Carmélio San
Eu me contradigo e digo: não há nada mais humano do que a contradição. O que eu disse ontem eu desdigo. E o que eu disse hoje já não direi amanhã. (Para meu amigo César de Tambauzinho)
Tudo na vida social é política. De um "bom dia" a um "boa noite". De um "eu te amo" a um "te odeio". Quem domina isso domina o seu mundo.
A muitos cobristes de honra, prata e vinho / A muitos destes banquetes e carinho / E a muitos deixastes pelo caminho / Com amores tolos, elogios e benesses/ Mas nunca tivestes o trabalho de agradecer com uma prece/ Aquele que te acolherá no teu último lugar / E que será o teu último companheiro / Pois hoje pensa em visitar / Aquele que irá te repousar / Aquele que será o teu coveiro (Carmélio San)
PARA MINHA LÁPIDE
Quem tiver sido meu amigo verdadeiro / Na alegria, na tristeza ou na desgraça / Na escassez do vinho ou no acúmulo / Faça-me agora ao menos uma graça / Mije bem em cima do meu túmulo
Soneto para Ela
Naquela quase manhã primaveril / num dia vinte e cinco qualquer / ainda sem pandemia nem nada / era um novembro tardio
Tinha nada a dizer / Encontrei um contato na agenda/ Lenda urbana existe / lembrou-me logo você
Lentamente vi que era sábado / domingo não era era não / vivia de "bar em bar" / como Cazuza dizia, naquela Linda canção
Vá, coragem, pensei comigo mesmo: falo ou não falo? Garçom! pedi a conta e perguntei aleatoriamente: falo? Ele respondeu: sim, sincera e simplesmente.
Não há nada mais obsoleto do que a tecnologia / Nem mesmo a tua filosofia vã / O que eu ela foi ontem não é hoje / E o que ela é hoje já não será amanhã.