Davi Roballo
O MAIOR DOS MEDOS
Nossos medos não passam de fragmentos de um medo maior que nos atormenta desde o nascimento: o medo de ser esquecido.
AMAR É VOAR
Tu podes te tornar grande e adquirir asas, mas se não aprender a voar teu esforço será em vão, visto que voar é amar e amar é voar para além de
si mesmo.
O VALOR DO DETALHE
Se fôssemos educados a valorizar os detalhes e a simplicidade, não seríamos engolidos pela
ambição do mundo.
Os nossos maiores medos estão nas versões desconhecidas de nós mesmos, visto que somos um território quase nada explorado, a cada passo uma nova máscara e uma nova armadura, um novo sonho e uma nova aventura. Por isso, viver exige coragem para enfrentarmos aquilo que nos tornamos a ser em outros lugares, em outros cadafalsos e outros altares.
A LETRA ALIVIA MINHA DOR
Tenho certo fascínio pela flor da planta Dente-de-leão, pois entre meus mais secretos desejos está a ver minha letra ser distribuída por almas
sensíveis, assim como o vento distribui as sementes desta linda flor, para que faça aos outros o bem que me faz, porque tudo que escrevo é antes de tudo um lenitivo para minha própria dor.
BOM USO DO TEMPO
É preciso aproveitar bem o tempo, pois assim como ele nos transforma, também podedeformar nossos sentimentos.
LIBERDADE
Pessoas livres oferecem liberdade, pessoas presas ao passado tentam arrastar outras aos seus
tenebrosos buracos.
VEMOS DEUS A NOSSA IMAGEM E SEMELHANÇA
A concepção de Deus é algo totalmente individual, pois não é unânime, isto é: a ideia quefazemos de Deus é um retrato daquilo que somos, ou seja, uma pessoa má, vê em Deus um ser mau e vingador, uma pessoa boa vê em Deus um ser bom e justo, isso acontece porque costumamos medir as pessoas e o sagrado com a mesma régua que medimos a nós mesmos.
AMIGOS VERDADEIROS
Em tempos de crises e calúnias os falsos amigos somem; apenas os verdadeiros ficam ecom unhas e dentes te defendem.
REFORMA ÍNTIMA
As pessoas buscam se reformar por fora, já que não percebem que o essencial para ser feliz é reformar-se por dentro, deixar aflorar a alma.
O ÓDIO É ANTROPOFÁGICO
Entre o odiar alguém e a distância, escolha afastar-se, visto que o ódio insaciável costumaalimentar-se de si mesmo.
BENS E A SAUDADE
Infelizmente descobrimos um pouco tarde, que devemos viver para deixar saudades, boas lembranças e não bens, já que tudo perece,
menos a alma que é eterna.
PENSAR
O pensador que um dia se sentir acompanhado com certeza conseguiu dar vida a própria sombraou deixou de lado a arte de pensar.
IMBECILIDADE
O imbecil só não pasta porque foi condicionado a sentar ao redor de uma mesa empunhando talheres.
BELEZA
Beleza quem tem são os pássaros, o homem com suas extremidades e dentes é algo horrível, éesteticamente ridículo.
INIMIGOS
Muitas vezes nossos maiores inimigos nos ajudam mais do que imaginam, pois, somenteeles possuem coragem para jogar em nosso rosto todos os nossos defeitos. Cabe então ao sensato meditar sobre cada um desses apontamentos.
NASCER É COMEÇAR A MORRER
A morte nos atormenta, nos aterroriza, porque nos deixa na fronteira de nossas ilusões, pois,esquecemos que já nascemos morrendo.
O SENTIDO DA VIDA
Quem quiser encontrar o sentido da vida, deve preparar-se para nunca o encontrar, pois, ele temmil faces e muda constantemente.
HUMANAMENTE TRIPLICE
Humanamente o mundo é dividido em três segmentos: os espertos poderosos, os espertos impotentes, o restante é ovelha, é espírito de
rebanho.
A COLHEITA
Só se colhe aquilo que se planta jamais vi alguém plantar capim e colher alface, a vida devolve somente aquilo que semeamos,aquilo que plantamos.
POETAS E LOUCOS
Dizem que poetas são estranhos, criaturas do avesso, mas fazer o que? se meus olhos vivem ainternalizar o mundo.
O Destino dos Lúcidos
O destino dos lúcidos é carregar o peso da verdade
como quem leva água num vaso rachado:
sabendo que, a cada passo, algo se perde,
e mesmo assim caminhando.
Ver além dos olhos é uma ferida secreta,
uma lâmina de luz que sangra devagar,
enquanto a maioria adormece embalada
pelo suave consolo da ilusão.
Os lúcidos atravessam cidades silenciosas,
templos abandonados, desertos sem nome.
Carregam nos ombros o que não pode ser dito
e nos olhos o que o mundo se recusa a ver.
Por vezes, desejam também dormir —
mas a lucidez é uma chama que não se apaga:
ela arde nos ossos,
ela queima no coração,
ela sussurra entre os passos:
“Segue…”
Pois o que vê não pode fingir que é cego,
e o que sabe não pode regressar à ignorância
sem rasgar a própria alma.
O destino dos lúcidos é ser ponte entre mundos,
eco entre silêncios,
voz entre os adormecidos
e chama acesa
nas noites sem estrelas.
A grande ilusão que nos atravessa não está apenas na política ou na religião, mas na esperança cega de que exista, em algum lugar, um refúgio onde a verdade repouse intacta. Somos todos enganados, sim — mas o engano não é o oposto da verdade; é seu disfarce mais íntimo, moldado pelo grau de consciência que conseguimos suportar. Cada mentira que abraçamos com devoção, cada crença que nos tranquiliza ou revolta, revela menos sobre o mundo e mais sobre a anatomia oculta de nossa alma. No fim, não cremos no que é verdadeiro, mas no que ecoa silenciosamente aquilo que somos.
No Brasil o povo vende sua dignidade por um favor, depois acha ruim os políticos fazerem o mesmo, só que em escala maior.