Deávila Ferreira
Muitas vezes tentei fugir da vida, deixar de lado os problemas, Mas, é quase impossível esquecê-los. Eles tornam a bater à minha porta, persistentemente me confrontando na tentativa de abalar meu coração que, não agüentando, desfigura minha face alegre... E dela despejo minha tristeza em forma de gotas límpidas que irrigam os caminhos por onde ando.
Busquei inspiração na paz de um campo santo. Onde jazem os corpos que solenemente descansam no aconchego do túmulo.
A dor que antes parecia ilusória, agora é mais real do que nunca... Perder alguém é fácil, quando não se gosta. Mas quando se ama, a dor nunca acaba.
Dos meus olhos agora nasce
Minha dor, em gotas límpidas.
Calmas, descendo tímidas,
A molhar toda minha face.
E com elas também escorre,
Tal qual um rio sereno
Neste rosto de homem moreno
A alegria que agora morre.
Banhado na solidão
Me afogo no mar de lágrimas.
Escrevo minha dor em páginas
E com ela padeço em vão.
A verdade sobre a vida é que ela nos serve de preparatório para aceitarmos com cautela a fase inevitável do nosso ciclo: a morte.
Hoje falo da Morte com a mesma frieza com que ela se apresenta quando vem e leva da gente alguém que gostamos: sem medo e sem lágrimas.
A lua cheia é como farol aceso no negrume do céu gotejado com pingos que luz que emanam do infinito de nada...
Sempre que meu coração quer enxegar, te olharei.
Se ele quer pensar em ti, eu pensarei.
Mas, se for pra te esquecer eu morrerei...
Paradoxo do Amor
Quando do amor se fala
Qualquer um mente.
Há quem dele muito retira
E há quem muito acrescente.
Quando no amor se pensa
Imagina-se de tudo:
Há quem sonha paisagem extensa
E há quem dele faz um estudo.
Há quem de amor busca viver
E quem dele tenta escapar.
Há os que arriscam tudo a perder
E os que estudam formas de amar.
O amor é bastante complexo:
Há quem dele sabe falar
E os que dizem coisas sem nexo
Por sua forma estranha de amar.
Mas tudo no amor é perfeito:
As maneiras de agir, o papel, a trama
A forma de expressar, o jeito
De quem é capaz de dizer que ama!