carrie
E as mulheres choram
os homens se perdem
o bar não abre
e eu preciso beber
para conseguir dormir
essa noite será longa
com milhares de lembranças
do meu amor perdido.
Nada conspira
ao meu favor
deixei de pensar em você
passei a pensar em outra pessoa
essa é minha vida
repleta de amores
que nunca se concretizam.
Não sei como será a próxima geração, mas tenho certeza que vai ser a que vai lotar os consultórios psiquiátricos.
Palavras
que não consigo dizer
elas estão presas
na minha garganta
e então
bebo
faço elas descerem
levadas com vinho barato
para então
pela manhã
elas voltarem para minha garganta
outra vez
talvez morrerei
no meio da noite
sufocada com elas.
Desculpe por
te chamar de meu amor
eu sei que você
acha isso bobo.
Desculpe por
preparar o café
e esperar você na mesa
eu sei
já ouvi muitas vezes de você
que isso é uma forma
de criar laços.
Desculpe por
olhar você enquanto dormi
eu sei que eu
deveria fazer o mesmo que você
que se levanta da cama
sem falar nada
e simplesmente se vai.
Desculpe por
sair essa manhã
mesmo você pedindo para
eu esquecer tudo
e continuarmos como estamos.
Desculpe por
Rejeitar essa oferta
uma pessoa como eu quer alguém
que goste de coisas bobas
que crie laços
e que me diga "Eu te amo"
pelas manhãs.
Eu preciso beber, sabe? É como se as coisas fizessem mais sentido quando estão girando loucamente. Tudo tão quente, me trazendo de volta para uma manhã de verão, com os meus sete anos, admirando a beleza de um lugar que eu nunca veria novamente. Os gatos enlouquecidos corriam pelas calçadas com seus pelos macios, e as pessoas sorriam de um modo que o mundo poderia acabar ali. Infelizmente, ele não acabou.
Talvez seja um efeito borboleta
Talvez tenhamos que ser infelizes
Talvez nos poucos momentos que somos felizes
Um desastre ocorre em alguma parte do mundo
Talvez a culpa seja realmente minha no final das contas. O fato de querer o que nunca poderei ter, de ser algo que nunca vou ser, de amar alguém que nunca irei alcançar. Eu repetia para mim mesma, repetia que seria uma boa pessoa e nunca o magoaria, que iria faze-lo feliz. Mesmo se fosse preciso esconder o meu “Eu” verdadeiro. Infelizmente, minha loucura não poderia ser controlada, eu não poderia fazê-lo feliz, e após ter a minha ilusão quebrada pela sua partida em uma noite agitada, eu finalmente entendi quem eu realmente era, deixando assim a loucura e amargura tomar conta do meu coração, tornando-me capaz de não amar mais ninguém. E a partir do momento que tornei-me capaz de não sentir amor, deixei de ser humana.
E lá estava o amor da minha vida. Aquela realmente teria sido a melhor hora de ter tido uma visão, então, sem hesitar, eu teria dado a meia volta e, se tivesse sorte, nunca mais iriamos nos encontrar. Infelizmente, seja destino, acaso ou uma simples conspiração do universo, teríamos que chorar um pelo outro em um futuro próximo. Conversamos a noite toda, até que, em determinado momento, as conversas viraram bla bla bla e seu sorriso era a única coisa que me chamava a atenção. Eu percebi que algo estava errado comigo, porém, não queria ver. Eu era jovem, essas coisas pareciam complicadas demais para mim, mas na juventude somos teimosos, mesmo que aquela seja a rota errada, insistimos loucamente em se apertar naquele caminho estreito, sentindo dores por completa teimosia. E você? Você não ajudava nem um pouco, me devorando com seus olhos, desejando algo que eu não podia lhe dar. E de tanto me encantar com a sua gentileza, eu fingi que poderia. Uma pena. Para você, e para mim.
Então, depois de uma terceira sensação total de êxtase em uma noite, onde apenas eu era a minha própria companhia, veio o arrependimento. Imagens do inferno invadiam minha mente, junto a sensação de ficar para trás, presenciando o Armagedom, enlouquecendo em uma casa vazia, e embriagado sobre os escombros do mundo.
Eu precisava sobreviver, mesmo que significasse destruir meus sonhos. Não era uma tarefa fácil. Todos os dias eu sentava no sofá, imaginando que no meio da sala vazia, uma corda balançava lindamente, com seu laço perfeitamente feito para uma forca. Eu a admirava, como se estivesse reencontrado o meu amor perdido, agora uma memória na estante.
Eu não entendia esse tal de amor, era como mil raios partindo os quatro cantos de um mundo dentro do meu coração.
Era uma fantasia, uma embriaguez causada por altas doses de whisky misturado com ilusões de um possível retorno seu.
Eu gostava de uma banda ruim, um gosto estranho ou uma forma de ir contra a sociedade moderna. Nunca entendi o motivo de você ter passado a apreciar aquela melodia repetitiva feita nos anos 90. Isso não impediu os Discos quebrados anos depois. Você não conseguia ouvi-los sem chorar, enquanto eu passei a vê-los apenas como uma banda ruim.
Eram tempos complicados, mas tínhamos esse lugar em um canto esquecido. Diálogos e risadas sobre tabus entrelaçados em nossas mentes jovens. De alguma maneira, encontrávamos a felicidade em meio a penúria. Quiça, a vida tinha mais sentido nas dificuldades.
Sabendo que acabaria, eu tentei achar uma solução. Não importava o quão cedo iriam os bons momentos, estávamos conectados, esperando a próxima alvorada, sentindo o cheiro do mistério de um dia que não era dia e de uma noite que não era noite.
Consideravam-me ruim, eu adorava isso. Não me assustava os comentários ou olhares de reprovação, a liberdade me bastava, a única que seguraria minha mão para uma dança no grande baile de máscaras que é o mundo.
Te amo, mesmo ao mergulhar no desconhecido da tua mente, te amo não entendendo tuas questões, te amo navegando em um mar revolto que é teu coração, te amo na embriaguez e na sobriedade, te amo e isso basta. Assim, te encaro no quarto. É apenas uma foto.
Ela veio em mais uma noite, essa mistura de tristeza e frustração por tentar alcançar o inexistente, uma perfeição encontrada nas mais belas ficções. Eu insistia em dizer o quanto eu as odiava, toda a sua facilidade em lidar com as mais complicadas questões me enojava. Era mentira, apenas sentia inveja por não poder viver algo tão encantador. Eu nunca abraçaria alguém em uma plantação de trigos dançantes ao vento. Ninguém prometeria ficar.
