Diamela Eltit

⁠Ela queria sair de casa e dançar pelo mundo até cair morta. Para ela, cada minuto que passava significava mais tempo perdido. Dentro de casa, ela estava condenada a viver uma vida enclausurada, enquanto fora dessas paredes confinantes, o mundo inteiro se divertia. Era como uma festa eterna.

⁠A curva é a forma que melhor nos acomoda, pois podemos harmonizar e desfazer nossas diferenças. Minha altura e a sua, peso, distribuição óssea, bocas. O travesseiro equilibra nossas cabeças, separa as respirações.

⁠Estamos jogados na cama, entregues à legitimidade de um descanso que merecemos. Estamos, sim, jogados na noite, compartilhando.

⁠Não consigo dormir e, entre os minutos, através dos segundos que não chego a precisar, se intromete uma inquietude absurda mas que se impõe como decisiva...

⁠Me diga, me diga, pergunto. Não comece, não continue, durma, você responde. Mas eu não posso, não sei como dormir se não recupero a parte perdida, se não escapo do buraco nefasto do tempo que preciso...