Dario Hart Signorini
Nostalgias sempre estão presentes
Invadindo meu papel por acidente.
E aos poucos fecha o ano
De mais um canceriano.
E a Poesia virou Prosa
Nasce mais um dia e morre mais uma noite. Mário acabara de acordar, tomou um café forte se arrumou e saiu para trabalhar. Todo dia pegava o ônibus na mesma hora e no mesmo lugar.
Foi quando sua rotina mudou.O elevador de seu prédio quebrou e ele teve de descer do 15° andar de escadas. Belo atraso de 8 minutos. Tão belo que chegou no ponto e nem viu seu ônibus passar.Teve de esperar outro, por mais 7 minutos. Depois, fez o sinal e subiu. Sentou-se na janela esquerda da segunda fila. Apoiando a cabeça contra o vidro cochilou, mas logo uma freiada brusca seguida de uma forte buzina, o despertou. Olhava ,nesse instante, para calçada onde passeava uma graça feminina com uma calça de lycra. Era uma deusa numa bicicleta. Ficou estarrecido, pasmo e torcia para que o sinal jamais se abrisse. Ela andava devagar, todavia quase não dava mais para acompanhar. Ela já dobrava a esquina e sua visão, discreta.
Não sei como, mas por um momento trocaram um olhar penetrante.Era hora. Pulou do assento e foi atrás do gracioso par de pernas pedalante. Porém ao descer na rua, sua pele ficou crua. O atraso antes despercebido se mostrava doloroso, agora. Ela estava com outro. Então, sentou-se na praia aspirando a maresia e viu ir embora a sua diva sinuosa, da mesma forma que esta poesia virou prosa.
Qualquer Paixão de Verão
Paixão de verão
carinho, mistério e emoção.
É aquela que parece nunca acabar
até o verão terminar.
Depois apenas momentos passados.
às vezes até um futuro caso,
mas fotos,lembranças e segredos
são como filmes eternos...
estarão sempre presos à memória.
Também fica a esperança
do reencontro,
no próximo verão.
Uma só certeza,
nunca será igual.
Livro Libertino
Ausência que preenche.
Falta que completa.
Todas as possibilidades são prováveis,
todas as probabilidades possíveis.
Das curvas de um zero
às ondas do infinito.
O papel desse livro
é azedo de branquelo
e livre de martelo!
Mesmo sem significado
mesmo sem nome
Aceito o diferente, o não uniforme.
E com a ponta plena
de uma leve caneta de pena
Escreva pelo menos um parágrafo.
Ou mais
na verdade tanto faz.
Só não deixe que o livro se feche!
Poeta, Brinquedos e Brincadeiras.
Reticências complete, por fa...
a frase de am...
e as palavras que não enten...
deixe que o coração responda por vo...
Hífen é sub-ramo do separar.
Da segunda-feira à meia-noite,
separa à sangue-frio, a peça-chave
do quebra-cabeça de um pé-de-moleque.
Travessão, falante sinal.
-Eu não sirvo só para isso!
-Eu sei, meu querido!
Simples conversa - afinal -.
Crase aquela frase.
Quando vais a, craseia o A.
Mas és garota de tantos as
que tenho dúvida em qual craseiar.
Circunflêxo, chaupezinho protetor.
Não protege a vovó,mas protege o vovô.
Sem esquecer do agudo
Aquele impossível de ser mudo!
Minha amiga, língua escrita
devo a ti, o poder de brincar:
Com teus "enfeites" e (teus) brinquedos
nesses dedos do livre pensar.
(Rio,06/05/2007)
A Real da Fantasia
Engraçado o andar
radical o olhar
o triângulo é escaleno
Seu lado maior,
um destrutivo veneno.
Aquele verso já não canto mais
pra que cantar sem encanto?
Deixe-me chorar com pranto
e tirar esse tanto faz
da dor que sinto!
Resguardo-me em sentidos
absolutos e relativos.
Irreais sonhos sem ruídos
já que a realidade está
muito além de dias vividos.
A real da fantasia é
que sem o real
ela perde a fantasia!
E nessa luta sem luva
faço do meu Sol
o mais brilhante diamante
e da minha Lua
a humildade mais pura.