Carolina Canalis
Os amores são belos porque são finitos e deixam aquele “quê” de saudade, ninguém gosta de nada que permaneça intacto para sempre.
O imortal é tedioso, sem cor e sem graça. O coração é criança e não se atem a nada que não brilhe, não ilumine e seja saboroso
Quando as coisas se perdem nas lâminas da rotina e o que fazia rir já não tem graça, significa que o prazo expirou. E por mais que você insista em remendar os rasgos feitos pelo tempo, o coração não tem vontade de brincar mais.
Porque o fim prevê um novo começo, um novo caminho, novo ânimo, novos ares, novas pessoas. Começar é outro grande espetáculo da vida!
Eu não consigo viver com a sensação eterna de fim eminente, como se a qualquer momento você me fosse escapar pelos dedos.
Não se estenda por mais cinco minutos porque de fração em fração você bagunçou minha vida e me virou do avesso.
Não me diga até logo se não tem a pretensão de voltar em breve. Não se despeça como se amanhã ao acordar eu ainda fosse te ter ao meu lado. Não seja leviano de sair da minha vida como se estivesse saindo para ir à padaria.
Não se atreva a criar expectativas que limitam as minhas ações ao seu bel prazer. Não me faça te esperar quando você sabe que não vai voltar.
Um arrepio me desce pela espinha e sinto meu coração comprimido em uma dor imensurável. Fecho os olhos e faço um pedido: “traga ele de volta porque tudo o que eu tenho é o seu amor”
Apago a luz, deixo a nossa música tocando e me aninho na cama. O silêncio cresce entre as paredes e o quarto que outrora foi pequeno pra tanto amor, agora me parece infinitamente grande e vazio.
Vejo-te assim, entre os dedos, sinto vontade de curar-te a alma, tirar o pó dos teus sonhos, re-harmonizar a sintonia da tua vida.
Olho-te outra vez e percebo lágrima em seus olhos, como alguém pode suportar ser o motivo do teu choro? Com cautela me aproximo dos teus lábios e dou-te um beijo na tentativa vã de fazer-te sorrir. Hoje não. Bem sei que hoje não.
Vejo-te e guardo-te, assim em um lugar onde a qualquer momento eu possa rever. E aguardo, na esperança de ver um sorriso brotar em teus lábios.