Constantin Noica
Quando tivéssemos compreendido que a eternidade não é condição suficiente para realizar o ser (...), poderíamos enfim perguntar-nos se é de fato na consciência de sua natureza “perecível” (...) que se deve buscar a causa que faz do homem esse “animal doente” por excelência que nele já se reconheceu.
Quando, por um gesto elementar de lucidez, o homem desperta da hipnose dos sentidos comuns que geralmente o manobram – no interesse, aliás, da espécie e da sociedade –, ele busca por todos os meios curar de sua amargura de ser uma simples existência individual sem nenhuma significação de ordem geral.
É verdade que todos amamos o que podemos modelar; amamos a obra que sai de nossas mãos. Mas que amor, este! Assim que nos entregamos ao trabalho, sentimos de modo claro que já não amamos verdadeiramente o ser ou a coisa que se faz sob nossos olhos; através desse ser ou coisa, o que amamos é a ideia que nele introduzimos, isto é, o geral.