Danilo da Cunha do Prado
Eu a vejo em todo lugar, e ao mesmo tempo, em lugar nenhum.
Eu sinto dor, eu sinto raiva. Eu ouço ela me aconselhando, em certos momentos.
Mas quando me deparo com a realidade, sei que é o meu subconsciente me pregando peças novamente.
Eu leio cartas, eu vejo fotos. Mas também sinto um grande vazio.
E não entendo a dor. Porque dói tanto não tê-la aqui.
Não é preciso muito para que tudo esteja bem em nossas vidas.
Uma boa refeição, uma palavra de conforto basta.
Estamos tão acostumados, que mal percebemos que é apenas uma ilusão.
Na verdade, nada está bem, nem vai ficar.
Nos apaixonamos por tantas coisas pequenas. Tantas coisas banais.
Mas o principal aqui é descobrir o sentido da vida.
Por ser algo tão dificil de se descrever, nos sentimos incomodados.
Mas somos amorfos, por isso ficamos maravilhados com tudo.
Eu nunca entendi porque somos tão loucos por um objetivo, uma função.
Somos movidos à isso. Queremos, constantemente, fazer a diferença na vida de alguém.
E quando conseguimos, isso nos deixa com a sensação de que estamos realmente vivendo.
Isso é um sistema incorruptível, e puro. Não podemos evitar, de maneira alguma.
Mas é tão ilusório, que mesmo não saindo do lugar, parece que estamos nos mexendo.