Débora Gusmão
A mente, mente que nem sente
Mente que não quer mais nada
Mente que esqueceu o coração
Mente que só quer ser livre
Somente livre, suave mente sua,
Mente, sua, ve, e mente
Veemente mente infinita
Sente infinito muda infinita mente
dentro do peito, da alma, do coração
Mente não, coração
Seu inconstante
Só mente a razão.
Passei a vida inteira, principalmente a infância, ouvindo a minha mãe preocupada murmurar: -"Filha, eles dizem no relatório que você vive no mundo da lua"
Não me orgulhava nem um pouco, ficava mais triste cada vez que ouvia isso, e quanto mais triste me sentia, mais tempo passava na Lua.
Hoje finalmente não só aceito, como agradeço. Não há mais razão para me sentir triste quando já compreendo a dádiva de fazer parte de um seleto grupo que se teletransporta para a lua quando bem entende, e não se obriga a permanecer constantemente em um mundo tão limitado, e por vezes tão chato. Pobres daqueles que não enxergam a imensidão do universo, e se limitam a permanecer estáticos onde eu não me obrigo, por que não me enquadro. Hoje eu escreveria um relatório com o seguinte laudo: "Doença do século: Egocentrismo limitante, incapacidade de sentir o universo, só lhes restam 5 sentidos básicos."