Clarie Rochester
Ser poeta é a razão de tudo ou o sentido é o amor em sua essência? Se a razão é entender o amor dos poetas, não há razão mais para amar quando se descobre o amor dos poetas. Em sua essência, cujo amor é conflitante e faz o poeta sonhar, então que se experimente o amor de Don Juan ou de 007 que cada missão possui uma musa. Mas se o poeta, em sua totalidade, assume que a razão não é ser poeta e sim amar, este sim descobre que a essência do amor está embutido em ser poeta e não amar por amar.
Eu me pergunto qual é o sentido da vida;
Nascer, crescer, desenvolver, morrer;
Em meio tempo, sinto-me um nada.
A angústia que me toma não é a mesma angústia que o outro sente;
O mesmo posso dizer da fome, da sede, da vontade de acabar com toda a tristeza.
Nasço todos os dias ao amanhecer,
Cresço a cada não recebido,
A cada pedra ao chão,
A cada tapa na cara,
A cada término de relacionamento.
Mas o que tenho que fazer?
Desenvolver, aprimorar, não deixar parar o sentido da vida.
Meu corpo pode morrer,
Mas meu eu não morrerá;
Sou Mona Lisa eternizada no quadro de Da Vinci.
É o sentido da vida caindo na rubra rotina mistificada.
A dúvida que não é pretérita, ainda paira no meu pequeno ser;
Amar? Entregar-se para depois se ver só, ao léu, jogado ao vento de Bagdá feito escárnio?
Amar? Lutar pela sede de justiça; criar seu próprio mundo e nesse mundo individualizar-se?
O sentido da vida, questão imensurável, que todos buscam, sangram, amam ou apaixonam-se, enganam-se ou ludibriam, matam em nome do bel prazer que até gozam ou de justiça.
Qual é a visão? preciso informar, é particular!
Nasci de minha mãe, que redundante!
Nasci do Sol, sou filho de zeus, sou um deus.
Faço minha vida, meu universo.
O sentido da vida nasce dentro de mim:
- Assim!!!
Fora de mim estarás mais seguro,
Terás mais autonomia e poderás errar.
Se sinto medo, chama-me covarde;
Se te domino, diz-me demais.
Então que proves minha ausência;
E decidas que desejas por ti.
A busca pela felicidade em cânticos de outrora ou de outrem é local incerto e inseguro para quem não conhece a si mesmo, pois a felicidade é a virtude mais completa que existe dentro de si
Deixo minha utopia para trás;
Velejei sob águas barrentas
Respirei o fel e o amor
E trouxe comigo a tormenta.
Antes acreditava em fada
Tocava em harpa sagrada
Via a luz do manto de zarção
E ouvia a sininho cantando para mim.
Percebia em mim certa inocência
Inocência marcada com beleza
Mas quem é inocente neste mundo
É julgado com aspereza.
Sob o sol e sob a lua
Houve registro de raios e trovões
Marcas de crispas e arrastões
Pelo fato de ser utopista.
Crer em ser feliz
parece fantasioso;
Lutar por um sonho
E ter no calço um algoz.
Tudo parece ir ao chão;
Mesmo quando termina a crepitação
Pedras se erguem em poeira;
Meus olhos não te vê mais.
Misturo-me à multidão na noite, na esperança de embaraçar meus sentimentos, porém é pura ilusão. Sem você a meu lado, tenho mais uma sensação: a solidão.
Mergulho-me em minhas poesias, em meus poemas, na intenção de afogar todas as mágoas e arrancar este amor que se faz algoz.
É só descrição, discrição.
Tela
Abre-se uma tela em minha frente
E minha visão fica muito clara:
Tudo tão perfeito e colorido
Sinto-me lisonjeada.
O céu, as montanhas, as nuvens
O lago, as aragens, você.
Um sentimento de insatisfação
Parece me acompanhar sem delongas
A sensação de incompletude
Vem me atormentando sem se dá conta.
A espera as vezes é cansativa;
E quando parece-me o mais exaustivo
Eu apago, entrego-me ao sono consolador como forma de fulga;
Chega novo momento e te procuro,
... ainda não é o momento!
Incansáveis repetições de fugas e momentos novos
registraram no documento divino, na ata de minha vida o aguardo de sua chegada.
Oh! bendita tela que se aproxima
Cada vez que aparece.
Sua cor, seu verde; sua água, sua limpidez; seu céu, transponível, perfeito.
Isso é esperança.
Pinto a tela que vejo
Eternizo aos meus olhos
Envernizo sua moldura
E a coloco a venda,
Mas logo me arrependo,
... não há valor!
O que parecia muito longe
Já não se traduz da mesma forma.
O meu aguardo é uma certeza,
A sua resposta é a luz.
Vejo-te além do horizonte montanhoso
E no escuro duma noite solitária,
Sinto-te de longe a tua saudade invadida pelo inexplicável de minha essência.
Vejo-te entre as lanças dos teus negros olhos
E sinto-te nas aragens frescas do crepúsculo.
Vejo-te nas lágrimas amparadas pelo teu grande barco
E sinto-te ao ponto de tocar minh'alma.
Estais mais perto, consigo perceber.
Posso tocá-lo daqui,
E de pronto completar-me-á.
Afasto-me, isolo-me por vezes de pessoas
Envolvo-me a bichos, a vegetal, ao vento
Na vontade de entender o que está acontecendo;
A dúvida me responde.
Requisito audiência com Deus,
Sou consciente do que fiz;
Quero apenas ter a certeza
Que um dia serei feliz.
O mundo é elitizado.
Posso pegar três punhado de areia
E assim estatistizar.
Como literatura ao tempo
O homem marca a história
Venera coisa errada
E adora o obscuro.
Há os capitalizadores, os modernizados e os amadoristas
O mundo cresce e não chega a se desenvolver
Logo apodrece;
Em sua ganância
Vai matando como deus
Que assim se ache com todo direito.
E os miseráveis em sua ambiguidade,
Os que não tem dinheiro,
E os que não tem caráter,
Vão registrando suas digitais
No dedal tecnológico da humanidade.
São explosões e terremotos
São maremotos e tsunamis
É o mundo chorando
A sua causa invadida.
O respeito próprio foi esquecido ou apagado
Ou quem sabe assassinado
Pelos quem domina com poder.
E se tenha uma esfera elíptica
Dividida em três partes;
Mas há quem sobreviva
Quem de justo tenha feito
Sua parte crescente
Com pincel transparente
Seu trabalho verdadeiro.
Há quem diga que o mundo não tem jeito
Não retoma mais seu rumo
Na sua marcha crescente
De um mundo elitizado,
Porém progressista.
A decepção é inerente à espera do retorno daquilo que se deu. Dê-se sem espera de recompensa, assim evita a decepção.
Construí uma casinha em minha mente
E nela eu te coloquei num pedestal
Mas você não era aquela
Que ali devia estar.
O amor tem dessas coisas
E não consigo explicar.
Mesmo sendo assim,
Em meu coração já se eternizou
O amor que nasceu em mim
Já se fixou.
Assumi que não mereces
Pela pessoa que és
Estar dentro de meu coração,
Mas quem manda na emoção?
O pedestal ainda está lá
Com você em seu lugar
Pode ir, pode voltar
Pode até desmanchar
Tudo de ruim e de bom que desenhei
Mas é você quem eu amo
E não encontro explicação.
Eu repito a meu ser
Que mereces coisa ruim,
Mas meu prêmio eu te daria
Se a mim você queria.
Tem gente que ainda muito jovem
deu demissão à própria consciência
E preferiu aposentá-la
sonegando o próprio imposto.
Sinto-me estranha com estas roupas novas
Tanto tempo que não me vejo sorrindo
A carcaça, o resto de comida, parece um banquete
A lama me faz companhia
Não é a chuva que deixa sua marca
É o asfalto que está longe de chegar
A renda e o recorte de pano parecem combinar mais comigo
Amigos dizem que tudo passa, será?
Vejo minhas crianças crescerem sem suas pipas, bicicletas e tortas
Às vezes parece que tudo falta
Mas injusta eu seria se pensasse assim.