Damarys Fernandes
"Muitas vezes, o verdadeiro amor surge de um singelo olhar de uma criatura ingênua, e permanece oculto no coração de um adulto padecido".
Voam!
Mas, voam como um belo pássaro ao sair de uma gaiola.
Sem olhar pra trás.
Pois o caminho é longo e árduo. E o que verás logo a frente, és magnífico.
Nenhuma palavra foi dita
Nenhum toque foi sentido
Apenas olhares tristes e confusos foram expostos.
- Isso dói, e como dói!
Despediu-se sem olhar para trás,
passos apressados foram dados como quem não queria justificar o injustificável.
E assim findou-se.
Dois corações lesionados coabitando nesta vida.
Tento recompor-me,
esvaziar-me de todos os resquícios que tu deixou-me.
-Alguns já se foram.
- Outros?! continuam insistindo em permanecer.
impregnados... corrosivos...
Já tentei de tudo e de todas as formas retirá-los.
Baby, e quando ouço blues são nesses raros momentos de deleite que os meus sentimentos intensificam.
Como queria esvaziar-me de tudo, das lembranças, dos devaneios, de você.
Ah, como queria apagar-te e deixar-te 𝚒𝚗 𝚖𝚎𝚖𝚘𝚛𝚒𝚊𝚖.
Hey fadinha, suas canções tocam tão alto como os ‘sets de pedais’ que o Slash toca.
Sabe, o que é mais engraçado disso tudo? Não sai nenhum som.
Emoção? Nenhuma.
Um vazio total ecoando no ar como a sua própria vida.
"Ao eu do passado, um encontro imaginário".
Se o tempo nos permitisse, oh, criança que fomos,
O que diríamos a ti, ao olhar teus olhos sombrios?
Como num abraço, acalentaríamos teu coração,
E com carinho, enxugaríamos tuas lágrimas de emoção.
Oh, protegeríamos de todas as dores e desilusões,
Das escolhas simples, das duras consequências e lições.
Seríamos o casulo, a membrana resistente a toda dor,
Preservando-te no aconchego, longe do mal e do temor.
Diríamos que as rejeições, por mais simples que pareçam,
Um dia passarão, e em ti, a força e a resiliência crescerão.
À menina na foto, eu diria, tudo aconteceu como deveria,
Amo-te, querida, com todo o meu ser, toda minha energia.
É como virar um quadro de uma obra de arte e descobrir que o pintor pode ter iniciado de um ponto de perspectiva diferente, e que talvez a sua inspiração não seja aquela findada e fixa na parede. A arte é um reflexo do artista, mas também é um espelho que reflete aqueles que a veem. O artista deixa seu rastro na tela, mas o observador também deixa o seu, na forma de interpretações e sentimentos.
Por vezes, o pintor poderia ter esquecido algum detalhe pelo caminho ou se perder entre as infindáveis cores que uma pincelada proporciona em apenas um delicado toque. A presença de algum fio inconveniente e desajustado do pincel, que naquele exato momento de sua inspiração tocara a tela e traçara o retoque. E tudo muda, a posição, a sombra, as luzes, o volume e até a superfície que àquele toque deixara.
Assim, é cada um de nós nesta vastidão do tempo que é a vida, quando revemos e desnaturalizamos a nossa óptica. Temos a capacidade de mudar a perspectiva a partir da qual vemos a vida e a nós mesmos, e essa capacidade é uma forma poderosa de crescimento e autodescoberta.
Aí sim, compreendemos que temos muito que desprender para concernir os significados de todas as nossas composições. Para quê fomos criados e porque estamos despertando elementos constitutivos em olhares de outrem. Nosso papel no mundo é algo que construímos e reconstruímos ao longo de nossa existência, e cada ação, cada interação, cada pensamento contribui para essa construção.
Como pode a loucura de um pintor ser mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza dele ser mais forte que a força humana?! A arte nos ensina que há sabedoria na loucura e força na fraqueza. O ato de criar é um ato de coragem e força, e a liberdade criativa que o artista exerce é uma forma de sabedoria que desafia as convenções e desafia as expectativas.
[...] E Deus viu que o que havia feito era bom.