D. Paulo Evaristo Arns
D. Paulo Evaristo Arns nasceu em Forquilhinha, Santa Catarina, no dia 14 de setembro de 1921. Filho de descendentes de imigrantes alemães, iniciou seus estudos em Forquilhinha.
Em 1939 ingressou na ordem franciscana do Seminário São Luiz de Tolosa, em Rio Negro no Paraná. Em 1940 entrou no noviciado em Rodeio, Santa Catarina. Foi ordenado presbítero em 30 de novembro de 1945, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Durante dez anos exerceu o ministério dando assistência à população carente de Petrópolis.
D. Paulo lecionou no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis e na Universidade Católica de Petrópolis. Cursou Filosofia Cristã e Línguas Clássicas na Universidade de Sorbonne, em Paris, onde se doutorou em 1952. Após retornar ao Brasil, lecionou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da cidade de Agudos e também em Bauru. Em seguida, retornou à Petrópolis e atuou junto à população carente.
De volta a São Paulo, foi indicado bispo auxiliar de Dom Ângelo Rossi. Em 1970, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Em 1972, criou a "Comissão Brasileira Justiça e Paz", da diocese de São Paulo, para denunciar os abusos do regime militar. Nessa época, peregrinava de quartel em quartel, usando sua influência para libertar dezenas de presos políticos.
Em 1973, no mesmo ano em que foi promovido a cardeal pelo Papa Paulo VI, o religioso pôs à venda o Palácio Episcopal Pio XII. O dinheiro foi usado para erguer mais de 1200 centros nas periferias. Incentivou a instalação de 2000 comunidades eclesiásticas de base, que pregavam o combate à desigualdade e à miséria. Em 1985, ele criou a Pastoral da Criança, com a irmã Zilda Arns.
Desagradou ao Vaticano conservador ao apoiar a Teologia da libertação, se posicionando ao lado de Leonardo Boff. Foi um dos principais nomes na luta contra a ditadura e ficou conhecido como o “Cardeal da Esperança”. Ao lado do pastor presbiteriano Jaime Wright, coordenou o projeto "Brasil Nunca Mais", que reuniu documentos e denunciava a prática de crimes cometidos contra os presos políticos.
D. Paulo Evaristo Arns escreveu 56 livros e recebeu 24 títulos honoris causa em universidades do mundo todo. Era o mais antigo de todos os membros do Colégio Cardinalício. Como cardeal eleitor, participou de dois conclaves, os de agosto e outubro de 1978, que escolheu o papa João Paulo II, a quem recepcionou em São Paulo em 1980.
Em 1996, Arns completou 75 anos, a idade em que pelo Código Canônico o cardeal é obrigado a apresentar sua renúncia ao papa. Depois de uma carreira de 28 anos, o religioso se aposentou em 15 de abril de 1998. Foi então nomeado Arcebispo Emérito de São Paulo.
Há dez anos, o religioso mudou-se para um convento franciscano em Taboão da Serra. Em 2010, sua irmã Zilda Arns morreu durante o terremoto ocorrido em Porto Príncipe, capital do Haiti, onde realizava trabalhos humanitários. D. Evaristo faleceu em São Paulo, no dia 14 de dezembro de 2016. Seu corpo foi sepultado na Catedral da Sé.