Cleber Oliveira
Sabe quando o tempo está frio, que você precisa de um banho, mas não cria coragem pra tomá-lo. Você liga o chuveiro, observa aquela água quente -tão quente que chega até a sair fumaça- escorrer, você sabe que será um banho delicioso, e que é preciso tomá-lo. Afinal, você precisa se higienizar. Mas você pensa que no final, depois dessa água extremamente quente, você vai ter que enfrentar o vento frio. Você pensa que se sair dali e não se enxugar rápido você irá congelar, pois a temperatura está muito baixa. Você fica no vai ou não vai. No entra ou não entra. E no final sempre acaba vencendo o seu receio. Você entra e toma aquele banho gostoso, que parece lavar até a alma. Então, é assim também com o amor. Você sente e sabe que está amando aquela pessoa, às vezes você chega a amá-la mais do que a você mesmo. Você pensa nela o tempo todo, a todo instante. Você dorme com ela na cabeça e acorda com ela na cabeça. Tenta se convencer de que não, mas todos os caminhos te levam a crer que sim: Você está amando. Você sabe que se entrar debaixo do chuveiro, você viverá momentos únicos, incríveis. Porém você teme o final do banho, você tem medo dos momentos difíceis que virá a enfrentar e que terá de engolir o orgulho. Terá que sair da água perfeita, e correr até o cabide pra buscar a toalha e se secar. Você tem medo de não aguentar o termino do banho, ou simplesmente tem medo do fim dele. Você tem medo de que tudo acabe, e você, você também acabe congelando.
É sempre assim. Ninguém nunca vai lembrar das coisas boas que você fez. Do momentos que você foi o único que ficou, que permaneceu enquanto todos os outros foram embora. O único que ofereceu o ombro, o colo, o rosto pra bater. Porque isso é apenas sua “obrigação”. Mas quando você erra, mesmo com a melhor intenção. Você é cobrado, é maltratado, é pisoteado. Tudo que você fez é jogado no lixo. Você não presta mais, te deixam de lado, te mandam pra escanteio. Eles esquecem que você é humano, que não é perfeito. Pior ainda, se esquecem de que eles também são assim.
Você tem medo do término, tem medo do fim, mesmo antes do começo. Você tem medo de se entregar, de amar intensamente e não ser recíproco. Você tem medo de ser trocada pela primeira que aparecer na frente dele. Você tem medo de quebrar a cara mais uma vez. Porque eles são todos iguais. Mas eu discordo. Ainda existem aqueles que são diferentes. Poucos, mas ainda existem. Então se encontrar um deles por ai. Não o deixe fugir.
Ainda me lembro da primeira vez que a vi. Ela estava sentada com os amigos, usava um vestido floral, não muito curto, nem muito longo. Seus cabelos longos soltados ao vento. Notei que não usava maquiagem, apenas um pouco de lápis nos olhos. Tinha um rosto lindo, um sorriso encantador. Me apaixonei instantaneamente, como em um passe de mágica.
Perdoo uma, duas, três vezes se necessário. Afinal sei que você também é humano e assim como eu também erra. Porém permanecer no mesmo erro já é sacanagem né? Você faz, refaz a mesma coisa, do mesmo jeito, várias vezes. Chega uma hora que não dá, simplesmente não dá para aguentar mais. Então quero deixar bem claro, se você persistir no seu erro. Não irei brigar, nem te mandar embora. Eu mesmo irei arrumar minhas malas e dá o pé para longe. Não vou fazer nenhum drama, não quero te ver me pedindo pra ficar. Só espero que você consiga viver sem mim, porque quando sentir minha falta. Já pode ser tarde demais.
Sou um simples camponês, sou escravo da rotina, amante da felicidade, apaixonado pelo que é simples. Sou um burguês que vende seu amor – o pouco de amor que ainda me resta – nas esquinas de onde me faço presente. Não tenho casa, moro aonde me sinto bem. Sou apenas um andarilho em busca de um motivo/algo por quem lutar. Sou aquele nômade que viaja o mundo todo, mudo todos os dias. E eu não falo de lugar. Mudo minhas visões, meus conceitos e objetivos. Sou só, solitário. Vivo preso na imensidão do meu eu interior. Sofro de excessos de pensamentos, sofro pela falta de amores. Sou feliz e ao mesmo tempo triste. Ainda tento entender isso, mas acredito que seja impossível. Sou uma incógnita, sou o X das equações matemáticas. Sou o sol, a lua, as estrelas. Sou a chuva que cai e molha o campo. Sou o ar, sou o vento que sopra e te toca levemente acariciando o teu rosto. Sou tudo, e ao mesmo tempo sou nada. Sou apenas sentimento, nunca razão.