Dan Cezar
Não guardo tesouros de barganha. Tenho comigo a composição dos versos. Um bolso cheiinho de palavras. Uma boca molhada de poesia. Faço compridos os braços pra cheirar vida. Estico as pernas pra sonhar sorrisos. Sou olho que esgota encantamentos. Um poeta de pequenices e miudezas alojadas em coração insano. Tenho um plano de sonhar. Há que se dar gosto ao céu, ao sol, ao chão de cores. Torcer amores em tina velha de guardar brilho de viver. Alucinar as palavras com o medo de ser lúcido. Preciso pintar loucura santa na língua de dizer verbos. Ali onde tudo nasce líquido. Onde os ponteiros do tempo enferrujam. Vou, pois, beijar estradas. Vou alargar de grande um sentido. Fazer vivido um amor. Embolar olhares. Rezar promessas de ser. E o mais difícil, permanecer. Hoje floresci coragem.
Amo saber um verbo que quebra. E acordar com as palavras de mim. O sol é meu. O azul quer pertencer. O chão procria. Toda vida é poesia de nascer. Todo amor é vida de sentir. Todo sentimento é derramamento de lonjuras. Daquilo que se quer. Daquilo que se sonha. Uma figura, um número, me faz saudade. Meu tamanho de querer é eternidade. Minha pálpebra te guarda. Eu sempre vou te esperar.
Tenho um afeto por coisas simples. Nesse ponto eu maravilho! Gosto de dar ao amor costumes de sorriso. O sorriso é um delírio de ser. Ele é estado. O amor honra a sua significância. E regozija no sorriso cúmplice.