Cris Milanni
Onde o caos nos tocou
A vida nos fora sugada
E a alma desamparada
Seria o amor a cura?
À nós reles mortais?
Amaldiçoados a morte
Jogados a própria sorte
A "humanidade" está em extinção
Desde quando tornou a nossa
Principal algoz
O que seriam das almas
Se não fosse a poesia
Para vesti-las de amor
Cobri-las em analgesia
Depois de cada verso
Somos mais humanos
Menos matéria
E mais alma
Há um infinito dentro de cada um.
A dimensão de todo o universo, em nossa mente.
Um mundo sem fronteiras, num oceano que permeia todo o nosso interior.
Ainda que haja caos em toda amplitude do nosso ser, há células que copulam entre si, toda uma constelação de calma, para a nossa alma.
Somos tão complexos em nós mesmos, que nos limitamos;
Em Ser apenas mais um na multidão.
Feito um verbo sendo sorvido pela língua
Agairrando-se no céu da tua boca
Escorrendo pelos cantos de desejo
Vou sugando e sentindo o gosto
da poesia que tem o teu beijo
No entrelaçar das línguas, brincando com epílogos, traçando os contornos dos nossos lábios
Logo, vão surgindo as primeiras estrofes
Efervescentes
Insanas
Traçadas no céu das nossas bocas
Não será na inércia dos sentidos
Nem no holocausto das dores
Viveremos presos e rendidos
Ao caos da mórbida realidade
Não sangraremos por vis amores
Pois é preferível sangrar verdades
Do que afagar o ego com mentiras
Despi-me do horror das sombras da alma.
Senti o fulgor da vida desabrochando;
Beijei o espelho, fiz as pazes com os meus demônios.
Superei sangrando os meus traumas,
Quando uma nova aurora em mim
estava nascendo.
Banhei-me nessas águas turvas
Sobre o lodo efêmero do oceano
Suportando este trôpego desatino
Presa nas linhas, margens e curvas
Por onde anda a humanidade que habitava em mim?
Aquela luz emergente de alegria, onde renascia a esperança tão ingênua, quase sem fim
Usurparam-me a felicidade, a minha inocência
Sobre as sombras instáveis do meu céu Cativeiro da minha essência
Num cinza pálido e com nuvens carregadas chovendo sobre a minh'alma
Desabas sobre o túmulo do meu peito
Agora eu sei o significado do "apocalipse"
Há tantas lágrimas almejadas pelas íris da alegria,
Há tanta alegria desovada no útero de tuas lágrimas por ti desprezadas;
Mas a porta se fecha em um mundo onde nunca houve portas,
E a chave da tua liberdade se afogou nas fechaduras do desengano,
E o Desengano sopra uma brisa torrencial de certezas em teus ouvidos,
E as Certezas deliram no porão de tuas retinas e de tua alma platônica.
Seriam só minutos, que transformaram-se em horas
Foram dias, que arrastaram-se por meses, anos
Havia algo que a minh'alma pressentia
O Tempo ressentido com o destino, cheio de desenganos
Onde um verbo mal conjugado, nos hiatos dos meus porquês
Alimentaram os monstros que nasceram dos meus medos
#Pressentimento
Estar condenado aos teus impróprios pensamentos;
Torna-o escravo do infortúnio...
Se não há liberdade na idoneidade
Reprima-lhe os desejos, seja apenas um escravo, falido desta hipócrita sociedade.
Algo incontrolável tomou conta do meu ser, estou em êxtase absoluto! Incoativa aos séculos... Aonde os desejos do corpo celeste, adormecia em minhas órbitas.
Sobre a ponta dos meus dedos, acaricio as rotas dos planetas, e no limbo das constelações; explodo!
Refugiando-me num gozo, nos fragmentos de um meteoro, na explosão do prazer e o caos. Acalmo entre os toques sutis, implodindo-me em colapsos orgásticos.
Assim sou feita: de caos!
Sempre só, em meus anéis inefáveis...
Nossas vozes ressoam
Em ritmo suave do silêncio
As nossas canetas gritam
Quando versos são escritos
Nossos "Eu - líricos" se agitam
A eternidade das palavras
Nascem junta, com os verbos
Nós dois éramos amor. Eu era uma rosa negra e você era um floco de neve, mas erámos incapazes de coexistir, porque as flores não podem florescer no frio.
No entanto, quando acabou, a verdade ficou mal interpretada.
De repente eu era um espinho da rosa que te feriu até sangrar.
E você, com um toque gélido que me tirava a vida e me deixava sem ar.
Criamos falsos retratos um do outro,
para tornar tudo isso um pouco mais fácil de lidar. Mas a verdade sempre ficará...
Ressoando através de todas as mentiras e todos os sonhos que tornaram pesadelos.
Nós éramos... ambos: beleza, pureza, fragilidade, amor.
Nós... apenas não fomos feitos para dar nosso amor um ao outro.
E agora nós dois sangramos, porque a parte mais difícil: é aceitar que não fomos predestinados a sermos um do outro.
No fundo já sabíamos...
As flores de primavera não vingam no frio do inverno.
A noite escura aos teus cabelos enegrece,
O desenho do mar que nos curva
Retrata a tristeza da fria água turva
E em seus olhos soturnos o infinito floresce
.
Reflui sobre a água negra sua pele clara
Vejo-te ao fundo do mar, beleza quase finda
E tuas palavras, espere, quais já não ainda,
Uma distância perdurável que nos separa
.
Padecimento! Teu existir é como um véu
Que espalhe quanta dor, delito momento
Estas inúteis agonias que afastam-me do céu
.
Sem ti, meus olhos são abertos
Porém alma, tenho claro passamento
São inundas do nada; um deserto
O silêncio é a música da vida.
Nenhum de nós nunca mais cedeu...
Ao devaneio que se perdeu
Custou muito que dizer ao perceber
Que tudo nessa vida ainda pode se perder...
E quem disse que toda música de amor é só puro merchan pra
vender...
Ainda vai ter muito do que se arrepender.
Não que não seja a coisa mais óbvia a se dizer
Mas depois que terminou, nenhum de nós voltou
Não que seja a coisa mais triste a se dizer
Mas é um fato que não há mais amor
Não existe elo algum remanescente
Nenhum verso bonito num sol ardente e poente
Não é a coisa mais certa a se falar agora...
Mas sinto tanto por nós mesmos que nos deixamos morrer
Abrindo mão de tudo que nos ligava
É por isso que existe o negócio do amor
Sempre irá render muito espalhar essa dor
A doce angústia se decompondo
Em tanto mais e até em certo jocoso louvor
De cada dia morrer um pouco
Por tudo abandonado, tão atroz e jogado
Talvez seja por isso que essa música sempre tocou
No silêncio
No eterno luto de intervalos que ousamos chamar de estupor.
A espera dos dias, tão demorados
O eterno amargor por tudo arruinado
Aos poucos é possível ouvir um leve sibilar
Não de pássaros, mas só o tempo gemendo pelo o que ainda
falta levar
Sem chorar
E até indolor, incolor
O silêncio extenua e mata aquilo que queríamos que fosse amor
Os meus pensamentos divagam, nostálgicos.
O coração ansioso, a taquicardia rotineira causada pela espera. Parece que os dias se arrastam, as horas parecem dias e os dias parecem meses. E tudo está sem cor, ausência da alegria lá fora e aqui dentro, parece está pior. Já não tenho alívio nas drogas em cápsulas, nem sequer em taças de vinho em outra companhia. Caio no impasse, na monotonia dos dias... O meu corpo letárgico, sucumbe aos dias de ócio.
A fé parece ter me abandonado. Tornou um rifual e tudo só se repete, nos vazios onde tudo se comporta, mas nada o preenche.
O sol nasce outra vez, e mesmo inerte, quase sem vida, o sangue ainda quente ainda percorre o teu trajeto habitual. Sigo na inexistência, nas partículas invisíveis. Deixei de vomitar palavras sem sentido, o silêncio, tem sido o meu triunfo. Nele eu grito e expresso o que eu sinto.
Tenho um coração arisco e indomável.
Desinquieto por natureza. Desgovernado!
Não é ritimado em suas batidas...
Quase capota, feito um louco
Alucinado!
As curvas que a minha caneta traça,
são endoidecidas.
Trajectos das loucuras de um poeta.