Caroline Ferri
Em um daqueles dias que tão pouco sei sobre o futuro, mas que estou pensando nas possibilidades do que poderá acontecer.
Aproveitar a vida está diretamente ligado ao quanto nos permitimos viver e naquilo que acreditamos poder alcançar. Vivo pela minha diferença, pela diferença que posso fazer aos outros. Por igualdades já basta tantos! E vivendo nessa diferença torço para que um dia você enxergue o mundo com um tanto mais de liberdade e permissão, afinal de contas somos nós que nos permitimos e nos privamos de viver certos momentos. Ninguém mais.
Optei pela mudança. E pela simplicidade também. Afinal de contas, nada se leva daqui, mas não é bem por esse motivo. Optei pela simplicidade, pois a vida é mais fácil e prática quando se decide ser simples e agir de forma simples sobre ela. Sei que o infinito espera por todo mundo, e esta foi a forma que eu encontrei para um dia chegar até ele.
Oportunidades são como estrelas cadentes: Se você não estiver atendo ao céu para ver quando essa raridade passa, perde a chance de arriscar um pedido.
Somos temporários, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, perante a vida. Outra forma de dizer que nada é eterno.
O barzinho do além-vida.
Há três anos ir ao cemitério, principalmente em dia de Finados, passou a ter um significado diferente para mim. Antes disso, eu ia por conveniência, ia porque mãe e pai diziam que eu tinha que ir, não porque me agradasse tal feito. Hoje, a escolha é minha e faço questão de estar lá, pois, seja a vida irônica ou não, vou lá justamente para visitar o suposto lugar em que meu pai descansa "fisicamente". Cemitério nada mais é do que um memorial físico, já que as verdadeiras memórias transcendem no sentimento.
Ao contrário do que se esperaria de alguém que vai ao cemitério para visitar alguém que muito amava, não sinto tristeza ao ir lá. Sinto uma energia negativa, é verdade, afinal de contas tal lugar se constitui basicamente de lágrimas derramadas e de despedidas.
Ir ao cemitério é como estar em uma roda de amigos, ao menos é o que sinto quando lá estou a visitar o memorial do meu pai. Inicio uma conversa mental com ele, contando tudo o que houve de interessante nos últimos tempos da minha vida e da família que ele deixou por aqui. Algumas lágrimas caem, é inevitável, mas não por uma dor profunda ou tristeza específica. Isso passou. E no lugar disto, veio a nostalgia, a saudade. Nessa conversa acabo tendo para mim que poderíamos estar em um barzinho, o barzinho do além-vida, no qual, por mais que o tempo passe, continuaríamos em contato, sabendo um do outro e seguindo juntos, embora evidentemente separados. E nele comemoraríamos as coisas boas, os sonhos realizados, os lugares que conhecemos. Daríamos risadas e compartilharíamos o quanto inusitado é viver, e o quanto irônico é morrer.
A vida possui algumas vértices que fogem à nossa escolha. Quem ela escolhe para ir embora, sempre vai embora cedo demais, e nós aqui é que aprendemos a lidar com o nosso dia-a-dia sem mais ter certas pessoas por perto.
Sei que aproveitei a companhia do meu pai enquanto ele estava vivo. Mal sabia eu que existia a possibilidade de ele ir embora tão cedo. É claro que eu queria ter aproveitado muito mais, mas do pouco que me foi possível eu agradeço, pois talvez seja isso que me faça encarar o dia de Finados e as visitas ao cemitério como uma roda de amigos estando em um barzinho, pois assim éramos enquanto ele estava vivo.
Cemitério nada mais é do que um memorial físico, já que as verdadeiras memórias transcendem no sentimento.
Sei que por dentro pulsa um coração muito mais rapidamente do que possível fosse para mim controlar.
A vida vai se transcendendo em uma coleção de passagens, num ritmo inconstante. Estive consciente o tempo todo de que me apegar era uma má ideia. E até mesmo odeio antecipar um adeus. A gente nunca tem realmente como prever esse tal de futuro. Talvez essa se constitua como a maior preocupação.
Só que eu tenho esse coração que sonha na velocidade das suas batidas, nunca para, sempre acelera, vive num agito constante. Tento me justificar, mas não quero que entenda, pois isso deve ser difícil. Mais fácil pedir que aceite. Não peço permissões, pois sei que sou livre, sempre voei, não são quatro meses que cortariam as minhas asas.
Vou sentir saudades, embora esse ainda não seja um adeus de verdade, mas o meu sonho é muito grande, distante do lugar onde estou, e a minha vontade de vivê-lo ultrapassa o meu cansaço ou nervosismo. Ultrapassa os últimos elos que consolidei.
Só que eu tenho esse coração que sonha na velocidade das suas batidas, nunca para, sempre acelera, vive num agito constante.
A expectativa só aumenta para o final de ano. Praticamente um mês para o Natal. Fica redundante dizer que também acho que 2013 "já deu o que tinha que dar". Mas penso que o meu "estopim" de stress foi no começo desse mês. Desisti dessa vibe, desisti de tentar manter um ritmo que essa finaleira de novembro já não me permite. Focar no stress faz com que eu me sinta improdutiva. Acho que resolvi adotar aquela teoria do suspirar, concordar com a cabeça e voltar para atividades que não me agreguem muito esforço. Sim 2013, tô cansada também!!
Todo mundo tem um "lado" podre na vida, porém o que faz com que continuemos a admirar outra pessoa não são somente as coisas maravilhosas que ela faz, e sim o jeito como lida com o lado podre da vida que tem. E, confesso, esse jeito de lidar é o que faz com que a gente se decepcione com pessoas que costumávamos admirar muito. Hard, but true.
Às vezes o motivo que faz com que mais tenhamos vontade de ficar é justamente aquele pelo qual devemos ir embora.