Daniele Motta
Eu olho ao meu redor e sinto que tem um monte de coisas. Mas eu não consigo enxergar nada. O que está acontecendo com meus olhos? O que está acontecendo comigo? Eu só vejo aquela janela aberta bem ali na frente, com a luz me chamando a prosseguir, mas eu não consigo. Não sei por que. As paredes me impedem e minhas pernas não saem do lugar. Está tudo tão estranho, escuro, frio e vazio que até me assusta. Mas eu só consigo pensar que tenho que me pôr de pé e fazer milhares de coisas que me impeçam de cair novamente, mas o problema é que eu não consigo nem levantar, muito menos me impedir de cair. Não consigo mais entender o que penso nem o que sinto. Eu procuro alguém que possa me ajudar, aconselhar ou apenas estar comigo, mas eu não encontro. Neste lugar, que pra mim é estranho, pois era tão diferente quando cheguei aqui, não há nada. Apenas eu e minha dor, que aumenta a cada minuto e eu já não sei mais o que fazer. Ainda há tanto o que percorrer... E antes de chegar, não conseguirei descansar. Mas não posso parar de lutar. Não vou parar de lutar. Ao amanhecer, quem sabe eu comece a lutar...
- É difícil olhar ao meu redor e não ver ninguém... Não imaginei que doeria tanto assim! Nessas horas, me pergunto por onde será que anda você, se ainda pensa em mim. Mas o silêncio vindo das paredes é gritante e me responde que você não voltará.
No fundo, o meu maior desejo era receber um simples abraço teu, mas toda vez que pego o telefone, na esperança de ouvir tua voz, meu orgulho fala mais alto e me lembro de tudo o que passei por tua causa, então sinto-me como uma pobre criança indefesa que chora por perder seu ursinho de pelúcia. Sei que muitas vezes lhe disse pra não mais me procurar, pra esquecer que eu existo... Por tantas vezes, em mim, a dor falou mais alto e simplesmente não pude te dizer o que, de verdade, meu coração dizia: onde te queria era bem aqui, ao meu lado!