Carpinteiro de Poesia

Encontrados 21 pensamentos de Carpinteiro de Poesia

Escrevi cartas que nunca as enviei, umas, eu guardei, outras, incinerei.

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Eu-Sou o antídoto para o veneno de minha própria cobra.

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quanto mais grito menos escuto: mais vazio me sinto quanto mais espaços ocupo

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não peço a deus que me evite fraquezas: eu o agradeço por elas

amor eu escrevo a lápis: é mais fácil de apagar

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nunca ter estado num lugar não é nunca lá ter ido
...
nunca ter estado é nunca ter sentido
...
sem ter estado há o sentido mais sentido
...
ainda mais sentido é o sentido de nunca ter estado tendo estado
...
é estar-se sentido
...
sentir-se estar-se
...
des-sentido
...

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Nós, os poetas, olhamos para as palavras como se nelas não se pudesse conter a essência das coisas, depois, limitamos a vida ao significado do verbo que não
pronunciamos, no segredo desvelado, rebelamos a alma que não se orienta na pedra filosofal do entendimento, nós os poetas olhamos para o poema como se ele não existisse e por isso tornamo-lo absoluto, o que há de sublime no sentido é o que não percebemos, nós, os poetas não falamos com Deus porque já nascemos no eterno, o que de nossa ãnima permanece é o símbolo do corpo, um caráter, um som, uma aliteração e mais qualquer coisa que não comunicamos com a poesia, nós, os poetas, sentimos o desconhecido como se já o compreendêssemos, pois temos a alma sem um conceito, somos vagas nebulosas, rastos estrelares, poeiras cósmicas, em nosso poetar.

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amor é mar, paixão é praia
e razão, deserto

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estradas
em que me perdi
caminhos
de bem-te-vi

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⁠o faminto come
PUB(l)cidade
consome imagens
& montagens

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⁠Os sermões de Vieira
pregam pinto às carreiras.

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dai à crase o que é da frase
e ao Cristo, o cisco
no olho caolho de Camões

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⁠a palavra
dita
edita
medita

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⁠A poesia
é a serventia da alma.

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Escrevo sobre húmus, mucosas, orifícios e tabus. E gosto de escritores andarilhos.

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⁠⁠Minha escrita tem a estética líquida de um rio que me pariu.

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⁠A arte, como a poesia e a música, é uma forma inequívoca de traduzir a dor, e a glorificá-la, enquanto memória do eterno.

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O amor é veneno que escorre por entre os lábios à fenda da boca.

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⁠Desconheço a palavra visceral, embora a escreva.
Se redundasse, esvisceraria.

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⁠Faz-se a si, assim, sem saber-se, sendo, com rastos e restos, e as sobras destas obras.

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⁠Ando surdo para leituras e calado para declamações, mas desenho ao vento e no seu invisível crio um poema a vácuo.

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