Caroline Graciano
Esses dias ouvi aquela expressão “Figurinha repetida não completa álbum.” Eu ri. Ri porque já disse tanto essa frase, que nunca parei para pensar no quão tola ela é. Não, eu não preciso ficar com várias pessoas para poder me sentir completa. Não é bem assim que a banda toca. Pensei, e novamente sorri. E foi ai que compreendi; mulher de verdade não precisa de um álbum completo, e sim de uma figurinha premiada.
Hoje me embriaguei de lembranças suas. Me permiti reviver, mesmo que apenas em pensamentos, cada momento ao teu lado. Hoje, pela primeira vez em 3 meses, procurei noticias tuas, mas o que eu soube, não foi bom. Mas eu precisava saber algo, mesmo que fosse pouco. Uma pena né? Que a gente procure saber as coisas só pra se machucar mais.
Porque tu não vens logo? Eu te espero, mas tu não apareces. Será que não queres fazer parte de minha vida? Logo tu que tantas vezes me jurou amor eterno. Será que se cansou, como os outros? Será que depois de tantas juras, acabou descobrindo que teu amor não passava de um engano? E então tu me enrolas, e não vem. Parece não escutar meu chamado. Ou talvez até escute, mas se finge de surdo. Será? Será que Jamais virá? Será que minha espera é totalmente inútil? Bom, se é inútil não sei, mas continuarei a te esperar, esperarei por quanto tempo for necessário, e se por acaso sentires vontade de vir, venha! Não se acanhe, não tem medo, eu nasci pra ti, e tu nasceu pra mim, e ponto. Não tenhas receios, pois estou a sua espera. Mas, por favor, não demores, pois tenho sede do teu amor, aqui, agora, com urgência. Então venha pra mim, meu amor.
Eles brigavam, não se entendiam e sempre discordavam. Eles eram diferente, muito diferentes, totalmente diferentes. Mas nessa diferença toda, residia um sentimento único. Eles se completavam, ou melhor, eles se somavam e o resultado era incrível, só eles não enxergavam isso. Mas um dia, em meio a tantas discussões sem motivo os seus olhares e se encontraram e ali estava estampado o amor, e quando é assim, não dá pra disfarçar , nem discordar, só podemos deixar acontecer.
Ela acorda, se olha no espelho e tentar sorrir. Um sorriso meio que assim forçado, sem muita graça, nada sincero. Mas ela fica ali enfrente o espelho ensaiando esse sorriso. Sorriso esse que ela dará como resposta a todos os “você está bem?”, sorriso esse que oculta a verdadeira dor e a agonia que se passam dentro daquele pobre coração.
Eu finjo e finjo bem. Finjo que não ligo, que não me importo se você está ou não bem. Finjo que não te amo, finjo que não sofro ao te ver nos braços dela. Finjo que não faz diferença e que não fico mais balançada quando te vejo. A verdade é que eu finjo muito e fingir, por mais que não pareça, dói e dói demais. Mas eu? Bom eu finjo que não dói também.
O problema é que dói. Sufoca. Machuca. Incomoda. Mata. Sim, mata aos poucos. Tortura. Uma morte lenta e dolorosa. E uma morte silenciosa, para o mundo, claro. Porque pra você ela grita. Grita, machuca, te corrói, como ácido sulfúrico correndo em suas veias. E você sorri. Você finge ignorar, enquanto está sendo destruída. "Olá, tudo bem?" "Vamos tomar um café? Saudade de você." "E aí, resolveu aquela situação?" "Então, é que as coisas andam difíceis..." O mesmo diálogo. De novo? DE NOVO? Não, calma aí. Mais uma vez? Parece um déjà vu, daqueles chatos de filme cliche que passa na sessão da tarde. Respira fundo. Engole o choro. A cena continua a mesma. Tem roteiro e script, inalterados. Quatro meses de repetição. Quantos mais? Cinco? Dez? Um ano? Dois? Respira. "Tudo bem então, vamos esperar." Fim de diálogo. Vai pra casa. Chora no travesseiro. Uma, duas, três vezes. Liga pra amiga. Chora de novo. Mais uma vez. Reclama. Telefone apita. Mensagem. "Me preocupo com você, me desculpa." "Tudo bem, sem problemas. Te amo." Silêncio. Desliga. E dorme. Dorme fingindo estar tudo bem. Dorme com o peito em chamas, queimando de dor. O coração despedaçado, a cabeça a mil. Dorme com o peso do mundo nas costas. O medo do futuro incerto sufocando a garganta. E assim segue. Quatro meses de repetição. Quantos mais? Cinco? Dez? Um ano? Dois? Respira. Você não aprende mesmo, menina.