Dani Oliveira
Refletindo um pouco
As vezes fico a pensar nas postagens que vejo aqui no face. Algumas, são para mim, um pedido de socorro, um grito desesperado de quem espera por um amigo para conversar, ou apenas estar ao lado. É isso, as pessoas querem a sensação de estar com alguém, alguém para rir das piadas que já nem sabem contar ou para falar sobre aquele sentimento que tanto incomoda o coração. Renato Russo disse que: "o mal do século é a solidão". Acredito que a célebre frase não poderia ser mais atual. Nesse mundo tão voltado para o ter coisas, o ser e o sentir como pessoa ficou em segundo plano. Uma pesquisa revela que em alguns anos a depressão será a doença que deixará o maior número de pessoas incapacitadas para o trabalho. O mundo capitalista quer nos convencer que não há tempo para ser gente, e quer nos fazer esquecer a sensação de curtir coisas simples, escutar o outro, olhar nos olhos. A famosa "Rede Social", tornou-se quase um consultório psiquiátrico, onde muitos vem buscar um refúgio que existe, mas não aqui.
Eu ainda gosto de coisas simples, de ficar de bobeira e aprecio muito a expressão italina "dolce far niente", que é traduzido como suave indolência ou o doce fazer nada. Amo trabalhar, sentir que sou produtiva, mas não me permito esquecer meu compromisso primeiro...estar bem.
Vamos rever os velhos amigos, dizer eu te amo pessoalmente, e não apenas através de um click. Vamos refazer o elo com o mundo das pessoas e enchergar que o mundo das "coisas" é apenas opcional, e não essencial.
E para encerrar, gostaria de postar meu trechinho preferido de uma obra que gosto muito...
"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Antoine de Saint-Exupéry - O pequeno Príncipe
Quando Raul Seixas disse pra você ser "uma metamorfose ambulante" não quer dizer que é pra você ser um trouxa que muda de ideia toda vez que ouve uma coisa nova.
Eu to com aquela energia..
200 watts passando por mim
E foi você que me deixou assim
E você nem se deu conta ainda
Pulsa,pulsa dentro do meu coração
e faz minha pele arrepiar
você é tentação ...
eu;a vontade de pecar
Então antes que o feitiço acabe eu quero te beijar ;
como se nunca mais fosse te encontrar ...
Porque na verdade ninguém sabe oque amanha trará .
Faça aquilo que te faz sentir inteiro.
Se deixe levar pelo que esta dentro do seu coração
Siga oque esta no seu próprio roteiro
e não oque te dirão.
Eu voaria de prazer...
Eu dançaria de loucura...
Sem se importar com que iam dizer;
Eu seria mais malicia,menos cordura.
O tempo não passou;
Ele voou...
eu vou continuar aqui onde estou.
Ainda caminho na rua onde agente se encontrou...
Eu evito pensar nos tempos antigos
Sinto falta de estar contigo
Do sermos amigos
Do seu sorriso meigo
Eu sinto que teu coração bate distinto...
É bicho dócil, mais ainda selvagem...
Anda se guiando pelo seu próprio instinto,
é livre e ama o que lhe faz sentir bem...
A minha alma é desinquieta
Ela nunca em linha reta
nessa vida incerta
Sigo perambulando pela estrada deserta
Os rostos ao meu lado me parecem ser tão estáticos
talvez meu coração e minha cabeça sejam muito problemáticos
Só tenha desejos de lunáticos
e pensamentos psicoticos
Acho que estamos ficando especialistas em contatos superficiais, sabe?
Nada de coisas muito profundas...nada que gaste muito tempo...afinal, estamos sempre com pressa, pois estamos indo, indo, indo...pra onde mesmo?
A lógica da pressa tem permeado nossas relações, em um patamar absolutamente preocupante.
Parece que estar apressado virou um item de moda...e assim como um pretinho básico, cai bem em todas as estações.
Os comerciais dizem que não temos tempo pra sentir dor, a novela mostra pessoas apressadas, ricas e sorridentes, os carros correm como se estivessem numa corrida sem fim...as crianças não sabem mais esperar, querem tudo agora e querem tudo rápido e os pais também apressados em continuar “compartilhando” a vida nas redes sociais, sedem logo aos seus pedidos, afinal...ninguém pode com essas crianças de hoje, não é?
Desculpa, mas acho que tem alguma coisa muito errada com a gente...muito mesmo.
Creio que não estamos percebendo que a lógica da pressa está levando partes das nossas essências...estamos perdendo habilidade de fazer contato olho no olho, abraçar e ser abraçado, ouvir com atenção, falar o que sentimos, calar quando for preciso.
Conversar bobagens virou assunto proibido, ficar de bobeira virou perda de tempo.
Onde você pensa que vai chegar assim?
Vale lembrar que também não há tempo pra isso de tristeza... posta uma indireta em quem te deixou assim que tá ótimo, nada de entrar em contato e tentar resolver, isso é coisa do passado.
O que percebo é que a lógica da pressa encontrou nas redes sociais um casamento perfeito, nos mantém na ilusão de que ainda somos seres sociais, que interagimos e compartilhamos a vida, e até fazemos isso...mas cada vez mais superficialmente.
E pra piorar, somos cobrados o tempo todo pela resposta rápida...afinal, por que você passou um dia offline mesmo?? Que absurdo!! Em que mundo uma pessoa vive sem olhar o whatzap? Em que mundo vive alguém que não posta a vida inteira no Instagran? Como assim você não leu a conversa toda do grupo??
É quase uma “obrigação moderna”.
E sinceramente, não creio que o erro está nas redes, nem nos relógios, mas na dose...Viramos vítimas da pressa e estamos esquecendo da nossa obrigação conosco, a de dar alma aos nossos dias, de viver o momento até ele findar, saboreando cada segundo.
Eu me sinto como Padre Fábio falou em uma de suas postagens sobre pressa...estou fazendo pirraça, finjo que vou, mas não vou...rsrs. Sinto que eu ainda gosto de dar alma ao meu corpo, mesmo quando “a vida não para”.
Dani Oliveira
Ela não queria que fosse fácil, só queria que fosse possível
Despedir-se de alguém que nunca chegou
Fechar a porta que não se abriu
Esquecer dos beijos que não roubou
E dos sonhos que nunca sonharam
Ela queria que fosse possível esquecer as histórias não vividas
Consertar os erros que não cometeram
Voltar a lugares que nunca foram
Ou repetir as brigas que nunca tiveram
Ela queria ter ao menos um coração partido pra curar
Músicas pra recordar
Algumas fotos pra jogar fora
Ela queria poder libertar-se da ilusão do quase
E parar de viver de esperas
Como um relógio que não aceita os efeitos do tempo
Mas, por hora, ela continua sua busca por infindáveis não começos
Derramando-se em tinta e verbos
Filosofando sobre amores que não findam
E sobre a dor de não saber o que seria
A fome de amor nos cega os ouvidos, nos ensurdece os olhos, confunde nosso paladar... hipersensibiliza nosso ser...nela, nada parece o que realmente é. Confundimos migalhas com banquetes, frases soltas com declarações, frieza com distração passageira. Aceitamos o quase, o morno e o raso, talvez, para não dar de cara com o vazio ou com esse abismo que tememos encontrar caso optemos em ficarmos sozinhos de fato. Vivenciamos assim o tipo de solidão mais cruel ao ser humano, a solidão a dois. Esquecemos que é impossível amar por dois...doar-se por dois, pois o amor é coisa que vive de reciprocidade, cuidado e boas doses de dedicação. O amor nos melhora, nos multiplica o positivo, eleva a nossa alma. O resto disso é a confusão que fazemos quando a fome de amor nos entorpece a alma.
Esvazia teu coração das coisas que ocupam espaço sem, no entanto, te preencher daquilo que te faz feliz.
Busco por metamorfoses que me proporcionem crescer e evoluir, mesmo que as pedras do caminho pareçam maiores que a coragem que estou aprendendo a ter.
A dor última é sempre a maior de todas
O último abismo é sempre o mais profundo
Assim como o amor último é o mais intenso
E o beijo último o mais doce
Não pela falta de valor das coisas que vieram antes,
mas pelo fato de ainda estarem repletos de sensações frescas, capazes de nos tocar da forma como as coisas passadas já não podem mais.
Gosto da minha inquietação e dessa coisa que me pede para mudar de lugar constantemente. O que permanece em mim é a mudança, a metamorfose e a transformação. Isso não me faz menos fiel, menos doce ou menos sensível, mas coloca-me em contato com o mundo e com as pessoas o tempo todo, e ao mesmo tempo que transformo coisas, sou por elas transformada.
Sou um ser do mundo e o mundo é um ser em mim.
Existe sempre alguma beleza em tudo o que vivemos.
Existe sempre uma lição que nos será útil em outros momentos.
É importante perceber que cada pessoa entra em nossa vida por algum motivo
Nem sempre é possível compreender esse motivo no momento que queremos.
A nossa necessidade de entender tudo instantaneamente, por vezes, nos torna limitados.
A angústia gerada pelo não entendimento, pode nos roubar a possibilidade de perceber a simplicidade do que insistimos em complicar.
A beleza do agora é o presente