David Stove
Há filósofos que pensaram durante mais tempo e melhor sobre a ética da medicina do que o professor de medicina alguma vez teve tempo de fazer. Há filósofos que pensaram durante mais tempo e melhor sobre a experiência das duas fendas do que os físicos. Há filósofos que pensaram mais tempo e melhor sobre os fundamentos da matemática do que alguma vez será provável que um matemático o faça. E assim por diante. Tenho consciência de que um filósofo não pode dizer isto da sua profissão sem trair uma certa arrogância. Contudo, é a verdade literal. E é uma justificação suficiente para a existência de uma classe de pessoas especialmente formadas em filosofia.
As pessoas inteligentes, entregues a si mesmas, acabarão por filosofar, mais tarde ou mais cedo, seja qual for o campo de trabalho intelectual a que se entreguem, ou mesmo que a nenhum se entreguem.
O impulso para a filosofia é de fato tão natural e tão forte que nada se conhece, exceto o terror totalitarista, que consiga reprimi-lo em absoluto. Numa sociedade não-totalitarista, pois, a filosofia será feita, e a única questão prática que resta é como haverá melhores hipóteses de ser bem feita, ou por quem.
Em qualquer tipo de argumentação os filósofos são homens tenazes (alguns dos quais são mulheres), e a maior parte das pessoas não querem atravessar-se no nosso caminho mais do que uma ou duas vezes.