Dartagnan da Silva Zanela
Não há dúvidas de que o momento atualmente vivido pelo Brasil é dramático. Porém, o terrível nisso não é o tragédia em si, mas sim, o fato de a sociedade estar muito mais sentido e ressentindo-se do drama do que procurando esforçando-se para analisa-lo e compreendê-lo.
É compreensível que um corrupto queira, com todas as forças de sua pútrida alma, esquivar-se dos braços da justiça e querer fazer o diabo para poder continuar a sua lambança junto as úberes estatais. O que, realmente, fica bem difícil de entender é o que leva as hostes de militontos e similares a defenderem com unhas e dentes os seus monstrinhos corruptos de estimação; a defende-lo de modo similar a uma criancinha mimada que tenta livrar o seu bichinho de pelúcia preferido das mãos da professora que quer confiscá-lo.
Mais escandaloso que vermos covis de ladrões e guildas de larápios legislando cinicamente em benefício de si e dos seus é vermos prelados transubstanciando linguística e legislativamente o homicídio de um inocente em uma conquista democrática.
De fato, somos um país miserável. Não materialmente. Espiritualmente. Um país que teme o nascimento de uma criança, um país onde o silencioso assassinato a sangue frio de um inocente é reconhecido como um “direito reprodutivo” é, infelizmente, uma sociedade desfibrada moralmente, pervertida antropologicamente e monstruosamente sombria em seu espírito.
A manifestação mais cabal do desespero duma alma vazia é a tagarelice incessante. Para muitos, essa é a única forma de conseguir escamotear essa decadente situação. Imaginam que falando sem cessar irão disfarçar o nada que há no âmago de seu ser.
Ser conservador não significa, de modo algum, defender o engessamento da sociedade num tradicionalismo vazio e estéril; ser conservador não é sinônimo da perpetuação as injustiças que reinam sobre nosso país. Não mesmo. Ser conservador é, antes de qualquer coisa, labutar pela preservação de determinados princípios universais que, sem os quais, a sociedade perde todo o seu dinamismo e as injustiças florescem e aviltam a dignidade humana.
Os defensores da memória do finado ditador Fidel Castro, juntamente com a turminha que tenta colocar panos quentes em suas covardes atrocidades, nos brincam com cristalinos exemplos do que significa, em termos morais e cognitivos, a perda do senso das proporções.
Quanto mais o politicamente correto policia as palavras que dizemos, quanto mais essa tranqueira fica a especular e a sondar nossos pensamentos e sentimentos para discipliná-los, enquadra-los nas forminhas deformantes da ideologia tacanha reinante, mais nos tornamos criaturas insensíveis à realidade, mais e mais nos assemelhamos a autômatos mutilados.
erguntar não ofende. Quer dizer, não sei, haja vista que vivemos hoje numa sociedade que cultiva o mimimi como sendo uma espécie de virtude (depre)cívica. Enfim, seja como for, vamos à pergunta: se um caipora não se preocupa em melhorar, em corrigir-se, em ser prestativo, porque os outros – sejam esses outros pessoas próximas a ele ou apenas ilustres desconhecidos - devem fazer por ele o que nem mesmo o caipora faz por si?
Um claro sinal de nossa decadência é quando passa a imperar em nossa alma um desejo irascível de querer que os outros realizem por nós aquilo que nem mesmo nós almejamos fazer em benefício próprio.
O erro é uma assinatura humana quando ele é francamente reconhecido por aquele que errou. Não apenas isso. O sujeito, com esse ato almeja, acima de tudo, o acerto. É nesse sentido que errar é humano. Agora, errar e usar essa afirmação, de que todos humanamente erram, pra justificar o seu desacerto, com o perdão da palavra, não passa dum cinismo suíno, dum subterfúgio diabólico para nos distanciar da verdade, agrilhoando nossa alma junto às sombras da farsa e do autoengano.
Uma das constantes mais profundas da sociedade brasileira é um desprezo soberbo pelo conhecimento em misto com um desejo irascível e histriônico de exibir-se como sendo portador duma sabedoria que nunca fora cultivada pelos caiporas e que não é, de modo algum, almejada por eles.
Desconfio sempre dos ditos intelectuais engajados, comprometidos com essa ou aquela causa, que vivem repetindo aqueles surrados chavões que foram aprendidos em sua mocidade e que, sobre os quais, construíram todo a sua carreira de intelectual. Gente assim é uma farsa do princípio ao fim e, de um modo geral, são muito mais aluados engajados que intelectuais de fato; apesar de, no Brasil atual, intelectual ser praticamente um sinônimo dessa enfadonha realidade.
O azulado céu que minha vista encanta
Não é o mesmo firmamento que paira
No interior de mim animando minh’alma
Que dita sem rima o ritmo de meus dias.
A esperança do cidadão brasileiro
É tal qual um barco atirado ao mar
Primeiro encalha nos bancos do Senado
Pra depois na maresia do STF naufragar.
No face post publicado
É como barquinho de papel
Logo que o dito é postado
Ele se vê esquecido ao léu.
A mentira de tanto vagar
Resolveu descansar um tanto
Aconchegou-se no coração humano
E, por ali, resolveu de vez ficar.
A amarelada folha abraça as lembranças
Silenciando tudo aquilo que até então vi
E aquilo que vi e vivi em minhas andanças
Cultivo no silêncio que habita em mim.
Quando a soberba que habita o coração humano
É estimulada pelos diplomas e títulos vazios
Vaidosamente amplia-se um bom tanto
A presunçosa ignorância das almas sem brio.
Não sairemos desse nauseante retrete
Enquanto formos o país do futebol
E termos marotos como Paulo Freire
Sendo o patrono da educação nacional.
Quando um povo não mais se identifica
Em torno de sentimentos que os unifica
Ele transubstancia-se numa ignara massa
Dominada pela mais vil de todas as tiranias.
O duro não é ser golpeado
E, derrotado, beijar a lona
Osso mesmo é ser soqueado
Sem saber o que nos tomba.
O medíocre é simplesmente um sujeito que, assustado,
Se esconde quando a peleja clama alto por seu nome.
Já aquele que, quando para o combate é chamado
Manda outro lutar, não passa dum indigno homem.
O STF em sua sapiência singular e fenomenal
Diz que os casos de corrupção são pra analisar.
Porém, diz ele que um inocente em estado fetal
Não tem vida nem é gente, por isso, é lícito matar.