Carlos Eduardo Soares Ibaldo.
No fim das contas...
...no fim das contas você aprende que o fim foi apenas o começo, e que viver é assim, passar por momentos em que a escuridão parece não mais acabar, enquanto o raiar do novo dia está logo ali.
Eu tento contar as estrelas enquanto te espero, acho que assim o tempo passa mais rápido por mim e te trás mais depressa aos meus braços. Meu olhar se perde no infinito negro do céu em uma noite estrelada, os pontos brilhantes quase me confundem nessa imensidão toda. Ora penso estar vendo a Ursa menor, ora penso estar vendo meu futuro ao seu lado. Dizem que as estrelas falam do que passou, dizem que o que vemos no céu não é mais como vemos, dizem que a luz demora tanto pra chegar que quando nos trás a imagem, o que a gerou já se desfez, eu porém, não acredito que isso funcione para nós, pois quando um dia eu sofri, ali mesmo eu já te vi, e até saudades eu senti, sem nunca ainda ter estado aqui.
Sinta saudade do que ainda não pode viver. Sinta falta do que ainda não esteve em suas mãos, e assim, sinta o que eu sinto ao pensar em nós. Uma brisa fria escorrega em meu rosto à luz do luar, aqui fora o silêncio é a voz da solidão. Algo parece se mexer no céu, pode ser a impressão ilusionista de um amante apaixonado, ou talvez um simples satélite passando entre mim e as estrelas como se fosse o tempo entre mim e ela. Não desvio meu olhar, não mudo meu foco, as batidas do meu coração me lembram a todo instante que viver é minha saída para não ter a morte lenta dos solitários. Sinta saudade agora do amanhã, e quando chegar o amanhã, me abrace com toda força, como quem nunca mais irá largar, sou o homem claro que veio da terra do nunca, sou um Peter pan moderno, onde as palavras existem como bússola e a desilusão passada como âncora para nunca mais cair no mesmo erro.
São tantas contas que precisamos para saber qual constelação está no céu. De norte a Sul, de paralelos à distâncias longitudinais o maior desafio é saber chegar no final das contas. Você espera que tudo seja como num filme, você espera que tudo caia do mesmo céu de onde se penduram as estrelas, mas não, não é nada disso. Você deve calcular, você deve suportar, erguer seus olhos e por distâncias inimagináveis viajar com eles, e dentro de sua própria imaginação chegar ao cálculo que mais te aproxime da realidade em que está seu coração. O resultado não deve ser menor do que uma entrega total. O resultado não pode ser maior do que o espaço que lhe cabe na folha. O resultado parece ser o fim, mas no fim das contas você aprende que o fim foi apenas o começo, e que viver é assim, começar uma nova história, mais bela que todas já foram, e desejar que no momento de escuridão, dessa vez, você espere o dia raiar novamente...