Carlos Literato
Quem dera eu encontrasse o meu lugar,
Meu aconchego, meu descarrego, meu lugar de sussego;
Quero paz comigo mesmo, e guerra,
Conflituoso e amoroso,
Quero paz e quero guerra;
Preciso entender o que há no meu ser,
Essa falsa paz que me corroe por dentro,
É guerra, que vem pra me purificar e dar alento;
Porque na dor é que se aprende
a dar valor,
É ali que se aprende admirar uma flor,
Ela é meiga e doce, mas tem a sua proteção no espinho,
Ela alegra e fere, e me faz encontrar o meu caminho;
Foi nela que encontrei o que mais precisei,
O amor e a dor, a paz e a guerra.
Estamos sempre pagando o preço.
O preço da afã.
O preço da morosidade.
O preço do orgulho.
O preço do amor-próprio.
O preço por deixar pra amanhã o que poderia ter feito hoje.
O preço por falar... é até o preço por ficar calado.
Sempre há um preço a pagar, e a vida sempre vai cobrar; mais cedo ou mais tarde a conta vai chegar...
Então, já que é pra pagar, pague por algo que valha a pena, algo que deixe mais brilhante a sua existência.
Existe uma guerra que está oculta, velada e silenciosa; é a guerra do homem contra si mesmo, contra seus medos e suas neuroses e suas limitações.
A CONSTRUÇÃO DO MEU SER
Pensei que havia terminado a construção do meu ser, mas me enganei; faltavam pedaços que ainda não havia encontrado, palavras que ainda não havia falado, e lugares que ainda não havia visitado.
Há algo que me falta, e existem coisas em mim sobrando; a escassez me oprime e o excesso me deprime.
Não sou ouvido de ninguém, mas observado por muitos; minha fala é suprimida, mas meu pranto desperta até os dormentes.
Sonho com a verdade e encontro a mentira; ouço falar de amor, mas só encontro dor.
Então o meu ser vai se acabando, antes de terminar, vai se desfazendo; morrendo e sobrevivendo.
Mas a esperança que há em mim não morre, ela é o que ainda me socorre, ela é o meu motivo pra viver.
-Carlos Literato