Di Marina
Difícil escrever, quando as palavras ficam presas nas entrelinhas, difícil falar, quando as palavras ficam presas no olhar.
Motivos que se perdem,
Suspeitos pelo delírio
Meus motivos...
Que me fazem adormecer
Sentindo o sabor salgado da dor que te causei
E afoga meu sentimento em culpa
Motivos que fazem arder minhas chagas que ninguém vê
E como arquiteta da emoção, os torno reais
Meus motivos...
Que ora compreendem os teus,
Ora se fundem no fogo alvoroçado
Meus motivos ...
Que por vezes querem devorar os teus
Teus motivos...
Motivos de não querer
Motivos que buscam o adolescente que ignora o risco,
Encantados pela beleza...
Enfeitiçados pelo que não se sabe...
Motivos que fazem da sensibilidade o cárcere
Que se embriagam com frenesi ...
Motivos ...
Margarida e Eu ...
Margarida, responda-me, ele "mal-me-quer" ou ele "bem-me-quer" ...?
Ansiosa, minhas mãos suam - Me quer bem...? Me quer mal...? -
Quando, finalmente, a bela flor dá a resposta : "bem-me-quer" !!!
E fica um silêncio... Um pensar : "ele me quer" ... "ele me quer bem"
Então, olho pro chão e vejo aquelas pétalas que há pouco eram o encanto da flor, agora, sem vida, vítima do impulso sem medida que busca a resposta descabida...Ato de incerteza, irracional sentimento, que joga pra inocente Margarida, toda a culpa do me querer bem ou me querer mal ...
E o raciocínio lógico é sugado pela emoção que naturalmente desfolha a sensatez...
Olhos fechados, não percebo que, ao contrário do mundo estar conspirando pro meu bem ou pro meu mal, a resposta poderia, muito bem, vir de um simples e arriscado cálculo matemático, onde o resultado dependeria do comando inicial certeiro - "bem-me-quer" ou "mal-me-quer" –
e, sem dúvida, numa ligação direta com o número de pétalas que, mesmo frágeis, se entregam para esse ato de bravura, lançando, assim, como resultado final, o sorriso ou a lágrima no rosto dessa apaixonada...
Mero acaso ... Desfolho o "bem-me-quer" e o "mal-me-quer" ... Angustiado, o coração acelera a emoção e vai ao encontro das sensíveis pétalas...E, lealmente, ficam ali, no chão, solitários e sem sentidos...Silencioso lamento, pela Margarida que um dia existiu ...
Não sou todo tempo grosseira
Também tenho surtos de delicadeza
Que não me deixam ser tão ruim quanto parece...
E não sou todo tempo delicada
Também tenho meus surtos de grosseria
Que não me deixam parecer tão babaca... Será???
Me rendo à minha loucura, porque ela é o que há de mais verdadeiro em mim, mas não tirem a minha alegria, porque é ela que me mantém viva ...
Pra saber realmente quem sou, só conhecendo, profundamente, as minhas loucuras, as minhas sandices e estando comigo nos meus raros momentos de lucidez.
Tropeça,
Cambaleia,
Como se equilibrada
No bambu rachado de dor, estivesse...
Esbravejando,
Ecoa seu grito
pela garganta inerte e muda...
Vivias de mão em mão,
Feito água benta.
Abençoando corpos entristecidos
De almas perdidas e bolsos vazios
Corações pungentes
Lágrimas inexistentes
Vida só ...
Só solidão...
Hoje, minha escrita não se traduz, são letras amigas, desencontradas; reticências perdidas, acanhadas; virgulas à deriva, solitárias; ponto final magoado em busca do texto que não se faz.