de Morias Leal.
A questão é
Cedo ou tarde todos cairemos em desilusão. E isso é tão ruim, pois quando se está com a total certeza sobre algo, como se nada nem ninguém pudesse interferir naquilo, como se tudo conspirasse a seu favor e, de súbito, como num passe de mágica, tudo desmorona.
Tudo se esvai, caímos em um abismo profundo e obscuro, e seus sonhos e devaneios mais intensos e sinceros são bruscamente frustrados e forçados a não existir. E então, como de praxe, você chora, mas não como uma criança que perde seu melhor brinquedo no parque, mas como alguém que foi forçado a viver nesse mundo medíocre, onde ninguém é capaz de reagir, nem ao menos sonhar. Escrevo esse texto apenas por carência de mostrar ao mundo sentimentos tão profundos e, ao mesmo tempo, hoje considerados tão banais.
Sinto um frio gélido e intenso cortar meu corpo, como a lamina de uma espada. Você não pode reagir, não pode gritar, mas não por não querer e sim por não ter mais forças para isso. Você implora diariamente pela morte, mas a mesma parece nem ao menos saber seu nome, você entra em decadência, cada vez mais degradante. Você já não chora você já não sangra, você já não sonha. Você vive, mas vive pelo simples fato de a morte estar “de mal” de você. Flores já não esboçam um mero tom de marrom e todos os dias você olha para o sol mas ainda assim sente frio. Você quer correr... quer chorar... quer morrer! Mas quem foi que disse que querer é poder?
Às vezes sinto-me meio que perdido nesse mundo...
Sinto como se não pertencesse a este lugar...
Sinto que não me enquadro...
Que não sou aceito,
Que não faço parte daqui.
Já tentei buscar novos horizontes...
Viajei, cruzei milhas e milhas atrás de não só ser aceito mais sim me encontrar..
Lamento já nessa etapa final de minha vida não poder falar que valeu a pena,
Tantas mudanças, tantos idiomas aprendidos, tantas culturas conhecidas
E mesmo assim não preencheu aquele vazio que sinto ate hoje dentro de mim.
Sinto que nunca me enquadrei nessa sociedade...
Para mim tudo não passava de uma tela monocromática onde as pessoas viviam,
E nada mais,
Apenas viviam,
Seguiam suas vidas sem olhar para trás.
Eu a vi, sozinha, perdida no meio de uma multidão.
Tantos amigos, falsos amigos. Para muitos apenas um rosto bonito.
Por traz daqueles olhos era possível ver toda a ânsia por liberdade, ela queria sair dali, ela queria voar, ser livre, mas não tinha para onde ir... Eu queria poder voar por cima de todos e te resgatar dali, te levar pra algum lugar distante onde poderíamos ser apenas um... Eu queria poder cuidar dela, ela seria amada, seria única... E todas as feridas e cicatrizes seriam curadas, não haveria medo, não haveria passado nem futuro, apenas o agora, e nos dois...
Pra sempre. O nosso sempre.
Era uma vez
Era uma vez amizade,
que virou afeto,
que virou carinho,
e depois amor.
Era uma vez o amor,
que virou distância,
que virou dor, raiva
e depois ódio.
Era uma vez ódio,
que virou indiferença,
que virou esquecimento,
e que me virou,
e nesse avesso,
virou a esperança
de nascer um dia
novos sentimentos.
E se minha vida se resumir em ter que viver todos os dias apenas com o objetivo de lhe fazer sorrir... Já terá valido a pena.