também da vida e o que cerca essa vida. Desde pequenas coisas até pessoas, lugares e situações.
Bem simples.
Tão simples como o fato de encher um copo d'agua que já está transbordando.
Antes esvazio e depois posso encher novamente.
Esse desapegar-se do desnecessário pode demorar. Bem sei eu que já ando há alguns meses nesse selecionar, renovar e procurar.
Porém, finalmente tenho a certeza de que chegou a hora.

Dizem...
Que as palavras que não dizemos acabam no esquecimento.
Mas, na realidade o que não dizemos se acumula dentro de nós e enche a alma de gritos surdos.
Que aquilo que não dizemos se transforma em insônia e aperto na garganta;
Em nostalgia, em arrependimentos;
Que as palavras não ditas se transformam em descontentamento, em tristeza, em insatisfação.
Porque o que não dizemos não morre,
Mas nos mata!
Eu te Amo!
Uma frase tão pequena que ao ser dita nos torna leves
E quando ouvimos nos faz crer
Que não há luz que possa desligar para sempre a noite,
E que não há realidade que possa desligar para sempre nossos sonhos.