Death
Essa noite, eu queria que você estivesse aqui. Poderíamos conversar, brincar, se provocar… O que você quisesse. Mas eu queria você aqui.
Olhando para o futuro que prepara nosso destino
Controlamos nossa existencia com cada vida que tiramos
Sendo sincero, ainda penso em uma vida ao seu lado, mesmo que você pense em uma vida ao lado de outra pessoa.
Choro de madrugada.
Já é tarde, e os meus olhos continuam abertos.
O vento esgueira-se pela janela a dentro, e o meu corpo já há muito que ficou frio.
No céu, um manto de escuridão cobre o meu olhar, e pergunto-me se o vez também tu do mesmo geito.
No silêncio, o barulho da minha mente calou-se, e o único som que restou, foi a tua voz perdida numa recordação.
Levemente, fecho os olhos e vejo-te. Pergunto-me se continuas do mesmo geito.
Baixinho, escuto uma melodia.
Pergunto-me...
Serás tu a cantar para mim mais uma vez?
Receio que não... A tua voz já há muito se perdeu nas minhas recordações.
Abraço levemente o meu próprio corpo, mas ele continua frio.
E então, na mais intima das recordações, os meus olhos choram.
Pergunto-me...
Terás também tu chorado durante a madrugada?
Já é tarde, mas eu continuo a chorar e a saudade não me permite dormir.
Pergunto-me...
Estarás também tu acordado envolvido nas tuas recordações?
Tal como tu, também o sono me abandonou, e eu choro na solidão.
Tal como tu, também a natureza se calou, e eu choro sozinha.
Tal como tu, também a noite ficou negra e fria, e eu choro com medo.
E tal como tu, ninguém se importa, e eu não paro de chorar.
No silêncio, o meu peito bate, e pergunto-me porquê, se eu não mais tenho coração.
Contra o frio, a minha respiração ouve-se num suspiro, e pergunto-me como, se eu não mais vivo.
Tal como uma folha rasgada de um livro, eu perdi-me no mundo.
E pergunto-me...
Onde pertencerei eu?
Eu não sei.
E no meio de tanta recordação, recordo o que não queria mais recordar. As tuas palavras, que mentirosas são, na qual eu ingénuamente acreditei.
E então penso...
Sozinha me encontraste.
Sozinha me deixas-te.
E sozinha morrerei.
***
Os primeiros raios de sol iluminam-me o rosto, e lentamente abro os olhos.
Devo ter adormecido enquanto chorava.
De repente assusto-me.
Algo frio e molhado descia-me no rosto, e os lábios sabiam-me a sal.
Foi então que me apercebi.
Eu ainda estava a chorar.