Cláudio de Andrade

Encontrados 4 pensamentos de Cláudio de Andrade

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Saudades , é quando a voz tú não alcanças
E do peito o coração arrancas
O dá à uma gaivota alada
Para que leva até sua amada ...
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E na volta traz o eco da voz embargada
da princesa na torre trancada
anseando por seu carinho
Por seu calor no ninho
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Saudade é a palavra entalada
Aquela paixão mal curada
O primeiro beijo da princesa encantada
O perfume da primeira namorada
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Saudade é lágrima na face rolada
O lenço guardado onde foi enxugada
Aquela camisa do batom dela manchada
A fita da secretaria com a voz dela gravada
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Saudade é aquela gaveta dessarumada
A camisola por ela largada
Os cabelos que ficaram no pente
A marca dos dedos no tubo de pasta de dente
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Existe a saudade boa
De andar de mãos dadas na rua à tôa
Da risada
Da pizza requentada
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Saudade dos bons momentos
Do corpo em brasa , dos movimentos
Da saliva adoçicada
Do suor , da pele salgada

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Não , a saudade não é um tormento
É um reviver , este sentimento
A saudade é se fazer lembrar
De como é belo amar
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27 .07 .2009
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Hasta La Vista ... ;)
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O que é o amor

Mas o que é o amor afinal
É Bonança ou é temporal
Amor rima com dor???

Um coração apaixonado
Pode ser vitória ou um ideal derrotado
Como saber sem ter tentado

Mulher amada
Uva à ser saboreada
Maça enfeitiçada

Amar é claridade ou neblina
Menina mulher , mulher menina
É ela quem me ensina

É êxtase se tem clima
É vôo de alma nas nuvens , acima
É a conjuração , a rima

O amor é faceiro
Da paixão o herdeiro
Amor de corpo e alma inteiro

É côncavo e convexo
Imoral controverso
O amor é sexo

É madrugada
Ela embriagada
É esposa , amante , eterna namorada

Amar é para sempre
É jura que se cumpre
Não há ouro que compre

O amor verdadeiro
Tem sabor , tem cheiro
É Braseiro , cumplice alcoviteiro

Se ela sorri , ilumina o mundo inteiro
Paixão é fugaz , passageiro
Amor é altaneiro ...

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Era fim de festa
No horizonte as primeiras rajas púrpuras , vermelhas
Ao longe ainda podia ouvir a toada da seresta
As derradeiras estrelas , ainda piscavam como centelhas

Uma brisa suave espalhava aroma de flores
Damas da noite esverdeadas
Pelo dia são inodores
Inebriando o ar das madrugadas ...

Rumo ao dia , pessoas apressadas iam
o começo do burburinho
Suas sinas , seguiam
Cada qual no seu caminho

A última serenata , sob uma sacada
Os olhos da jovem, no alto , brilhavam como um farol
Só foi parada , por um balde de água gelada
O astro rei já surgia , serenata não combina com o sol

Da outra janela :
- Vai trabalhar vagabundo !!!
Grita o pai da donzela.
O que está havendo com o mundo ????

A mãe aparece na porta
Vestindo um camisolão
E o poeta enxota
Com uma vassoura na mão ...

No final daquela viela
no alto de Santa Tereza
Ultima olhada para o mar , coisa mais bela
Um espetáculo da natureza
Os arcos à emoldorar

E o rio seguiu seu curso ... :)

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Escrever é como de olhos fechados te ver


É simples , ser das palavras o cimento
Pega-las , passando ao vento
Unir as frases , formar pensamento
É difícil escrever sem sentimento

Se pegar um argumento
que tenha paixão
saudade ou lamento
Alegria ou desilusão
É este o fermento
Escrever com emoção

Desejo , rima com beijo
com murmuro , com conjuro
pele soa bem com com zele
mel rima com céu


Uma ode à mulher amada
Ou à amada namorada
Um acalanto
Que sufoque seu pranto

O toque suave na pele
um sussuro que seu sono vele
O mão e o cabelo
O corpo dela em pêlo

Talvez escrever um soneto
Com dois quartetos
E dois tercetos
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Falando na natureza
De sua beleza
Procedência divina com certeza
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Da água que desce a serra
Irrigando a terra
Que gritando por socorro , berra

Ou um soneto estrambótico
Estruturamente caótico
Como fazia Cervantes
Poeta de terras distantes

Posso até falar de Jesus
Vivo fora da Cruz
O dignatário da Luz
Que pela mão nos conduz

Escrever uma embolada
Quiçá uma toada
Para ser musicada , trazida por um menestrel
em ritmo de cordel

Ou como um trovador
Falar de amor
De conjunção carnal
Tudo vem junto no meu embornal

Mas ia falar de beijo
Me lembrei do café com pão de queijo
Já é hora de ir
O sol querendo surgir

Lava o rosto , olha no espelho
No céu o nascente já está ficando vermelho
Sente o ar entrar no seu peito , a água que te escorre do queixo
Seja a superficie do rio , e não o fundo , o seixo

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