Biografia de Cecília Meireles

Cecília Meireles

Cecília Meireles (1901-964) foi uma poetisa, jornalista e professora brasileira, considerada umas das mais importantes escritoras do país, com mais de 50 obras publicadas

Cecília Meireles (1901-964) foi uma poetisa, jornalista e professora brasileira, considerada umas das mais importantes escritoras do país, com mais de 50 obras publicadas.

A obra poética de Cecília ocupa lugar singular na história da literatura brasileira por não pertencer a nenhuma escola literária.

Cecília Meireles

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de novembro de 1901, três meses depois da morte do pai. Antes de completar três anos perdeu a mãe, sendo criada por sua avó materna.

Em 1910, no fim do curso primário, Cecília recebeu medalha de ouro, das mãos de Olavo Bilac, por dedicação aos estudos. Cursou o magistério e começou a lecionar.

Carreira literária

Com 18 anos, Cecília Meireles publicou seu primeiro livro de poesias, "Espectro", onde reuniu 17 sonetos de temas históricos. Em 1922, Cecília Meireles participou da Semana de Arte Moderna. Publicou Nunca Mais... e Poemas dos Poemas (1923), Baladas Para El-Rei (1925).

Cecília Meireles contribuiu no Diário de Notícias, com artigos sobre educação. Criou a primeira biblioteca infantil do país. Seu interesse pela educação das crianças também se transformou em livros didáticos e poemas infantis. Criança, Meu Amor (1927), livro de prosa poética foi indicado para leitura nas escolas. Ou isso ou aquilo (1965), reúne poemas suaves que falam de sonhos e fantasias que povoam o mundo infantil.

A partir da década de 30, já conhecida e respeitada, passou a lecionar literatura luso-brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro e a dar cursos e fazer conferências em vários países, como Portugal e Estados Unidos. Eu interesse pelo Oriente a levou à Índia em 1953.

Características da obra de Cecília Meireles

Embora mais conhecida como poetisa, Cecília também escreveu crônicas e contos. A rigor, nunca esteve filiada a nenhum movimento literário. Suas poesias iniciais evidenciam certa inclinação para o Simbolismo. Essa tendência foi confirmada por sua participação na revista Festa, publicação de orientação espiritualista que defendia o universalismo e a preservação de certos valores tradicionais da poesia.

Toda a obra poética de Cecília Meireles significa uma viagem em busca do eterno. Cultivou uma poesia reflexiva, de fundo filosófico, que abordou temas como a transitoriedade da vida, o tempo, o amor, o infinito, a natureza e a criação artística.

Cecília Meireles foi uma escritora intuitiva que sempre procurou questionar e compreender o mundo a partir das experiências que passou com a mote dos pais, da avó que a educara, o suicídio do primeiro marido, a morte e a solidão.

Combatendo o desespero e o sofrimento, soube fornecer valiosas lições de vida e, no final de sua carreira, o livro “Solombra” (1963), aparece carregado das essências eternas e de valores transcendentais. Cecília Meireles faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964.

Acervo: 322 frases e pensamentos de Cecília Meireles.

Frases e Pensamentos de Cecília Meireles

Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

Cecília Meireles
Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

Nota: Trecho do poema "Desenho"

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Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecília Meireles
Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua.

Cecília Meireles

Nota: Adaptação de trechos de "Lua Adversa".

De longe te hei de amar – da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância.

Cecília Meireles
Antologia poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

Nota: Trecho de um poema.

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Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles
Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.