Cida vitorio
Meus dias são como uma chuva triste, que cai em silêncio.
Não tem grito e nem soluços, apenas o sentimento.
Ando em busca de contentamento, mas o que tenho são as
nuvens no pensamento.
nasci no carnaval e por isso minha vida se tornou banal,
minha mente está sempre dando sinal, criatura estanha essa
cida, que ora chora, ora sorri, mas sempre consegue viver simplesmente
em busca da sua origem e semente.
A doce presença da morte
Não havia sinais que aquele seria o último dia dela, a manhã foi como todos as outras, levantou-se, lavou o rosto, preparou o café e foi trabalhar, nada indicava que aquele seria seu ultimo dia na terra dos vivos. Ela trabalhou como nunca, deu todos os telefonemas necessários, resolveu todas as pendências e foi pra casa no final do expediente e seguiu o mesmo caminho, mal sabia ela que naquela curva da avenida com uma rua qualquer, alguém fecharia os cruzamentos e bateria no seu carro, encerrando de vez o seu dia tranquilo e monótono. Se ela sofreu não se sabe, o que deu pra ver é que seu semblante era de um trabalhador cansado por um dia de trabalho exaustivo, 40 horas semanais, sem ir ao cinema, teatro, barzinho, sem tempo pra se divertir ou cuidar da família ou amigos, rosto de quem nunca teve tempo para viagens e bobagens deste tipo. Ninguém prevê os instantes, talvez se ela soubesse que seria seu último dia, ela sairia cedo do serviço e visitaria sua família ou faria algo que sempre quis fazer e nunca pode fazer por falta de tempo. Não dá pra mudar o momento, mas tudo seria diferente se ela soubesse antes que a vida pode ser mais leve, só dependia dela dividir os fardos. Descanse em paz, dizia a lápide dela.
sou como areia que escorrega das mãos, sou como água de torneira, como pingos de chuva fina, não pertenço a este mundo, mas este mundo me pertence, quando você pensa que me domina, eu saio à francesa e desapareço entre as fumaças da vida. Sou um fantasma nas vidas das pessoas, entro e não fico muito tempo, tenho medo das partidas, por isso, saio primeiro. Não tente conhecer uma pessoa pelo seu agir, ela pode interpretar um papel, tente decifrar pelos sorrisos espontâneos, pois não há nada mais inocente e verdadeiro que os sorrisos de alguém, as falas são pensadas, mas o riso é de graça.
Se eu pudesse......
Se eu pudesse eu viajaria no tempo.
E nesta viagem, queria ver o real acontecimento do meu nascimento,
queria entender as escolhas feitas sobre minha nada fácil infância e .....
se eu pudesse queria entender porque tem mães que não amam seus filhos.
Se eu pudesse queria mudar a minha história, queria sentar no colo de minha mamãe e ouvir canções de ninar, queria festas de aniversários todos os anos, nem que fosse somente um beijo.
Se eu pudesse......
Queria ter tido um lar só meu com papai e mamãe e queria sentir o carinho dos sorrisos numa mesa.
Ah! Se eu pudesse.....
Queria respostas, porquê o abandono? Porquê fui mandada embora dos seus braços, mãe?
Passei uma vida sem entender.
Você não existe mais e se eu pudesse, perguntaria. Se eu pudesse......
Sou grata pelo dia, pela vida pelas pessoas e pelo conhecimento que adquiri ao longo de minha vida. Sou grata pelo sorriso verdadeiro, pelo bom dia espontâneo, por me considerar amigo, pelo convite para a festa ou para o velório. Sou grata pelo sol e cada amanhecer. Sou grata por ter emprego e mais grata, se eu fizer diferença no que faço. Gratidão pela vida, gratidão por existir. Sou uma pessoa insegura por natureza. Mas, não se engane, sei exatamente a minha importância na vida das pessoas, tem gente que sorri por pena, tem gente que sorri por interesse, tem gente que sorri de deboche, e tem gente que sorri porque tem carinho por mim. Com um tempo criei uma casca protetora que me protege dos alvos das pessoas que se importam com a minha utilidade e não com a minha existência, se me importo? sim, me importo e muito. Mas, a verdade é que a rejeição é uma constante na minha vida, desde o nascimento até os dias atuais. A quebra de confiança é a única coisa que atualmente me deixa descontrolada. Vou trabalhar a gratidão por receber aquilo que as pessoas acham que mereço, depois de atingir esse nível de sensibilidade e humildade, poderei descansar sossegada. Por enquanto sou grata por andar entre os melhores, entre os seres superiores, os mesmos que me desprezam, eu sou grata por andar pelos mesmos caminhos que eles andam, pior seria, se fosse proibida de andar por onde andam. Gratidão....gratidão…gratidão…se faltar amor…se faltar gratidão…não terei mais motivos para viver. Confesso que estou pensando em desistir de tudo, ando muito cansada de ser como sou. Pensei até acabar com minha vida, ultimamente, mas sou covarde e não consigo resolver os problemas e tão pouco parar para respirar. Por isso, sou grata a mim por ser assim, covarde, não presto nem para acabar com a minha dor. Sou muito infeliz, mas sou grata ao mesmo tempo. Estou esperando a senha como todos, mas é uma luta diária essa minha existência. Convivo com muitos e sinto poucos. Ninguém se importa comigo. Ninguém me pergunta o que me move, o que preciso e o que quero. Sempre estou só na minha dor, sorrio triste para o mundo, poses, caras e bocas, tudo ensaiado na minha mente. O que importa? Quem sou eu? Quem quer saber? O que gosto? Quem se importa? Afinal, sou grata pelas migalhas que a vida me dá, migalhas de atenção e respeito. Sou invisível a maior parte do tempo e não quero pena de ninguém, quero a verdadeira importância que eu penso que posso ter. No final, sou grata por acordar e ter esperança, todos os dias sou grata por acordar e ter esperança. Ter esperança e acordar todos os dias e ser grata.
CidaVitorio
O chamado do vazio é o encontro de almas perdidas.
"Tentar esconder dos problemas é se arrastar pro abismo de uma vida vazia, sentir medo é normal, o que não podemos é preencher o vazio com falsas ilusões."
" Perigo é se encontrar perdido
deixar sem tecido não olhar, não ver
bom mesmo é ter sexto sentido
sair distraído espalhar bem querer."
Chico César.
As nuvens
Quando olho a janela e olho a imensidão
Vejo as nuvens em forma de algodão
Branco, cinza, não importa, sempre me alegra a visão,
Se fixo o olhar, vejo personagens de desenhos, se fecho os olhos, é só imaginação,
Mas gosto da sensação de observar as nuvens, parecem que tem pés, ora aqui, ora acolá,
No mesmo instante que vejo uma menina, um animalzinho,
Teimosa, a nuvem se dissolve e me deixa na mão.
Queria ter asinhas para pular sobre essas criaturinhas fofas,
La de cima gritar para as pessoas deixarem de serem tolas e más,
As nuvens ao longe parece que estão dentro dos prédios, eu não consigo parar de olhar,
Tem dias que passo horas a observar e imagino se Deus fez as nuvens para os anjos morar.
Deus quando criou o dia estava inspirado, pois fez uma cortina de nuvens para que cada dia fosse um espetáculo único, tem dias que tem sol,
Outros, chuva, para todos eles, tem uma nuvem encobrindo a paisagem lá do céu
Para a gente encantar.
Cida vitorio
Era uma vez
By Cida Vitório
E então, essa é uma pequena história sobre a humanidade. Todo mundo um dia se escondeu atrás da humanidade para curar suas feridas, magoar, ofender ou se desculpar por algo. É incrível que ainda tem pessoas que pensam que estamos sozinhos no universo. Mas, existe uma solidão que anda rondando os seres, a solidão acompanhada, é a pior de toda a raça humana. Você pode pensar que essa é mais uma historinha sobre mimimi, mas não. Tudo começou desde a criação do mundo, não estava os primeiros habitantes da terra entediados por estarem no paraíso? Pois é. Muitos de nós sonhamos com o paraíso, um lugar que tenha muita luz, sol, muita energia boa, pássaros cantando, água de coco. Vivemos todos os dias na esperança de chegar o final de semana para curtimos o tão esperado descanso, é tão bom sentar no sofá, relaxar os pés e tomar aquela bebida preferida. Mas, tudo não é real, até chegar novos planos, e aquela ideia de conforto passa para segundo plano, não tem nada definido, tudo pode mudar de uma hora para outra, isso é ser humano. As ideias mudam, amigos mudam, a esperança pode variar de acordo com o humor, necessidades e depois tudo vira pó, nada é mais importante. As prioridades variam o tempo todo. Esse seria o tão conhecido “era uma vez”. Não tenho pretensão de erguer uma bandeira sobre todos os sentimentos que podemos ter ao longo do dia, semana ou anos, pois o tempo é o senhor de todas as emoções, não podemos controlar nada. Sempre me perguntei porque me importo, acredite que não sei ao certo, sou aleatória à tudo. Todos os dias acordo com o objetivo de fazer alguém feliz, isso é uma verdade estranha dentro de mim, mas o que consigo é me chatear cada vez mais e abrir um vazio dentro do meu peito. Se fosse chorar pelas coisas horríveis que ouço e vejo, faltariam lagrimas para tanto, mas não guardo nada dentro de mim, apenas a certeza que nada é meu, nada é infinito e nada pode mudar o que Deus tem para cada um de nós. “Deus”, adoro colocar e parafrasear sobre minha vida é quase que um evento aleatório, hoje penso algo e hoje, mesmo posso mudar de opinião e atitude. Decepções, acontece como os ponteiros dos relógios, nada é por acaso, tudo tem uma explicação bem lógica, podemos ser vencedores ou perdedores, felizes ou tristes, idiotas sábios ou até sábios idiotas, depende de quem nos enxerga e como nos vê. Erros, todos cometemos, o tempo todo, afinal a bela frase da humanidade nos isentou de grandes explicações. Continuamos servindo de cobaias para as pessoas que pensam que somos feitos para a utilidade pública, conforme nossa utilidade, somos bons ou maus para eles. Não ser sincero nas atitudes, falar meias verdades ou nenhuma nos coloca na posição sempre confortável de “humanos”, ficar em cima do muro, nunca expressar o que acha ou sente, e se alguém ousar ser diferente, pobre coitado, terá que pagar duras penas por ter expressado sua ideologia banal. Era uma vez uma humanidade que poderia ser mais feliz se soubesse cultivar a reciprocidade, colocar as vontades para todos e praticar diálogos saudáveis, era uma vez, um povo que poderia ter acreditado mais no amor e na amizade, que não precisasse ser mais politico que amigo, que não fosse obrigado as convenções sociais, era uma vez, pessoas que poderiam ser felizes, mas não são, porque acreditam que tudo é questão de egoísmo e falta de amor. Cada dia preciso me vestir com a roupa e as armaduras de Jorge, vestir as medalhas de São Bento, cobrir com o manto Sagrado de Maria, acreditar em causas impossíveis de São Judas Tadeu e ressuscitar a fé na humanidade como Jesus, para poder viver uma vida de promessas, de esperança e união. Não podemos nos esquecer que a ninguém podemos dar o direito de nos maltratar, de nos negligenciar, temos o poder de afastar e bloquear pessoas, coisas e tudo que nos inferniza ou simplesmente, podemos praticar o esquecimento e dizer que somos humanos e por isso, todos erramos. E assim, era uma vez a teoria da vida, não há uma formula certa para viver, fazer escolhas, acolhimentos, resiliências, tudo depende de como queremos viver neste mundo de faz de conta, que tudo pode ser e tudo acontece e termina com nossa capacidade de sermos mais “humanos.”
O amor.
Houve uma época que eu acreditava no amor, eu sonhava com alguém vindo me buscar em uma tarde de domingo e ansiosa no portão, rezava para que chegasse logo. Era tão mágico o amor para mim, que não acredito que nada disso era real. Sonhar é a parte boa da história, acordar é o pesadelo. Ninguém entende o amor, mas o que é mesmo o amor? O início que ainda vamos conhecer, o meio que nos encanta ou fim que que nos tira a venda da realidade. Não dá para ter uma noção boa da realidade, tudo é tão exaustivo, tão incomodo, não acredito que pude me encontrar em magias e devaneios. Casar, encontrar alguém para dividir a magia do encontro e depois chorar amargamente a desilusão de não ser tão mágico quanto na imaginação. Ter 15, 20 anos ou um pouco mais, nos torna escravos de uma fantasia que acreditamos ser muito maior do que realmente é. A vida não nos ensina que cada pessoa é uma verdade e que ninguém nos completa, ao contrário, o tempo nos divide em comportamentos, ações e atitudes. Se pudesse escolher uma nova vida, escolheria eu.
A gritaria na minha cabeça, um silêncio na minha voz, todas essas notas musicais estão compondo uma melodia comprida na minha história. Não há culpa ou culpados, somente uma distorção da realidade que insiste em aparecer de repente. Quero uma oportunidade para eu poder viver uma vida mais minha, sem cobranças, silêncios, resmungos e falta de reciprocidade. Eu aprendi a resolver na minha cabeça os conflitos que eu mesmo faço e somente assim, posso ser um pouco feliz e seguir minha vida em harmonia com minhas escolhas.
Cida Vitório
A Contabilidade para os 50+
Durante muitos anos a grande preocupação das pessoas eram envelhecer e não ter espaço no mundo do trabalho para elas. A temática sempre era um velho clichê: “cedo demais para aposentar e velho demais para trabalhar”. O medo era uma constante, ser demitido por não trazer frescor jovial, um verdadeiro pesadelo. A idade sempre foi um divisor de águas no mundo dos negócios, eram os mais velhos que assumiam cargos de liderança e que chefiavam a maioria das empresas ou estavam sentados nas melhores cadeiras da política ou sociedade, enquanto isso, a classe trabalhadora pobre, sofria com os preconceitos das idades. Nunca foi novidade para ninguém que para os cargos de representatividade sempre eram escolhidos as pessoas que tinham os melhores “QIs” e para as vagas de secretária, as melhores aparências, para cargos de baixa complexidade, a seleção era feita de acordo com as percepções de cada gestor e se houvesse uma possibilidade de ascensão de cargo, ficaria com aquele que puxasse mais saco da chefia imediata. Quase não havia meritocracia. Raros cargos possuíam no seu staff preto na liderança, era uma triste realidade. Mas, os tempos são outros, agora considera a inteligência, proatividade e conhecimento a alavanca para que o crescimento profissional se faça valer de verdade. A importância dos valores e do respeito implantado nas empresas, o advento do “Compliance”, métodos de humanização das formas de tratamentos aos colaboradores e a valorização do capital intelectual, foram imprescindíveis para que o racismo, o xenofobismo e os constantes assédios morais fossem amenizados nos escritórios e empresas em todo o mundo. Não significa que foi erradicado, mas que foi introduzido uma nova roupagem de tratamento aos colaboradores, dando voz e valorizando a cultura das empresas, colocando em xeque a missão, visão e valores que fazem a empresa ser respeitada no mundo corporativo. Assim, entra a nossa temática, os 50+, classe que carrega uma carga de experiência e são melhores preparados para as adversidades, pois este conjunto de pessoas, tiveram ao longo de sua vida profissional, revezes incríveis de mudanças estruturais nas empresas em que prestaram serviços, durante muito tempo, as empresas viraram as costas para estes profissionais que segundo, alguns empresários, são aqueles profissionais que tem mania de saber tudo e são reticentes e indiferentes às mudanças. A contabilidade, como exemplo de transformações ao longo dos anos, provou que é importante ter um profissional mais qualificado por perto nas tarefas do dia a dia. Não adianta contratar pessoas com “sangue nos olhos” e zero bagagens. Os profissionais “seniores” são capacitados e conhecem bem a área que sempre trabalhou e não tem resistência em ensinar e passar para frente seus conhecimentos. Muitas empresas tem preferido contratar pessoas com idade avançada que profissionais recém formados, dados as faltas de conhecimento ou mesmo a falta de comprometimento, jovens não gostam de completar suas tarefas por inteiro, na maioria das vezes, procrastinam suas tarefas por dias, enquanto os seniores tem a perfeita mania de realizar tudo tempestivamente, sem maiores urgências, dentro dos prazos e o empenho é dez vezes mais eficazes e eficiente, dado ao seu ritmo de desenvolver as tarefas, colocando cada tarefa em um tempo de realização especifico, planejamento, conclusão e entregas são impecáveis em si tratando das pessoas 50+. Não quero com isso, que os jovens não são compromissados ou ineficientes, quero dizer que a maioria não tem planejamento ou não entregam como deveriam suas tarefas. 70% das empresas que tem sucesso, tem no seu quadro funcionários que estão trabalhando lá desde a sua fundação, essas empresas sabem valorizar seus funcionários e isso os deixam familiarizados e confortáveis em trabalhar por vários anos nestas instituições. Empresas que abrem as portas sem intenção de modernizar atendimentos, dar cara nova ao mercado, com certeza estão fadadas ao fracasso, sempre é preciso ter em mente que uma boa carga de experiência dá um toque de sofisticação e requinte ao ambiente, além de confiabilidade. Investir em 50+ é dar uma nova chance ao mercado de aproveitar as pratas que ficaram perdidas nas gavetas do mundo corporativo. Esses profissionais tem uma enciclopédia dentro da cabeça, tem muito a contribuir e ensinar, são pessoas que viveram os tempos das vacas magras e gordas do mundo do trabalho, por terem nascidos nos anos 60,70,conheceram os períodos bons e ruins do universo das humilhações e sobreviveram para assistir as melhorias e merecem uma oportunidade de viver essa nova fase em que, as empresas cuidam dos colaboradores, dá estrutura para que possam viver com mais qualidade e assim, receber a tão sonhada aposentadoria com qualidade de vida.
Eu sou Cida Vitório e sim, sou 50+.
Senhor Clomb
Esse conto começa com uma cartinha de uma menina de 6 anos para o seu vizinho......
“Prezado Senhor Clomb, como o senhor está? Não é novidade que o senhor já sabe que a casa da direita é nossa, quer dizer da minha mãe e minha. Mas, o fato é que o senhor continua jogando entulho no quintal aqui da casa. O que tem na cabeça? O que pensa que está fazendo? Não sabe que a nossa casa é o nosso lar e é sagrado? Poderíamos jogar todos os lixos que temos, mais o que o senhor envia pra gente na sua casa. Mas, não vamos fazer isto. Não somos iguais. Toda a terça recolhemos os lixos e mandamos para a reciclagem levar e o resto para o caminhão de limpeza levar. Mas, fico aqui pensando, será que o senhor quer ajuda para descartar seu lixo? Não consegue, e é por isso que fica descartando seu lixo em minha casa. A minha mãe e eu moramos somente nós duas naquela casa e não temos outra pessoa para ajudar na limpeza da casa, por isso, pego todo o lixo e refaço o serviço, que o senhor nos dá extra para que não fique o entulho na nossa porta. Mas, eu pergunto, por que? Porque o senhor não gosta da gente? Precisa de algo? Posso ir na sua casa ajuda-lo com seu lixo uma vez por semana. Mas, ficar jogando lixo na minha casa, é um absurdo. Se quiser minha ajuda, posso ajudar. Posso e não vou cobrar nada do senhor. Minha mãe me ensinou que devemos amar o próximo e ajuda-lo. Embora, eu tenha 6 anos, como bem, brinco, ajudo em casa e ainda posso auxiliá-lo nas suas tarefas de casa”. O senhor Clomb, sem saber que dizer, nunca mais jogou lixo na casa da menininha, que tímida e doce cativou o coração de pedra do senhor Clomb. Depois desta carta, também o senhor Clomb escreveu uma cartinha para a menininha, que por sinal, se chama Olívia e estava escrito assim:
“Cara menininha, não há nenhum problema entre nós, poderia vir até a minha casa com sua mãe tomar um chá?”
Olívia, muito feliz pediu sua mãe para acompanha-la a casa do senhor Clomb e ela foi. Chegando lá, recebeu um belo sorriso, chá e bolachas. Senhor Clomb pediu desculpas por ter feito essas maldades com as duas e a partir daquele dia, ficaram bons amigos, até o dia do falecimento do senhor Clomb, que foi um dia muito triste.
Olivia, hoje está com 18 anos e olha altiva para a casa do lado e pensa como foi feliz com o vizinho. Boas recordações. Olívia não guarda mágoas, seu coração só tem espaço para coisas doces e alegres. Sua mãe a chama da cozinha e ela se vira e fala: --- já vou mamãe. E assim termina esse conto.
Cida Vitório,
A paz que não temos, ou um vazio que construirmos?
Quando pequenos temos a inquietude de querer crescer logo. Ao crescermos, nossos objetivos pesam e aí a necessidade de colo, nos faz querer ser novamente criança. E assim, nos tornamos, definitivamente “humanos”.
A verdade sobre a nossa vida é que nunca estamos de fato, satisfeitos, um dia, queremos conhecer alguém e namorar e quem sabe, casar. Outra hora, queremos nunca ter conhecido ninguém e ficarmos sozinhos.
Sonhamos com o príncipe que vai nos arrebatar do calabouço, que vai nos entregar o sapatinho de cristal perdido e um estalo, lá estamos vivendo como rainhas. Como se isso, fosse mesmo possível.
Entramos em conflito com nossas verdades e vontades. Sair da zona de conforto, é poder sair da casa de nossos pais e poder dizer, enfim: livres. Mas, o que não contaram para gente, que ao sair de nossas casas paternas, nos tornamos escravos de nossas vidas rotineiras e tornamos protótipos de nossos pais. Trabalhar, pagar contas, fazer comida, arrumar a casa e se der tempo, cineminha. É uma luta diária, conviver com tantas tarefas e ainda assim, tentar ser feliz.
Somos uma geração que reclama de tudo e de todos. Temos tempo para o amor? Talvez. As relações estão cada vez mais soltas, querer ter um ou dois relacionamentos simultâneos é o bug do século. Casamento aberto, relação promiscua, sonhos divididos, camas repartidas, é uma loucura o que nos tornamos. O casamento não é mais sagrado, as relações não são duráveis e os filhos não respeitam mais as autoridades paternas. Simplesmente, os valores se perderam ao longo dos anos.
A tecnologia abriu o espaço nas vidas das pessoas, não tem mais natais ou comemorações em família, no lugar as vídeos-chamadas, as telas de WhatsApp, e as mais variadas formas de redes sociais.
Os encontros de domingos foram substituídos pelos grupos de whatsapp, as fotos das grandes comemorações em família, ficaram em selfs solitárias em algum lugar instagramavel. Era uma vez uma família feliz? Será que em alguns anos, terão livros de ficção sobre como eram as famílias? Bem possível.
Não podemos negar que ainda tem pessoas que leem livros de papel, vão ao cinema e ainda frequentam parques. São raridades. Somos a ultima geração que curte essas coisas, eu creio.
Tenho que admitir que a minha geração, a que nasceu entre 60 a 80, está mais acostumada com as adaptações do mundo moderno. Conseguimos nos virar com as modernidades deste século.
O que não se pode negar, que a geração atual, menos adaptada ao trabalho e mais adaptada à tecnologia, anseia em encontrar o tal “emprego dos sonhos”, a “vibe perfeita”, a “a onda perfeita”, os “100 milhões de seguidores” e por fim, ficar rica sem trabalhar. Essa geração é a geração “evolução cibernética”.
Se você acha que isso é um julgamento, não está certo e nem errado. A minha geração também é criativa e confusa em se tratando de trabalho. Ajoelha para Deus conseguir um trabalho ou “bico” e quando consegue, faz corpo mole e reclama das condições contratadas, basta passar na experiência que começa a tormenta. Criaram muitas definições sobre a frequência que as pessoas reclamam de suas tarefas, chefes, escritórios e tudo o que envolvem o mundo corporativo. Ao longo de décadas muito se fala em síndromes diversas, criadas devido ao advento de pessoas insatisfeitas e com baixa produtividade, pessoas com ansiedade, com dores diversas na alma e no corpo. Não vou aqui replicar nomes científicos de síndromes, é apenas uma comparação entre querer e conseguir.
O mundo se revoluciona e as pessoas deixam de querer pensar, devido as facilidades que os “APPs”, sites de busca em geral e internet.
As pessoas não têm mais hábitos de ler jornais, revistas e um bom livro. As escolas não incentivam os alunos a querer ler ou discutir as leituras. Não tem mais rodas de discussão sobre os temas dos livros, jograis ou teatros.
As provas são online, as faculdades são EADs. Não tem mais grau de dificuldades nas escolas, passam os alunos sem saber o mínimo. É um estranho modo de viver.
Hoje é possível, você trabalhar sem sair de casa, como se isso fosse de fato possível. Não acredito em trabalho remoto. Sou daqueles que acredita na estranha presença física nos escritórios ou instituições. As entregas por remoto não são de fato conclusivas. Mas, acredito no trabalho “híbrido”, é o equilíbrio do século. As pessoas precisam respirar. Ter esse vão nas atividades presenciais, talvez ajuda no bom desempenho profissional.
As relações humanas estão cada vez mais difíceis, ninguém se compromete com a verdade, tornamos mais egoístas e centrados em nós mesmos. A quantidade de vezes que nós procuramos algo melhor para nós. Exemplo: no meio do exercício fiscal, um colaborador pede conta, no meio de uma temporada de feriados, uma camareira sai. Ninguém tem compromisso com os contratos assinados. Não se importam se seus empregadores também vão ter dificuldades por isso. Não olhar para os lados nos fazem pessoas más? Podemos ser demitidos, e quando somos nós que demitimos as empresas que trabalhamos? Será que estamos sendo corretos? Sair sem avisar, encontrar nova empresa e simplesmente sair sem olhar para trás.
No final, somos perfeitos? Somos seres compreensíveis? A verdade é que nos tornamos seres sem medos e com ambições exacerbadas. Queremos o melhor, e se possível, sem fazer muito esforço.
Verdade seja dita, o mundo mudou. Quando que a geração 60/80, teria coragem de pensar em saúde mental e se desligar de uma empresa assim, sem temer?
Sensacional! A humanidade aprendeu a entender que não somos eternos e que se for para molhar, precisa tomar uma boa chuva, sem guarda-chuvas.
Em compensação, nos tornamos seres sem paz, inquietos, ansiosos, depressivos e nada de fato, nos faz querer desistir do famoso: “primeiro eu, depois eu e eu”. A paz não está em nós, queremos ter o melhor carro que alguém tem, o melhor emprego que alguém um dia poderá ter e a melhor e maior casa que alguém já sonhou e nada está de acordo com seus padrões.
Ficar famoso sem ter feito algo extraordinário, ganhar dinheiro sem trabalhar muito, sem economizar. A maior geração de pessoas que não quer estudas todos os dias, não lê os materiais, não levam lápis e canetas nas escolas ou faculdades. Não estão dispostas a estudar ou ter trabalho de 08h ou mais.
Passam horas na internet ou jogos. Não entendem porque seus pais são pobres, não ajudam em casa, não arrumam suas camas, não trabalham e acordam tarde e o pior, são visitas em sua própria casa e não curtem finais de semana em família. Estão dentro de casa e mesmo assim, não praticam diálogos saudáveis com os pais. Rola conversa pelo Whatsapp, mas pessoalmente são invisíveis e até inimigos.
Medo, é uma palavra que não existe nesta geração. Parece que a formação da 5ª série prevaleceu e se integrou ao nosso mundo atual.
Paz? Ninguém tem uma fé real, brigam por tudo, não aceitam as diferenças sociais. A famosa “inclusão”, não é possível, pois cada um tem uma visão sobre o tema. A inclusão é possível entre seus iguais. Como explicar uma sala de aula de 25 alunos e uma inclusão? Seria humanamente possível que o tratamento de educação seja igualitário?
Em uma empresa, a inclusão tem outros problemas, mesmo que tenham que os tratá-los de forma mais natural possível e não julgar suas limitações profissionais, sempre tem problemas de adaptações, o que causa desconforto.
A vida na terra está cada dia mais estranha, as pessoas não preservam a natureza, escolhem morar nos grandes centros, sujam as cidades com seus acúmulos de lixos diários, invadem propriedades alheias e causam danos, escolhem o crime a uma vida digna, roubam, xingam idosos, maltratam crianças, provocam danos morais e corporais nas mulheres, não respeitam o próximo, não trabalham as horas que foram acordadas, depreciam a natureza, praticam o preconceito, denigrem as imagens por mero prazer em destruir pessoas e seus sonhos, criam imagens mentirosas nas redes sociais, são egoístas, mesquinhas, cruéis e são capazes de enganar para conseguirem o que querem.
Depois de tudo isso, é possível ter paz na terra em que vivemos? Talvez, se pararmos de acreditar somente no que nos faz melhores que os outros, se pudermos ser melhores juntos, talvez a humanidade tenha jeito.
Se os pais pudessem ser mais flexíveis com seus filhos e amá-los como pessoas e não como propriedade, se os filhos amassem seus pais como pessoas e não como caixa bancários, se os chefes amassem seus subordinados como profissionais que estão em busca de uma melhor condição de vida e se os subordinados vissem seus chefes como aliados nesta busca. Se as religiões fossem respeitadas e se pudesse escolher qualquer lugar do mundo para praticá-la, sem medo do terrorismo ou retaliação, se......São tantas dúvidas e medos, que não, não é possível este mundo ter paz.
Primeiro a paz deveria ser algo que partisse de um para o coletivo. Afinal, paz é equilibro, tranquilidade e harmonia. Não pode prevalecer a paz em zona de inveja, ansiedade, conflitos sociais. Não dá para ter paz se acho que sou melhor que o meu próximo. Não dá para ter paz, se ponho fogo no quintal e esqueço que pode ter alguém em outro lugar que pode estar doente, lavado roupa. Ser feliz é não pensar no outro? Se for assim, a paz não nunca existiu, nem mesmo nas grandes igrejas ou templo do mundo. As diferenças religiosas esqueceram o protagonista principal que deveria ser: “Deus”.
Para que o mundo possa ter paz, é preciso redescobrir o amar o próximo. Sem julgamentos, sem preconceitos, sem racismo, sem lutas religiosas, sem hedonismo, sem protagonismos e assim, podemos encontrar um mundo melhor e deixar que as próximas gerações continuem a trilhar um caminho tecnológico, porém com a visão de melhorias para as pessoas, com erradicação das doenças, descobertas de novas vacinas e um mundo onde criança é criança e não trabalha e nem namora. Jovem estuda e acredita no amanhã e adultos tem mais qualidade de vida e saúde.
Eu sou Cida Vitório e acredito em um mundo melhor.