Daniela Lima
E você saberia, quando o vento arrancasse as folhas; quando o tempo secasse os frutos; quando as minhas mãos trêmulas cobrissem os seus olhos, que não se consegue represar as pulsões.
Saiu da própria vida e deixou a porta aberta. Entrei para me esconder da chuva. E fui ficando na vida que não é minha. Mas, quando a ternura invade as manhãs ensolaradas, me sinto em casa. Dura pouco. Precisamente, até alguém me dizer: “fala baixo para não acordar o passado.”
E sou atingida por um raio. Meu passo se atrasa e se apressa. Um calafrio que atravessa o meu corpo e traz inquietude para cada músculo. É o abismo da felicidade. É o amor cavalgando o meu dorso. Um quê de divindade nas nossas entranhas. Tu és um Deus e nunca houve nada mais divino. Amor fati. A fortuna da minha existência está nas fatalidades.
A Caixa:
Nenhuma estrela no céu,
Nenhum sonho realizado,
Nenhuma promessa cumprida,
Tudo o que eu tinha me roubaram
e puseram dentro de uma caixa
Não sei onde está essa caixa,
Não sei onde procurá-la.
Uns dizem que está dentro de mim,
outros dizem que eu a perdi pra sempre
E eu?
Não sei de nada sobre mim.
Eu só sei viver
E esperar o fim.
O Farol:
O tédio é inimigo da minha felicidade
O jeito agora é escrever
Escrever para ver se vivo,
escrever para ver se alivio
Eu não quero viver pra sempre
Não aqui!
Eu só quero o que é meu
Só espero não levar essas dores pro túmulo.
Elas não são minhas,
não podem me acompanhar
Quero que você me ame a vida inteira
Pode ser pedir demais
Mas você é o farol
E eu, não quero mais viver no escuro.