Carmen Laforet
Mas, não sei por quê, não consigo amar a natureza; às vezes ela é tão terrível, tão áspera e altiva... Acho que perdi o gosto pelo colossal. O tique-taque dos relógios desperta mais os meus sentidos que o vento nos desfiladeiros.
Eu então percebia, pela primeira vez, que tudo segue, desbota, estraga enquanto a vida continua. Que não existe final na nossa história até que chega a morte e o corpo se desfaz.
Comecei a seguir – uma gota num rio – a massa humana que, carregada de malas, afluía para a saída. Minha única bagagem era uma malona muito pesada – porque estava quase cheia de livros – que eu mesma levava com toda a força da minha juventude e da minha ansiosa expectativa.
Gosto de pessoas que veem a vida com olhos diferentes dos demais, que consideram as coisas de maneira diferente que a maioria.