Cláudia Gomes
Meu Nordeste, minha Bahia
O verão no meu nordeste
Vai além da Estação
Sol ardente
Chuva fina
Que molha o cabelo da menina
Que toca violão.
Praia cheia de turista buscando diversão
Descanso,
Cor e alegria onde eu moro por opção.
Meu nordeste é prazeroso
Tem festa
Palmeiras e flores colorindo os jardins do meu singelo portão.
Na Bahia, onde moro,
Tem nordestino arretado
Levanta com o cantar do galo
Para deixar preparada
A vinda de quem precisa
Ver natureza viva
Ventos beijando os rostos
Cheiros perfumando as mãos.
Meu nordeste tem as cores
Que a bordadeira tece
Para deixar mais lindo
Os tons da tela da vida
Que se chama coração.
Meu nordeste,
Minha Bahia
Faz do país uma alegria
De paz, amor e ilusão!
Sou passageira do trem
Sou passageira do trem
Estou de passagem
Neste trem chamado vida.
Parti de um local definido pelo tempo
Indefinido pelo amor
E sigo...
E olho os trilhos
Por onde este trem me leva
Paro em muitas estações
São tantas emoções
E busco força nas mãos em minha volta
E vou seguindo
E sigo.
São muitas janelas que o trem apresenta
E poe elas
O vento entra
Sussurra baixinho em meus ouvidos
Parece falar algo
E toca a minha pele
Arrepio-me!
E suas palavras, suaves e tocantes
Penetram minhas veias
Aquecendo intensamente meu sangue de sentimentos.
O trem
A vida
Minha partida
Minha chegada
Chegada onde mesmo?
Sou apenas uma passageira
Em busca de emoções
Das cores que brilham
No arco-íris das Nações
Neste trem vou seguindo
Estou indo
Indo.
Sinto-me pertencente a esta viagem
Tão curta... finita
E vou
Vou vou vou
Ainda não desci do trem.
Poetas unidos pela arte do versar
Há quem diga que o poeta
É um sonhador solitário
Que tem em suas mãos
O dom da inspiração
Mas será que o devaneio compartilhado
Roubaria seus sonhos idealizados?
A poesia é pretexto de quem sabe amar
E desse amor
compartilha boas ideias e devaneios mil
pois quanto mais doamos e andamos de mãos dadas
Pelos caminhos da arte
Mais inspirações nos chegam.
No poema cabe tudo
Menos o fio do egoísmo
Que separa
Os amantes das letras
E das palavras.
Machadivamos
Depois de ler
"O apólogo" de Machado de Assis
Fico eu a perguntar:
Sou agulha ou sou a linha?
Uma dúvida a questionar.
E mesmo sem ser
convidada
para o baile participar
fico aqui,
na minha casa,
vibrando por quem estar
Feliz
dançando
e cantando
no vestido a bailar!
Círculo Poético
Um café.
Um amigo.
Um diálogo para acalmar.
E a poesia
Para nos inspirar!
Um café.
Um bom livro.
Pensamentos a revolucionar.
E a poesia
Para nos orientar.
Um café.
Um sentimento.
Um conselho a presentear.
E a poesia
Para nos ensinar a amar!
Doce livro
Pirulitos de todos os sabores
Maria mole
Balas e chicletes
Bolos e gostosuras
É assim a casa feita de sonhos
Sonhos coloridos
No doce livro infantil
Sabores de amora, morango e limão
Coberturas bem gostosas
que lambuzam minhas mãos
a cada página virada
Vou ficando saciada
Por tantos doces de ilusão.
Ser criança
Ser criança é ser criança
É sorrir sem medo
É correr sem riscos
É pular
Dançar
Cantar
É seguir o fluxo da vida
Sem nada atrapalhar!
Ser criança é ter cuidadores
É ter amor
Escola
Cantigas
É ter livros de histórias
E ser feliz!
Ter sorrisos
Ter memórias!
Saudades em lágrimas
Depois que você partiu
A dor me consumiu
Os dias perderam a luz
As noites perderam as estrelas
Até água dos rios se poluiu
As flores perderam o perfume
Os pássaros ficaram calados
A Lua se entristeceu!
Depois que você partiu
As lágrimas são companheiras
São lágrimas da cor da paixão
São lágrimas Vermelhas!
Pessoas Perfumadas
Pessoas perfumadas
são aquelas
que te mostram a dureza da vida
através das pétalas das flores !
Pantera Negra
É madrugada
E ela está aqui,
Esta pantera negra
Cujas garras afiadas arrancam meu sono
Cujos olhos vibrantes não piscam para mim.
Insônia, deixe-me dormir
Pois a manhã me espera
Para ver o sol sorrir
Insônia, deixe-me partir
Tenho os perfumes das flores
Que durante o dia
Eu preciso sentir
Pois a luz é uma dádiva
E você não pode me impedir.
Insônia, volte a dormir.
Aprender a descobrir
Depois de um tempo
A gente descobre
Que descobrimos
Muita coisa
Com o tempo!
Aprendemos que não adianta
ter pressa
Aprendemos que somos retribuídos
Pelo que plantamos: as palavras, as conversas, o bem querer, as ações.
Aprendemos que sempre temos
o que aprender
Nada se concluí eternamente.
Aprendemos que mudamos de pensamentos
de opiniões
e que por isso
é importante respeitar as reflexões dos outros
A diversidade alheia.
Com o tempo
vamos ficando mais sábios
e mesmo que pensemos que o tempo acabou
Lá vem a vida
nos ensinando
a recomeçar!
Aprendemos com o tempo
que sempre vale a pena
descobrir algo
daquilo que já descobrimos
Daquilo que já aprendemos.
Teu toque
Como o toque da seda
Sinto você chegar
Delicado, inspirado
Modificado pelo luar
Aquecido pelo calor das rosas
Das flores a perfumar
Teu toque
Toca-me
E quero muito
Contigo voar!
Rosas e Pessoas
As rosas encantam.
Perfumam.
Embelezam.
Conquistam com sua humildade.
Há pessoas
Que são rosas.
ECOAR
Do meu silêncio,
Ecoa uma voz
Que grita
Contra o memoricídio.
Temos histórias.
Temos memórias.
Vestígios
Perdão, amor
Pois na sua partida
Não consegui apagar a música da nossa vida!
Perdão, amor
Pois quando você nos deixou
Meu coração
Por ti
Chorou!
Perdão, amor
Por escrever na Constelação seu nome
Com tanta beleza
E desenhar seu rosto
Com uma ponta de estrela.
Perdão, amor
Por fazer da nossa história
Um mar de eterna memória
Vestígios de tanta beleza!
Pedaços
Reuni os cacos
Os pedaços da ilusão
Que caíram em minha volta
Nesta triste solidão.
Fragmentos de uma vida
Da saudade à maldade
Fui catando
Um a um sem olhar para o chão.
Limpei até os farelos
Para não deixar nenhum resto
de tudo que em mim
Causou dor
E que feriu sem pudor
Meu frágil e puro
Coração...
Louco Amor
Louco amor de chegada
Constrói
Eleva-se
Divide
Soma e multiplica
Engrandece
Sorriso
Pluraliza-se.
Louco amor de partida
Diminui
Enlouquece
Desvanece
Cala-se
Transforma e aponta
Distancia-se
Bloqueia
Solidão
Singular.
Louco amor.
Olhar Poético
Como um filme
Vejo cenas que marcaram a sociedade.
Como um filme,
Gostaria de rebobinar muitas cenas
Mudar alguns atores
Alguns lugares
Alguns roteiros.
O 11 de setembro por exemplo
Eu mudaria...
Colocaria meu olhar poético sobre aquelas primeiras horas do dia
Colocaria poesia na vida daqueles homens-bombas
E salvaria!
Tantas vidas
Tantos sonhos
Tantos filhos e pais
Amigos e irmãos.
Não voltaram para casa.
Não acenaram um adeus.
Tiveram suas vidas ceifadas
Pela secura das emoções
Pela amargura de um luta cruel.
Como um filme
Vejo cenas que marcaram a sociedade
E a poesia não estava lá.
Para um beija-flor
Beijo a flor
Da cor de marfim
E o gosto doce do mel
Acabou de vez
Com o gosto amargo do fel
Que a vida derramou em mim.
Foi o beijo doce do beija-flor
Na flor da cor de marfim
Que deu gosto gostoso
À vida toda dentro de mim.