Claudia Lundgren
"Sou amante das letras
Das palavras
Do poético
Gosto que me recitem
Mas o escrito é o meu veículo
Aquilo que me é difícil dizer
Com minha própria boca
Com meus próprios lábios expressar
É perfeitamente possível
Através da pena."
"Um grande fato:
O que somos
A insanidade
A confusão
A paz
A inquietude
A alegria
A busca
A perda
O momento
Tudo
Se reflete na escrita
Nas fotos
Na arte"
"Sobre o amor?
É canção para os meus ouvidos, o acalento do meu coração, a paz que me invade, a cor que faltava, o melhor perfume, o que me inspira."
"Não sei mais...
Cara ou coroa?
Sim ou não?
Sair ou ficar?
Quente ou frio?
Saia ou calça?
Doce ou salgado?
Rock ou blues?
Café ou chá?
Vermelho ou amarelo?
Humanas ou exatas?
Piscina ou praia?
Drama ou comédia?
Dormir ou acordar?
Que indecisão, quanta dúvida...
Quantos questionamentos..
Par ou ímpar?
O que fazer?
É bom quando a resposta é óbvia
Quando se resolve já
Quando tudo é simples
Agora quero sorrir
No minuto seguinte, chorar
Agora quero falar
Mas mudo de ideia
E logo penso em silenciar
Pensei em parar
Mas ainda bem que veio a dúvida
E resolvi prosseguir."
"Não queria nem pensar. Nem ter tempo pra pensar. Não queria minha mente ociosa nem por instantes. Se ela vaga por apenas um segundo é demais.
Não digo pensar naquilo que quero, não é isso. Pensar naquilo que é necessário. Pensar naquilo que eleva, que exalta, que edifica. Também não é esse pensar que tento evitar.
Queria não pensar naquilo que penso a cada espaço vazio do meu tempo. Naquilo que vem a minha cabeça ainda que eu não queira. Aquilo que involuntariamente vem e me corrói, que me fere.
Tento fechar meus olhos para aquilo que não quero ver, e quanto mais eu tento, mais enxergo. Parece que aquilo que não quero ver me atrai, chama pelo meu nome. Também não queria nem olhar. Nem ter tempo pra olhar. Não queria meus olhos ociosos nem por um segundo. Eles são olhos nítidos, enxergam, então ardem, lacrimejam. Brilham, mas um brilho triste. Olhos caídos, sem vida.
Porque pensamos naquilo que não queremos? Porque não conseguimos evitar? Porque nossas olhos insistem em ver aquilo que nos causa mal? Porque a gente não consegue se desligar? Porque ao deitar essas coisas nos assombram? Porque a cada vazio essas lembranças nos remoem?
É nesse sentido. Não queria pensar, nem enxergar. Nem mesmo por um segundo.
"Meu mundo era colorido
Hoje não sei a cor que ele tem
Se cinza, preto ou branco
Tendo a solidão, a introspecção, ao escuro, ao quarto
Prefiro não lembrar do passado
Muito menos do passado de cores
Porque dói saber que não volta
Um dia espero sair de dentro de mim e conseguir identificar qual a cor do meu mundo"
"São poucas as coisas que têm o poder de me desconcentrar e me desordenar, assim, tão completamente...perco o rumo, perco o sono, perco o ar, perco a voz, enfim, me perco...Suspiro, sorrio do nada, sonho acordada, bem assim..."
"Eu é que fiz bem
Em não ser amor de carnaval
Na vida de ninguém
E depois ser lançada como cinzas
Na quarta feira
Amor de carnaval não existe
No carnaval se usa
Nunca se ama
Que bom estar em casa
Paz, calma
Longe da ilusão, da decepção
Que bom é dizer não
A um amor de carnaval."
"Os segundos são únicos, os minutos são únicos, horas, dias, eles não se repetem. Os momentos são únicos, e igualmente os textos. Eu poderia escrever algo parecido, porém jamais idêntico."
"Chega desse negócio de que há sempre um sapato velho para um pé doente, chega de menosprezar-se. Há sempre um sapatinho de cristal esperando por uma Cinderela."
"Dias tão longos, as horas não passam
A solidão, uma lágrima
A ferida aberta
No corpo, passível de costura
Na alma, como cozê-la?
Invisíveis, imperceptíveis
Gritantes, sufocantes
Sem previsão de cura
Amanhã? Um mês? Um ano?
Nenhum remédio, nenhuma tala
Nenhum unguento, nada sara
Apenas o tempo, mas ele não passa"
Saí de casa, distraidamente, e dei de cara com o meu futuro. Nos entreolhamos. Foi como se já nos conhecêssemos de longa data. Seus olhos brilharam, e ele me disse:
- É claro que é você!
Nada foge ao Seu controle
Se aconteceu, foi permissão
Dá a ordem, o vento para
Ou deixa soprar o tufão
Tudo está em Suas mãos
Sol raiou, o sono voltou
A vela cerebral apaguei
Cortinas mentais fechadas
Adormeci
Mas deixei registrados
Os frutos da madrugada.
Lindas, profundas águas marinhas azuis;
amarelas folhas outonais ao chão;
amor, sentimento intenso, vermelho efervescente;
Vem pintar com qualquer cor!
Iluminar-me, como o sol resplandescente!
A vida é um campo minado
Mas estou de sobreaviso
Olho pro chão, enxergo as bombas
E nelas, já não mais piso.
Quando silencio
Quero dizer muito
Ah, se você entendesse
Minha quietude...
Em meu modo mudo
Falo tudo.
Caminho sem paradeiro
Andando pelo deserto
A lua linda, meu candeeiro
Em viagens a céu aberto
Do tempo, sou passageiro
Chegando a um lugar incerto
Meu destino, o mundo inteiro.
O poeta está ali, no silêncio da madrugada. Enquanto todos repousam, uma imensidão de ideias lhe invade. A imaginação aguçada, sentimentos aflorados. Com ímpeto incontrolável, deseja pôr tudo no papel.
O relógio, que o observava, e vendo que as horas se avançavam, encurvou-se para o escritor e lhe disse:
- O sol já vai despontar. Que tal dormir agora?
- Tudo bem, mas... posso escrever só mais uma?
A menina quis juntar
As partes espalhadas do amor
Como se as pétalas,
Desligadas do miolo,
Pudessem, a ele se unir,
E voltar novamente a ser flor.