Clarete Bomfim

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COMUNISMO CAPITALISTA

Em 2008, a General Motors, passando por uma grave crise econômica, decide fechar sua fábrica no estado de Ohio (EUA), deixando mais de dez mil pessoas desempregadas. Grande parte destes trabalhadores não conseguiram retornar ao mercado de trabalho, perdendo todos os seus bens.
Em uma queda vertiginosa rumo à pobreza extrema, a esperança em retornar à classe média veio com o anúncio da compra do espaço da antiga fábrica, por um grupo chinês, fabricante de vidro para carros - Fuyao.
O documentário "AMERICAN FACTORY" traz a história desta integração sino-americana com todos os benefícios e dificuldades, principalmente no cenário de exploração dos funcionários pela empresa "Fuyao Glass America". Resultado da parceria formada pela NETFLIX e a produtora Higher Ground, do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e sua esposa Michelle, com direção de Steven Bognar e Julia Reichert, esta produção recebeu o Oscar 2020 de melhor documentário.
Um dos temas apresentados no enredo é o modelo de cooperação onde o trabalhador chinês atua com um norte-americano, integrando as duas culturas. em todos os níveis de função e de comando. O presidente Cao, supervisiona diretamente os trabalhos de instalação e a produção nos primeiros meses de funcionamento. Cada americano é capacitado e supervisionado por um chinês todo o tempo. A legislação americana de direito trabalhista é criticada pelo empresário, mas respeitada, apesar do salário oferecido ser abaixo da média do mercado americano.
Esta integração vai além dos muros da fábrica. O documentário apresenta cenas onde os chineses pescam com os moradores americanos, participam de festas tradicionais, apresentando a cultura americana aos chineses, desenvolvendo laços de amizade. Eles se surpreendem com a liberdade de expressão dos americanos, ao descobrir que ali é permitido fazer piadas sobre o presidente, sem nada acontecer.
Cao tenta constantemente impor a cultura econômica chinesa, fazendo exigências incomuns aos executivos americanos, tanto no aumento da exploração dos espaços reservados aos funcionários, reduzindo o refeitório para aumentar a linha de produção, quanto na proibição da sindicalização dos funcionários, ameaçando com demissões e até mesmo o fechamento da fábrica, caso isto acontecesse.
Na cultura chinesa os funcionários trabalham incansavelmente, em jornada de doze horas e uma folga mensal. Passam longos períodos de tempo longe da família, até anos em alguns casos. Comem pouco, o salário é baixo - ganha mais quem trabalha mais. Não conversam durante o trabalho, que, geralmente é repetitivo e monótono na linha de produção. E seu maior objetivo é o sucesso da indústria, pois ela é a razão de estarem empregados e garantir o sustento da família. Eles crescem com esta mentalidade e se surpreendem com jeito americano "preguiçoso" de trabalhar e com a postura destes trabalhadores, que não conseguem servir seus patrões sem nenhum questionamento.
O enredo é desenvolvido pela narrativa de forma linear pelos diretores Bognar e Reichert. Inicia-se apresentando o desalento dos desempregados com o encerramento das atividades da GM em Ohio, a esperança do retorno à classe média com a notícia da instalação da fábrica Fuyao, a integração das duas culturas no trabalho e na vida social, a imposição do modelo econômico chinês com exploração do trabalho e pressão contra a sindicalização, o desânimo e a decepção dos trabalhadores, que são obrigados à se submeterem ao atual modelo de trabalho oferecido pela fábrica, pois o cenário econômico é de crise e falta de emprego. No final é apresentada uma ameaça ainda maior - o início da substituição de trabalhadores por máquinas mais produtivas.
O sucesso deste documentário está na reflexão sobre o momento econômico atual, com companhias chinesas conquistando diversos novos mercados e substituindo marcas antes consolidadas, geralmente americanas. Mas isto não acontece só com os chineses. A narrativa tem a possibilidade de expor ao público as dificuldades enfrentadas por trabalhadores de todo o mundo.
Respeitando as peculiaridades culturais de cada nação, com maior ou menor intensidade, funcionários de todos os níveis, precisam do emprego para sobreviver e manter a família e por isso são obrigados a se calar diante da exploração empresarial e retirada de seus direitos básicos. Quem trabalha, ou já trabalhou em linha de produção de uma empresa de grande ou médio porte, vai se identificar vendo este documentário.
São duas visões diferentes sobre o capitalismo, ambas voltadas para o consumo de milhões, tendo no modelo americano a apresentação de um processo produtivo mais humano. Já o modelo chinês visa a produção e só se interessa em extrair o máximo de seus trabalhadores, sem se importar com acidentes, condições de trabalho ou sua opinião.
Trate bem o seu chefe, porque o próximo pode ser pior! As máquinas vem aí...

ENTRE DEUSES E DEMÔNIOS

by Clarete Bomfim

Proteu era uma divindade marinha, pastor dos rebanhos de seu pai, Poseidon. era visto como profeta por ter o dom da premonição, mas não gostava de comentar os acontecimentos futuros. Sempre que um humano se aproximava ele fugia, assumindo a forma de criaturas marinhas monstruosas e assustadoras.
Reza a lenda que, um dia, sorrateiramente, Proteu acende uma tocha no fogo do sol do Olimpo e o devolve à humanidade, contrariando a vontade de Zeus. Sua vingança veio, primeiramente em forma feminina. Os deuses criaram a primeira mulher - Pandora - que foi enviada à terra, levando uma caixa onde estavam guardadas todas as desgraças que assolariam a humanidade. Não satisfeito, ordenou que Proteu fosse acorrentado no alto do monte Cáucaso, na fria e ventosa região da Cítia. Todos os dias, ao nascer do sol, uma águia viria comer seu fígado, lentamente, bicada por bicada, que voltava a se regenerar durante a noite.
Como divindade, Proteu era imortal, por isso o castigo seguiria por toda a eternidade. Mas seu castigo terminou anos depois, quando foi salvo por Hércules, que, após realizar os doze trabalhos propostos por Zeus, matou a águia e o libertou das correntes, substituindo-o no castigo por Quiron, o centauro.
E como a lenda de Proteu, da mitologia grega, tem relação com o filme "O Farol" do diretor Robert Eggers?
Nota-se o entrelaçamento entre a realidade e a mitologia. Muitas são as referências emprestadas ao filme - Winslow vivido por Robert Pattinson, almejando descobrir os segredos que habitam o último andar da construção, bem como as tarefas exaustivas realizadas por ele (os doze trabalhos de Hércules). Thomas Wake (Willem Dafoe) tendo vivido naquela terrível e solitária ilha por tantos anos, funciona como uma extensão da deidade marinha intitulada Proteu. Sem falar nas visões ilusórias de Winslow (monstros marinhos e sereias) e as gaivotas (o sentido de sua presença na ilha e sua atuação no final do filme).
"O Farol" traz a mesma atmosfera de suspense angustiante e complexo de outro sucesso do diretor - "A Bruxa" (2015). é um filme lento que traz muito mais do que mostra. A forma visual incomum incomoda o público, com tela quadrada "apertando" a cena, com referência ao lugar onde estão, que é muito apertado. Com uma fotografia escura, em preto e branco, remete o público à um mergulho completo na insanidade mental do personagem e com imersão nos momentos mais íntimos.
O terror apresentado na narrativa é marcado por planos longos, ambientação úmida e cenas com alucinações cercadas de mistérios. Foge do padrão do uso de uma trilha sonora tradicional em volume crescente culminando num grande susto.
O tempo realmente não é importante naquele lugar. A interpretação de intensa entrega de Pattinson e Dafoe, faz o público experimentar sensações de instabilidade emocional e desgaste, visto que eles não se entendem - ora se amam, ora se odeiam. Difícil entender a mentalidade deste dois guardiões de um farol. Afinal, que tipo de pessoa aceitaria este tipo de trabalho?
O autor fez uma longa pesquisa sobre a vida dos faroleiros, utilizando estórias reais na narrativa, vividas por estes homens, em situações de extremo estresse gerado pelo isolamento. Utilizou-se também de referências cinematográficas como o machado no filme "O Iluminado" (1980) de Stanley Kubrick, as gaivotas que lembram o filme de Alfred Hitchcock - "Os Pássaros" (1963). A composição do personagem Thomas Wake foi baseada no filme de 1941 "O Lobo do Mar", uma adaptação do livro do mesmo nome, escrito por Jack London, dirigido por Michael Curtiz. Não há espaço para a improvisação, pois foi utilizada a linguagem de marinheiro da época, não permitindo a infidelidade ao roteiro.
A produção demorou quatro anos para ser finalizada. A locação aconteceu em uma ilha isolada, com gaivotas locais, sendo que três delas foram adestradas para atuação em takes específicos. Foram utilizadas câmeras antigas (1905) para que as imagens geradas proporcionassem ao espectador a imersão na época da narrativa e se sentisse no lugar mais desconfortável do planeta. A música intrigante e a fotografia densa, usando perfeitamente as sombras, a câmera claustrofóbica e a manipulação da narrativa com aumento da tensão e forma crescente, proporcionam uma experiência sensorial única e inexplicável. Já que o público não consegue distinguir: alucinação - sonho - realidade. Ele sai do cinema com um olhar próprio para cada acontecimento ali representado.
É um filme de muitas camadas e de terror psicológico, onde "ela" (o farol) é o terceiro personagem desta história de fundir o cérebro, em uma dualidade de sentimentos sobre ele - amá-lo pela temática e produção audaciosa, primorosa e original - ou odiá-la pelo mal-estar que nos proporciona. Quer um conselho? Assista de mente aberta e com o coração em paz. Se estiver vivendo algum problema emocional, espere mais um tempo...

GOVERNO DO POVO, PELO POVO E PARA O POVO

Assistindo pela plataforma NETFLIX, o documentário "DEMOCRACIA EM VERTIGEM" (2019), produzido, dirigido e roteirizado pela premiada cineasta brasileira Petra Costa, voltei a apreciar toda a arte narrativa e visual que pode nos apresentar este gênero de filme. Afaste o preconceito de que os documentários são cansativos! Este é um ótimo exemplo de que, um excelente roteiro, aliado a uma cuidadosa edição e uma boa direção de arte, transforma uma narrativa histórica em um longa-metragem de alto nível e muito interessante.
A maneira intimista com que foi abordado o contexto histórico da política no Brasil, trouxe um olhar pessoal, familiar sobre os protagonistas, que governaram a nação desde a construção de Brasília. Em especial sobre o fundador do Partido dos Trabalhadores e ex-Presidente - Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora Dilma Rousseff.
Filha e neta de militantes perseguidos durante o regime militar, Petra conseguiu inserir no documentário imagens históricas deste período, as lutas de rua e toda violência sofrida por sua família e amigos, misturando a história de sua família com a do país. Em seu acervo pessoal, nos mostra a proximidade que teve com a criação e ascensão do PT no cenário político brasileiro, bem como toda a sua admiração pelos ideais humanitários que a bandeira vermelha levantava. O documentário incluiu imagens inéditas de Lula, algumas de valor histórico e jornalístico, cedidas à diretora pelo fotógrafo Ricardo Stuckert, que acompanhou o ex-presidente por muitos anos (informação tirada da Folha de São Paulo, publicada em 03/01/2019).
Focando, principalmente, na cobertura do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o longa "DEMOCRACIA EM VERTIGEM" deixa no ar um clima de trama e conspiração, enredado por políticos de várias bancadas do Congresso, que chegou a ser comparado pelo "ScreenDaily" como "um thriller político ao estilo de Todos os Homens do Presidente (...) com um toque de O Poderoso Chefão". Para a "NBC News", o documentário revela "incrível acesso aos bastidores da política". "As imagens são de cair o queixo”, comentou o site "Firstshowing.net". Para a "POV Magazine", trata-se de “um documentário como nenhum outro, um trabalho íntimo e grandioso”.
Petra já é conhecida internacionalmente pelos seus trabalhos anteriores como o curta-metragem "Olhos de Ressaca" de 2009, "Elena", seu primeiro longa-metragem lançado em 2012, que narra a triste história do suicídio de sua irmã, e o outro longa - "O Olmo e a Gaivota" de 2014, vencedor do prêmio de melhor documentário do Festival do Rio em 2015, entre outros prêmios internacionais.
A trilha sonora é o destaque deste documentário. Composta por Rodrigo Leão, Gilberto Monte, João Eleutério, e Lucas Santtana, fizeram com que o público conseguisse imergir em cada momento marcante da política e das memórias pessoais, interligadas na complexa explicação do atual momento brasileiro e da transição dos três presidentes anteriores. Músicas alegres e melancólicas, de conquistas e derrotas, suspense, tensão, marcha e até de "tsunami", que se encaixaram perfeitamente em cada momento histórico ali apresentado.
As tomadas aéreas em plano aberto do povo no gramado da Esplanada dos Ministério em Brasília, mostram a grandiosidade e a força de quem realmente deveria governar o país, mas que nada pode contra as grandes Corporações. Em contraste, temos os planos fechados no rosto dos personagens em momentos de tensão, impotência e decepção, diante do cenário opressor de manipulação das leis. a cineasta encontra uma inesperada poesia em meio ao caos.
A palavra "família", apresentada em diferentes contextos do documentário é o tema principal da narrativa. O olhar da família que narra suas memórias, em meio aos tumultuados momentos políticos do país. As cenas nas quais as famílias emocionadas declaram sua gratidão por terem vencido a fome e o desemprego durante o governo petista. Realmente, o povo foi beneficiado com os projetos sociais que lhes garantia um mínimo de dignidade, ao mesmo tempo que asseguravam o voto. Os políticos votando a favor da saída da presidenta em nome de suas famílias, contrastando com o voto de um outro político que também vota pelo impeachment, declarando que o motivo é para honrar o nome de um coronel da ditadura, conhecido por ser o maior torturador do regime militar, destruidor de tantos lares.
A origem da palavra "democracia" vem do grego "demos" ou "povo" e "kratos" ou "poder". Juntando os dois termos podemos concluir que o regime político democrático é aquele em que o povo tem o poder de governar o país. Agora vamos entender o termo "vertigem" - "Tonteira; sensação de oscilação, de instabilidade corporal, caracterizada pela perda de equilíbrio; sensação que dá a ideia de que o corpo está girando ao redor de si próprio ou em relação ao que o rodeia. Desvario; descontrole emocional; ausência de razão." (https://www.dicio.com.br/vertigem/)
Conclusão - título perfeito para este documentário! Caberá ao público, diante do farto banquete de informações, formar sua própria opinião a respeito de heróis e vilões. Que bom seria poder limpar a sujeira do país com um pano, água e sabão...

UMA JORNADA DE TIRAR O FÔLEGO

Oscar 2013 de melhor diretor para Ang Lee, trilha sonora original para Mychael Danna, fotografia para Claudio Miranda e efeitos visuais para Erik-Jan de Boer, Donald R. Elliott, Guillaume Rocheron e Bill Westenhofer, o filme "AS AVENTURAS DE PI" (2012) tem roteiro adaptado por David Magee do livro "A Vida de PI", de Yann Martel.
A produção mágica somente foi viável com o uso da tecnologia em 3D, transportando o público para uma jornada sem precedentes, impressionante e aterrorizante, possibilitando que este vivenciasse a experiência de estar em total isolamento, no meio do oceano, enfrentando desafios inimagináveis para sobreviver. Em momento algum Suraj Sharma, intérprete de Pi, esteve em um bote com um tigre durante as filmagens. O animal foi criado através da tecnologia CGI, sendo que um tigre verdadeiro foi usado apenas em sequências em que apareceria sozinho, como quando ele nada no oceano.
Cenas onde o reflexo das nuvens no mar, em um lindo tom alaranjado, como se o barco flutuasse entre elas - a baleia saltando sobre nosso herói, em uma imagem noturna, delineada por um luminoso tom esverdeado - o barco entre as estrelas e a exuberante floresta da ilha povoada por suricatas, apresentam uma verdadeira obra de arte da equipe de fotografia e efeitos visuais, embalados por uma trilha sonora envolvente e emocionante.
E não é que a história tem um pezinho no Brasil? Yann Martel, declarou que teve como inspiração o livro "Max e os Felinos", do escritor brasileiro Moacyr Scliar, que trazia a história de um refugiado judeu que deixava a Alemanha e cruzava o oceano Atlântico em um bote, juntamente com um jaguar (fonte: adorocinema.com/filmes).
Pi Patel (Irrfan Khan) inicia a narrativa descrevendo ao escritor, vivido por Rafe Spall, sua fantástica jornada de sobrevivência após um naufrágio, onde conviveu em um bote salva-vidas com quatro animais pertencentes ao zoológico de sua família - uma zebra, uma orangotango, uma hiena e um tigre de nome Richard Parker - quando ainda era adolescente.
Sua fé, influência oriunda de sua mãe que o apresentara a três religiões, foi fator de grande importância para que enfrentasse seus medos até chegar a terra firme. Ele acreditou verdadeiramente que iria conseguir, que passar por aquele sofrimento era a vontade de Deus e nunca desistiu. Mas o ceticismo e a racionalidade herdada do pai também foram elementos importantes para que encontrasse os meios de superar os obstáculos. Este equilíbrio entre racionalidade e espiritualidade o ajudou a viver melhor. A travessia da Índia para o Canadá representa a passagem do Pi adolescente para a vida adulta.
Muitas são as metáforas e referências encontradas no enredo, como, por exemplo, o nome dado ao tigre. Existe uma história real ocorrida no século XVIII, na Inglaterra, onde houve um motim em um navio que culminou na morte de um oficial de nome Richard Paker. No século seguinte, o poeta americano Edgar Allan Poe escreveu sobre a história de quatro náufragos que, para sobreviver, sortearam um deles para morrer e servir de alimento para os demais. E qual o nome do sortudo? Richard Parker.
É muito difícil para um jovem, tão inteligente e reflexivo, de profunda espiritualidade, aceitar a realidade trágica que o destino lhe reservou nesta jornada de sobrevivência, até mesmo vivenciando situações de canibalismo. A forma como encaramos a realidade pode mudar completamente nossa vida, principalmente em uma situação frustrante. Pi descreveu um outro olhar sobre seu problema. Há uma alternância entre realidade e ficção. Os animais descritos por PI ao escritor, também tem sua representatividade, um simbolismo.
O marinheiro (zebra) é devorado pelo cozinheiro (hiena) que, em seguida, parte para devorar sua mãe (orangotango) despertando o lado selvagem de Pi (tigre) até então adormecido naquele bote, partindo para o ataque contra o cozinheiro. O jovem Pi, foi obrigado a se alimentar da carne de todos eles para se manter vivo. É o lado selvagem que todos têm e faz parte da natureza humana, ao qual o homem recorre em situações limite.
Mas a função principal deste tigre foi manter o rapaz atento o tempo todo a cada detalhe, e isto o manteve vivo. Ter que conviver, dentro de um pequeno bote, com uma fera que estava sempre procurando devorá-lo, fez com que ele usasse de toda a sua inteligência e criatividade para torná-lo um companheiro de viagem e não uma ameaça. Ele focou na solução e não no problema. Deixou de reclamar e procurou o aprendizado. O tigre foi um desafio que o motivou a procurar o seu melhor.
Isso nos faz refletir sobre as bênção disfarçadas de problema que estão sempre presentes em nossa jornada - marido, sogra, patrão, colega de trabalho, professor chato... Uma vez um amigo me disse - eu me empenhei e consegui passar no concurso de Diretor de Escola só porque minha sogra disse que eu não conseguiria...
Qual é o seu tigre? Quem o provoca? O que te faz ficar atento aos detalhes e o desafia a procurar soluções para vencer os obstáculos na vida social ou no trabalho?
Use seu problema como motivação e se torne um ser humano melhor.