Cris Lisbôa

Encontrados 5 pensamentos de Cris Lisbôa

⁠Pessoas são galáxias e, perdão pelo óbvio ululante, galáxias têm estrelas. Acontece que também têm outros corpos celestes, matéria escura, buracos, planetas, poeira, gás cósmico.
Tudo coexistindo, de modo perfeitamente confuso, orgulhosamente caótico.
Tipo gente.
Que de vez em quando ri de nervoso, fala o que não pensou, silencia o que deveria ser dito, hiperventila de medo, vai embora porque não sabe existir quando a vida faz o que sabe fazer de melhor: gargalhar dos nossos planos cheios de certezas.

Cris Lisbôa
Meu coração diz teu nome. Rio de Janeiro: Rocco, 2023.
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⁠Gosto de amor fácil. Que saiba: percepção requer envolvimento, juízo bom é pouco, assunto importa. Prefiro amor aparente. Em que feriados são inventados, atos falem delícias, exista perfeito acolhimento de convites ao silêncio. Quero amor sem ornatos. Com fomes primitivas, espantos ofertados de vez em quando, ventos deslinhavador de certezas. Espero amor visível. Capaz de transtornos em relógios, desperdiçar-se em fantasias, cair em precipícios, domesticar vendavais. No entanto, terei o desconhecido, inesperado, arrebatador amor que é teu. Sorte minha.

Cris Lisbôa
Tem um coração que faz barulho de água. Rio de Janeiro: Memória visual, 2018.
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⁠Sem um abismo de vez em quando, graça alguma tem a vida, amor.

Cris Lisbôa
Tem um coração que faz barulho de água. Rio de Janeiro: Memória visual, 2018.
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⁠Nunca conheceu as estrelas quem ouviu a razão.

Cris Lisbôa
Tem um coração que faz barulho de água. Rio de Janeiro: Memória visual, 2018.
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⁠Aprendi diversos tipos e uma só regra: fazer pão é como se apaixonar. É preciso sentir os ingredientes. A cócega que a farinha provoca na palma da mão, o deslizar da manteiga, o fermento que é fino mas pesa um pouco e gruda nas linhas das mãos. Depois, dedicar atenção à sova, ao amassar vigoroso. O repouso da massa aproxima os cozinheiros dos escritores. Assim como um texto precisa descansar as palavras por um tempo antes de ser apreciado por olhos alheios, a massa pálida do pão precisa ficar só para se fazer magia. Estufada, com o dobro do tamanho e uma textura areada está quase pronta. Dependendo do forno, dá para fazer até dois tipos de milagre ao mesmo tempo.

Cris Lisbôa
Papel-manteiga para embrulhar segredos: cartas culinárias. Rio de Janeiro: Memória Visual, 2006.
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