Cris Billis
Desamor
Dói o desrespeito,
o desprestígio,
o desprezo.
Dói o desconsiderar,
o destratar,
o desatender.
Dói o ‘des’, o prefixo ‘não’ que
aparece ironicamente após o
bem preestabelecido.
Dói o desencontro,
depois do grande encontro.
Dói o desamor,
depois do grande amor.
E, por último, mas não menos padecido,
dói o fim propriamente vivido:
aquelas últimas palavras miseravelmente ditas.
Pandemia
E de repente nada mais fez sentido.
O brinco na orelha
O batom vermelho
O salto alto
A tinta no cabelo.
A vida ganhou um novo sentido...
O sentido do medo,
Do distanciamento,
Do isolamento...
Pra que o brinco?
Pra que o batom vermelho?
Pra que o salto alto?
Pra que a tinta no cabelo?
Não tem mais pra que... ou por quê.
Ficou a essência: o ‘ser’ e o ‘sentir’.
Cris Billis