Dani Raphael
Resgate
Às vezes penso
Tenho quase certeza
Não sou daqui
Minha alma
Grita por liberdade
Enquanto meu corpo
Reprime meus instintos
Juntos com as diretrizes
Da sociedade.
Não cabe
Dentro da minha alma
Essa inclusão.
Minha consciência
Clama por expansão,
Comunicação.
Liberdade,
Esse é o significado do resgate.
Ofertar
Eu te ofereço a luz do dia,
A paz, a reflexão
Te ofereço
O colo do canto,
Da minha canção.
Te ofereço
Estar consciente,
Ciente
Que somos uno.
Te ofereço
O abraço apertado
Calado
Aquele que desmancha
Só por estar
Estar acolhido
Num amor eterno
Fraterno
Amor que pode curar
Te ofereço a vida
A alegria
O momento é esse
Estou a te chamar.
Primeiro amor
Queria ter te visto moleca,
Corrido contigo sem pressa
Cirandando onde o tempo
Demorava a passar.
Queria ter tirado teus laços,
Embaraçado teus cachos
Tua boneca roubar.
Queria ter tido o gosto
Do teu primeiro beijo,
Ter sido teu sonho
Ter brincado contigo.
Passeado nos montes,
Embaixo do céu azulado.
Ter sido seu melhor amigo.
Saudades
Saudades de quando
O tempo
Não tinha tempo
E todo o tempo
demorava a passar.
Saudades de me perder
No esquecimento
Sentir o vento
Não ter hora pra voltar
Saudades de estar em festa
Dançar a Bessa
Sem me entregar
Saudades do tempo
Que vivido foi.
Intenso...
Mas que não volta mais.
Infinito
O que há além do infinito
Retalhos fadados,
Mensagens perdidas,
Orgulhos feridos,
Ilusão, desilusão....
Pontos que finalizam,
Letras que recomeçam.
Mãos que tecem e
Desfazem ao mesmo tempo,
As leis do destino.
No além que se molda
Tão infinito
Quanto a presença do agora e
Transborda para dentro
Um universo inteiro de intenções.
No além das palavras não ditas
Dos olhares que nunca se cruzaram
Há um caminho para cada lágrima,
Cada sorriso,
Cada querer que nunca foi quisto.
Como numa prateleira gigante
Onde tudo se encontra e
Não sabe o que se procura.
Estão as respostas
Para as perguntas não feitas,
Para as histórias
Que jamais foram contadas .
Histórias de personagens tão vividos
Tão sofridos
Tão sem ânsia de ser,
Que deixam de se perceber.
No além do universo traduzido
Existe um ato, Um exato...
Momento em que tudo se encaixa,
Numa pequena caixa
No centro da Palma da mão
Avermelham
Cada palavra que solto
É um Desejo sonoro
De me expressar em você.
Me perder em silêncios
Do meu peito batendo
Sentindo, gemendo, querendo
Me doar sem perceber
Cada palavra que solto
Avermelham meus olhos,
Com as gotas que caem...
Vermelhas
Da cor dos meus lábios
Que secam
Por não ti dizer.
O Trem
Queria contar um cadinho
Do barulho que vem surgindo
Com o trem a passar
Ele me acorda com um assovio mansinho
Trazido pelo vento menino
Que tudo gosta de bagunçar.
Queria contar um cadinho do trem
Que não sai dos trilhos
Nem pra ver seu bem.
Mas manda recado sentido
Quanto passa pelo caminho
Próximo do seu lar.
De saudade vai chorando sozinho
Deixando no rastro de fumaça
Seu vazio
De não poder seu amor avistar
E o vento ,menino sempre levado
Sem se importar com o coitado
Espalha sua dor por todos os lados...
E eu como alma sensível que sou
Sinto da minha cama sua dor
Quando passa nas madrugadas a buzinar.
@poemasefilosofia
Finda-se
O fim nem sempre é um recomeço
As vezes ou quase sempre ,
É só mesmo um fim,
Entre tantos outros que foram chorados
Ou até mesmo aqueles que se riram pra mim.
O fim deve ser sempre comemorado
Como presente, presenteável
Mudança de estação....
Ou simplesmente um trocar de passos errados.
O importante é que fim é finito
Não ultrapassa a linha ,
Não compensa
Rasgar os verbos em rinhas
Simplesmente finda-se....
E o por vir...
É novidade, é cheiro novo
Gosto de tarde,
Um fazer nada , ou se fazer....
Vício
O mundo até caminha
Em passos lentos,
As vezes gira forte,
Me tira do centro
Mas estou de pé, ainda estou de pé.
Um passo de cada vez
Um dia após o outro
Cansado, abatido mas esperançoso.
Esperança essa que me auxilia,
Segurança que sorri pra mim
Nos momentos delicados desta vida.
Só mais um dia.
E nesta noite vou poder dormir
O sono dos justos,
E olha que nem sou tão justo assim.
Mas eu venci mais uma vez
Venci a mim mesmo,
Venci meus medos
Venci.
E amanhã estarei de pé,
Recuperado? não sei...
Mas estarei de pé Recomeçando,
Pois o recomeço é diário.
E minha vida se resume a viver o dia a dia.
Unhas pintadas
Pinte suas unhas menina
De dourado, vermelho
A cor que representa
Teu desejo
De liberdade guardado aí dentro .
Pinte seus lábios,
Se borre
Com rímel, blusch
Se precisar tome um porre
Mas se forre de você.
Olhe no espelho
Desembarace os cabelos
Sinta seis anseios ...
Devore- se
De um passo em salto,
Se cansar os pés
Deixe os descalço.
Mas valse, baile....
Se acabe
Na melodia que grita ai dentro...
O ontem era diferente
Eu era diferente
Me olhava diferente...
Pensei muitas vezes ser esta a razão.
Mas percebo que o ontem
Reflete no hoje
E no hoje não mudei tanto assim.
Nudez
Lembro-me da roupa que usastes
Que tua pele. nua emprestas-te
Pra dizer que nua não estava
Em tua nudez encoberta
De alma, sentimento, gozo e calma
Veste- se como a mais linda mulher...
Lembro- me quando te despiste
Do pouco ou nada que ainda ,
como um véu pairava
Para não que eu não a percebestes.
E hoje encoberta de nudez
E pelos eriçados
Da pele quente de vermelho inflado
Vejo que não há vestes mais belas
Que a tua liberdade.
Inspirações
Trago inspiração pro meu amigo poeta
Em fotos, frases e pensamentos
Pintados em tela.
Para expressar minha alma
Através de suas palavras.
Trago de presente minhas memórias
Meu passado triste
Meus segredos e histórias.
Para poder ver num livro
De romance escrito
Um pouco do que fui um dia
E ser o ator das fantasias
Que meu amigo poeta fará pra mim.
Dani Raphael
@poemasefilosofia
Quarentena ... Vamos poetizar?
Enquanto estamos afastados
Nos unimos em pensamentos
Num grande traço
De rabisco, palavras e sentimentos.
Poetas surgem do anonimato
Trazendo conforto e
Expressando sua arte
Afloradas na quarentena enfim...
Afastados de tudo
Os poetas se juntam
Tentando criar um novo mundo.
Com prosas, rimas e contos
Vão escrevendo seus acalantos
Trazendo mais amor, esperança e encanto.....
Para nova terra que está se formando.
Dani Raphael
@poemasefilosofia
Cartesiana
Ela me disse que odeia matemática
Mas calcula tudo
Com pensamentos rápidos
Soma o que interessa
E subtrai o que pra ela é lixo.
Ela disse que odeia matemática
Mas dividi tudo
E quando o foco é o amor que sente
Ela multiplica em seu mundo.
Ela odeia matemática
Mas sempre enumera o que na vida é especial
Das notas musicais cria sua própria orquestra
No seu mundo deixa só o essêncial.
Conta as flores, conta as rimas
Do coração, suas batistas.
Conta os passos, conta os dias.
Na sua lógica perfeita
Deixa tudo em suas caixinhas.
Menina matemática
Cartesiana e detalhista.
Arte do poeta
A arte do poeta não é a escrita
Mas sim o bailar de letras
Ritimadas e sentidas.
É o transpor daquilo
Que não se almeja pela realidade.
Que está além do mundo
De olhos cerrados.
Dentro do universo que não se compreende ...
Só se sente
Dani Raphael
@poemasefilosofia
E por falar em amor
Como dizer ao mundo
Que tudo enumera,
Que não há razão que supera
O que chamamos de amor.
Como provar ao mundo
O que não se prova,
Que o amor verdadeiro vence a história
E não se limita as convenções.
Como pintar o amor somente com duas cores,
Se o universo não limitou as flores
E todas são flores,
Independente da cor.
O amor verdadeiro é sincero,
Sem rótulos ou mistérios
Vai além do universo.
É o elo imutável de quem o descobriu.
@poemasefilosofia
Sobre aqueles olhos azuis...
Teus olhos dizem mais de mim do que meu espelho
É oceano profundo em que me perco
Momentos de calmaria no qual me rendo.
E me embalo no sono profundo
Que me leva sonhar em você.
Teus olhos transmitem sua alma,
Como em diálogos sem palavras
Nos comunicamos ao nos render.
Teus olhos me levam a cavalgar por estradas, desfiladeiros e matas,
Numa tarde de céu azul encantada,
Onde me desfaleço e me reinvento
Pra viver o que sou em você.
@poemasefilosofia
Linhas retas
A menina que não sonhava
Não buscava entender
Que o mundo não anda em linhas retas
E Que o improvável sempre pode acontecer.
A menina que não cantava
Não sabia como dizer
Que seus sonhos nunca chegavam
Por que ela sempre deixava de crer.
O mundo dela até tinha graça
Não tinha cores
No mundo de linhas retas
Não havia sinal de flores.
A menina que não sentia
Como a Andorinha sente
Não sabia que a vida é magia
E que a felicidade
Estava sempre a sua frente.
@poemasefilosofia
Sem rumo
Como faço para achar o caminho de casa
Se me perdi em teus braços
E não me ensinastes
A Caminhar sem ti...
Como faço agora no silêncio
Do teu quarto escuro
Que por uma eternidade
Foi o meu mundo.
E não aprendi a olhar
Além dos teus lençóis.
Como faço pra tirar-te daqui de dentro
Se nem por fora
Encontro resquícios de mim.
Se meu corpo inteiro é sua pele,
E meus desejos não existem sem ti
Como faço,
Se meus poros exalam teu cheiro
Minha boca ainda tem o gosto dos teus beijos
E meus lábios desfalecem sem ti.
Como faço se não tenho rumo
Não rota
Me doiei por inteira quando fechaste a porta .
E agora...
Me manda partir.
Definir-te Sã
Bem eu quisera
Se nas loucuras
Das suas noites espera
Meus olhos vaguearem tua pele nua
Dani Raphael
@poemasefilosofia
Frida
Guia-me por tuas veredas,
Oh teimosa Dama da lua
Distante dos alicerces morais
Fizeste das tuas verdades
O sangue derramado ,
Pela tua pele nua.
Despida de pudores,
Dona do seu ser,
Pintantes em telas as dores
Suas dores, tão intensas no viver.
Verde, branco e vermelho
De todas as cores pintastes teus gritos
Gritos de uma sociedade enclausurada
Emancipada pelo teu olhar sentido.
Oh teimosa Dama da lua.
Tua arte vibrante permanece
Distante da beleza raza
Profunda em alma e Poesia.
Sede da alma
Mergulho no absoluto do ser
Que nada sabe, tudo aproxima
E pouco experimenta.
Um êxtase quase frenético
De se desfazer em pedaços e
juntar O que se supõe ser o correto.
Amargura, loucura, felicidade...
Em assumir que o pranto alimenta,
Que as lágrimas matam a sede da alma.,
E que viver nada mais é do que
Morrer pra si lentamente, Diariamente.
Dani Raphael
"Canto canções de amores
Que o vento leva a saber
Aos ouvidos do meu Encanto,
Pro teu pranto desfazer"