Cristina Rodrigues
Angustia
A minha angustia transmite toda realidade que eu desejo esquecer,
Sou mulher, preciso de alguém que possa me envolver em seus braços, me aquecer.
Angustiada, sozinha, triste...
A dor que no coração persiste.
Faz tempo que não sou amada, que não recebo um beijo.
Tenho ânsia de Amor, desejo.
As vezes eu preciso cair num terno laço
De Amor, de afeto, um abraço.
Me resta agora procurar um ombro amigo,
Para encontrar esse afeto, esse abraço, um abrigo.
Aperta forte o peito cheio de angustias, sem muitas alegrias...
Talvez eu só encontre esse sonhado Amor somente em minhas poesias.
E quando chega o crepusculo ouço o acorde de um violino solitário... O que me conforta é o ósculo de um amor imaginário.
Meu verso é chama ardente
Que ilumina a escuridão.
É sangue quente,
Que pinga gota a gota ao coração.
Procura-se
Procura-se um amigo, um confidente
Que me faça sorrir e me sentir contente.
Procura-se uma família amorosa,
Que seja comigo, muito atenciosa.
Procura-se um sorriso, que neste momento
É tudo que eu preciso.
Procura-se um amor que me tire da solidão
E socorra o meu coração.
Procura-se um remédio
Que me livre dessa dor, desse tédio.
Procura-se um endereço
Que seja este: Rua da felicidade,
Casa do coraçao, bairro do apreço.
Procura-se alguém que me complete,
Que de novo me faça sonhar
Porém ele não existe,
Mas o meu coração insiste
Em nele acreditar.
Te espero...
Poesia-me
Discorra-me em cada linha do teu branco papel.
Conduza-me pelas rimas do teu gracioso cordel.
Em cada página, do texto ao tema,
Vista-me de poema.
Cubra-me de versos, enfeita-me com letras primorosas,
Em tuas escritas angustiantes ou prazerosas.
Em cada estrofe, defina-me com candura.
Poesia-me e transforma-me em literatura.
Um universo em mim
Dentro de mim existe um universo
E a minha alma é um planeta sem cor,
Lançado no subverso
Por se afastar do sol amor.
O satélite da minha alma é o coração
Com seu interior vazio.
Lá é tão normal a solidão,
Orbitando meu espaço tão sombrio.
E quando aproxima da alma, o coração
Ocorre uma enchente de sentimentos,
Paixões, fantasias, medo, desilusão
Bem-estar e também sofrimentos.
Meus sonhos são estrelas cadentes
Que por descuido foram embora,
Mas uma ou outra aparece tão de repente
Que lembra as felicidades de outrora.
Meu corpo é uma galáxia empoeirada
Abondonada pelos astros, vazia...
Não há contentamento, não há nada
Apenas o desejo de encontrá-los um dia.
E quando tudo parecia estar perdido
Surgi neste vacuo uma clareira,
Era o amor que havia persistido
Em afastar de mim toda barreira.
As sombras ficaram para trás
Meu mundo tornou-se outra vez iluminado,
Deixando meu espaço mais vivaz
Por causa do amor ensolarado.
E agora posso enfim perceber
Que esta luz me aquece e me acalma,
Pois é maravilhoso poder sentir e ver
O sol nascer no horizonte da minha alma.